ENOQUE
Pelas escrituras, no pré-dilúvio, sendo ele a sétima geração depois de Adão (Gen, 5, 23), Enoque teve um filho, Matusalém aos 65 anos, e andou com Deus durante mais 300 anos. Ouviu de Adão a narrativa da triste queda (Adão = raça primitiva advinda a este planeta, expulsa de outra constelação).
Ao ver-se pai, compreendeu as obrigações de um filho de Deus e meditou profundamente sobre o infinito amor de Deus. Foi dentro da família, como esposo, pai, amigo, cidadão que se mostrou servo do Senhor inabalável. De extenso saber, fazia revelações de Deus, seu estado de comunhão era perene. Angustiado pela crescente iniqüidade dos ímpios, temendo que a deslealdade deles pudesse diminuir sua reverência para com Deus, apartava-se, ficando em meditação e oração.
Através de anjos, foi-lhe revelado que Deus tinha o propósito de um dilúvio e um plano de redenção. Pela Profecia, as gerações que viveriam após o dilúvio conheceram-no.
Enoque foi pregador da justiça, sendo procurado por todos os que temiam a Deus para que partilhasse os conhecimentos. Seus labores não se restringiam aos setitas. Na terra em que Caim procurara fugir da presença divina, Enoque tornou conhecidas as maravilhosas cenas (nos dias de hoje, podemos lê-lo nos manuscritos do Mar Morto) que passavam diante de sua visão: “Eis”, declara, “que é vindo o Senhor com milhares de Seus santos, para fazer juízo contra todos, e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade”, (Jud 14 e 15).
O poder de Deus fazia-se sentir. Muitos atendiam às advertências, outros zombavam. Enoque instruía e advertia o povo durante um período, depois passava tempos em solidão, em sua comunhão com Deus e, quando destes períodos saía, mesmo os ímpios contemplavam com admiração a impressão celestial em seu rosto.
Batalhou fielmente contra o mal prevalecente até que Deus o removeu do mundo. Enoque “foi trasladado para não ver a morte,... visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus”. (Heb 11, 5)
Esta foi uma das vidas em que o Pai Divino não deixou corpo.
“A Raiz do Profetismo está nos Vedas, pois foi lá que o foi buscar Henoch, o Grande Patriarca de antes do dilúvio, antes do desaparecimento da Atlântida. O que chamavam de poderes ocultos e transcendentais, nada mais era do que o Mediunismo ou culto das faculdades mediúnicas.
Ainda que fosse por mero respeito às nossas mesmas encarnações remotíssimas, muitos dos que ora se julgam espíritas, pelo simples fato de conhecerem quatro ou cinco sentenças de última hora, deviam lembrar o Profetismo Histórico, e deixar na mente atacanhada um lugarzinho para esse preito de gratidão.”(Bíblia dos Espíritas)
O Livro de Enoch
O Livro de Enoch foi retirado do corpus bíblico por ser apócrifo, e isto comporta duas acepções, tanto a de oculto, quanto a de ser pouco confiável. É preciso lembrar que os sucessivos concílios mudaram muito a estrutura dos textos que figuram na Bíblia, e que inclusive cerca de três mil alterações foram introduzidas quando da publicação da Vulgata. Embora este livro tenha sido retirado da oficialidade canônica, não deixa de ser citado muitas vezes (Lucas 3, 37; Hebreus 11, 5; Eclesiástico 44, 16 e em 49, 14). Foi no século XVIII que um viajante inglês reencontrou esse Livro, numa versão etíope de boa qualidade. Quanto à redação original, os exegetas estão de acordo quanto à possibilidade de ter ocorrido por volta do século III antes de Cristo.
Alguns trechos:
“Esses anjos me revelarão todas as coisas e me darão a inteligência daquilo que jamais vi, que não deve ocorrer nesta geração, mas numa geração afastada, para o bem dos eleitos. Foi por eles que pude falar e conversar com aquele que deve deixar um dia sua celeste morada, o santo e todo-poderoso, o Senhor deste mundo. Que um dia deve pôr em convulsão o pico do Monte Sinai, aparecer em seu tabernáculo e se manifestar com toda a força de sua celeste potência. Todos os vigilantes serão surpreendidos, todos ficarão consternados. Todos serão tomados pelo medo e pelo espanto, mesmo nas extremidades da terra. As altas montanhas serão sacudidas, as colinas elevadas serão deprimidas, escoar-se-ão diante de sua face como o círio diante da chama. A terra será submersa e tudo aquilo que a habitar perecerá, ora, todos os seres serão julgados, mesmo os justos. Mas os justos obterão a paz, Ele conservará os eleitos e sobre eles exercerá sua clemência. Então tornar-se-ão propriedade do Senhor Deus, e serão por Ele cumulados de felicidade e bênçãos; e o esplendor da Divindade os iluminará.” (1, 2-8)
“Então os eleitos receberão a sabedoria, e não mais haverá transgressão, nem impiedade, nem orgulho; mas conduzir-se-ão com prudência, humilhar-se-ão e não mais violarão os santos mandamentos” (6, 11). “A terra será liberada de toda corrupção, de todo crime, de toda punição, de todo sofrimento e não mais terá a temer de mim um dilúvio exterminador” (10, 27).
“E eu, Enoch, apenas eu, vi o fim de todas as coisas, e não foi permitido a ninguém vê-lo como eu”. (18, 3)
“Eis os nomes dos anjos que velam. Uriel, um dos santos anjos, que preside aos gritos e ao terror. Rafael, um dos santos anjos, que preside ao espírito dos homens. Raguel, um dos santos anjos, que pune o mundo e os luminares. Miguel, um dos santos anjos que preside à virtude dos homens e comanda as nações. Sarakiel, um dos santos anjos que preside aos filhos dos homens que pecam. Gabriel, um dos santos anjos que preside Ikisat, ao paraíso e aos querubins”. (19, 1-7)
“Então interroguei-o acerca do juízo universal e disse-lhe: Por que uns são separados dos outros? Respondeu-me ele: Há três classes distintas para os espíritos dos mortos, três classes entre os espíritos dos justos. Essas classes distinguem-se por um abismo, pela água e pela lua acima da água. Os pecadores são igualmente classificados, após sua morte são depostos na terra, se o julgamento não os preveniu enquanto vivos”. (21, 9-11)
“...Era semelhante ao tamarineiro, e seus frutos de uma beleza notável, à bagos de uva; seu perfume rescendia pelos arredores. E gritei: Que bela árvore! Que espetáculo delicioso! Então o anjo Rafael, que estava comigo, respondeu-me: Esta é a árvore da ciência, de que comeram teu avô e tua avó; seus frutos os iluminaram, seus olhos foram abertos e após terem percebido que estavam nus, foram expulsos do Paraíso terrestre”. (30, 5)
“Lá, vi então o Ancião dos Dias, cuja cabeça estava como que coberta de lã branca e com ele, um outro, que tinha a figura de um homem. Esta figura era plena de graça, como a de um dos santos anjos. Então interroguei a um dos anjos que estava comigo e que me explicou todos os mistérios relativos ao Filho do homem. Perguntei-lhe quem era ele, de onde vinha e porque acompanhava o Ancião dos Dias. Respondeu-me nestas palavras: ‘Este é o Filho do homem a quem toda justiça se refere, com quem ela habita, e que tem a chave de todos os tesouros ocultos; pois o Senhor dos espíritos o escolheu preferencialmente e deu-lhe glória acima de todas as criaturas. Esse Filho do homem que viste arrancará reis e poderosos de seu sono voluptuoso, fá-los-á sair de suas terras inamovíveis, colocará freio nos poderosos, quebrará os dentes dos pecadores. Expulsará os reis de seus tronos e de seus reinos, porque recusam a honrá-lo, de tornarem públicos seus louvores e de se humilharem diante daquele a quem todo reino foi dado. Colocará tormentos na raça dos poderosos; forçá-los-á a se deitarem diante dele. As trevas serão sua morada e os vermes serão os companheiros de sua cama; nenhuma esperança para eles de sair desse leito imundo, pois não consultaram o nome do Senhor dos espíritos.” (44, 1- 4)
“Nesse dia, as preces dos santos subirão da terra até o pé do trono do Senhor dos espíritos”.(45, 1)
“Nesse tempo vi o Ancião dos Dias sentado no trono de sua glória. O livro da vida estava aberto diante dele e todas as potências do céu se mantinham curvadas diante dele e ao seu redor. Então o coração dos santos estavam inundados de alegria, porque o tempo da justiça era chegado, a prece dos santos havia sido ouvida e o sangue dos justos havia sido apreciado pelo Senhor dos espíritos.” (45, 3-4)
“Nesse tempo, percebi a fonte de justiça que jamais se esgota e donde emanam u’a multitude de pequenos riachos que são os ribeiros da sabedoria. Ali, tudo que tem sede vem beber e se encontra subitamente pleno de sabedoria e estabelece sua morada com os justos, os eleitos e os santos” (46, 1)
“Nesses dias, o Eleito sentar-se-á em seu trono, e todos os segredos da sabedoria e da inteligência escapar-se-ão de sua bica; pois o Senhor dos espíritos dotou-o de uma glória eterna”. (49, 3)
“Agora escutai o mistério que vos concerne; muitos pecadores corromperão e falsearão a palavra da verdade. Pronunciarão más palavras, mentirão, comporão livros nos quais depositarão os pensamentos de sua vaidade. Mas se aí depuserem as minhas palavras, não as mudarão, nem as alterarão, mas escreverão com exatidão que disse a respeito deles, desde o princípio. Vou revelar-vos ainda um outro mistério: Livros de alegria serão dados aos justos e sábios, e acreditarão nesses livros que conterão as regras da sabedoria. E rejubilar-se-ão, e todos os justos serão recompensados porque aprenderam a conhecer todas as vias da eqüidade”. (102, 7-12).