D
E U S
Eu
Sou a Essência Absoluta, Sou Arquinatural,
Onisciente
e Onipresente, Sou a Mente Universal,
Sou
a Causa Originária, Sou o Pai Onipotente,
Sou
Distinto e Sou o Todo, Eu Sou Ambivalente.
Estou
Fora e Dentro, Estou em Cima e em Baixo,
Eu
Sou o Todo e a Parte, Eu é que a tudo enfaixo,
Sendo
a Divina Essência, Me Revelo também Criação,
E
Respiro na Minha Obra, sendo o Todo e a Fração.
Estou
em vossas profundezas, sempre a vos Manter,
Pois
Sou a vossa Existência, a vossa Razão de Ser,
E
Falo no vosso íntimo, e também no vosso exterior,
Estou
no cérebro e no coração, porque Sou o Senhor.
Vinde
pois a Meu Templo, retornai portanto a Mim,
Estou
em vós e no Infinito, Sou Princípio e Sou Fim,
De
Minha Mente sois filhos, vós sereis sempre deuses,
E,
marchando para a Verdade, ruireis as vossas cruzes.
Não
vos entregueis a mistérios, enigmas e rituais,
Eu
Quero Verdade e Virtude, nada de “ismos” que tais,
Que
de Mim partem as Leis, e, quando nelas crescerdes,
Em
Meus Fatos crescereis, para Minhas Glórias terdes.
Eu
não Venho e não Vou, Eu sou o Eterno e o Presente,
Sempre
Fui e Serei, em vós, a Essência Divina Patente,
A
vossa presença é em Mim, e Quero-a plena e crescida,
Acima
de simulacros, glorificando em Mim a Eterna Vida.
Abandonando
os atrasados e mórbidos encaminhamentos,
Que
lembram tempos idólatras e paganismos poeirentos,
Buscai
a Mim no Templo Interior, em Virtude e Verdade,
E
unidos a Mim tereis, em Mim, a Glória e a Liberdade.
Sempre
Fui, Sou e Serei em vós a Fonte de Clemência,
Aguardando
a vossa Santidade, na Integral Consciência,
Pois
não quero formas e babugens, mas filhos conscientes,
Filhos
colaboradores Meus, pela União de Nossas Mentes.
NARRAÇÃO
DE AMBRÓSIO
CAPÍTULOS DA VIDA
O homem vive entre "porquês".
O "porquê" da vida, por exemplo, interessa a todos e
freqüentemente nos interrogamos sobre fatos com que deparamos e que
nos deixam perplexos. A Filosofia incumbe, sem dúvida, senão
explicar cabalmente esses fatos, ao menos apresentar possíveis
explicações, hipóteses racionais, teorias razoáveis, etc. Mas a
Vida zomba desses esforços e os "porquês?" continuam a
desafiar respostas exatas. Nenhuma ciência pôde ainda informar
convenientemente o homem. O homem é o que é; mas, disso,
conhecimento perfeito não tem. Tudo quanto lhe é dado saber, por
ora, tendo por acréscimo o soberbo contingente das revelações
espiríticas, não vai até poder afirmar estar de posse dos
principais e indiscutíveis conhecimentos.
Vejamos: que se poderia dizer de
justo, de insofismável, ao se ver um homem, jovem ou velho, sábio
ou ignorante, são ou doente, rico ou pobre, à margem de um regato,
empunhando uma vara de pesca? De onde vem, ao certo, aquela criatura?
Que é em si, no rol das coisas e dos seres? Qual o seu grau perante
a infinita escala hierárquica das personalidades? Em que ponto da
escalada estará fadado a estacar? Existirá um possível termo na
senda dos escalões sem fim e sem número, desse turbilhão de
turbilhões de mundos e agrupamentos demográficos do infinito?
Não obstante, um homem com o seu
caniço imóvel à beira de um regato ou de um caudaloso rio, jamais
deixaria de ser alguma coisa, de ter a sua história, de aspirar a um
fim, de sentir dentro de si um mundo, de ter idéias e atuar no
universo infinito que o cerca. Esse homem pouco sabe do conjunto da
criação, das origens e dos processos de manifestação da Vida;
porém, não deixa de ser partícipe da grande Verdade e parte
integrante da Unidade.
Quem saberia tudo a respeito do
leiteiro Ambrósio, aquele homem de 50 anos que voltava a penates,
afoito, chicoteando os animais, correndo o perigo de rolar a
ribanceira e cair dentro do formidando rio que deslizava lá embaixo?
Que pensava ele, nesse momento, no quadro do quanto já teria
pensado, no curso das vidas e das preocupações? O certo é que,
animado do desejo de chegar em casa, fustigava os cavalos que, também
ansiosos de descanso, puxavam facilmente o galope. O sítio de
Ambrósio distava uns 20 quilômetros da cidade, onde residiam os
seus fregueses.
Que poderíamos dizer, também, sobre
o farmacêutico Antônio, residente na cidade e que, tendo ido levar
remédios a uma fazenda próxima, apertava o acelerador do seu
Fordeco, na esperança de chegar mais cedo ao lar, confiando, como
Ambrósio, metade na sorte e metade na sua habilidade, para evitar
algum desastre? Quem poderia prever o que lhes sucederia dentro em
pouco, mais além, numa curva mais fechada da estrada, ou num ângulo
mais agudo do caminho? Como poderiam imaginar aqueles amigos de
infância que, minutos depois, teriam de enfrentar o transe mais
augusto das suas vidas: a morte? O certo é que os fados, os fados
com ou sem fatalismo, haviam tramado o fim de ambos e decretado que
os dois amigos causariam a morte, um do outro. Foi por isso que,
vindo ambos em sentido contrário, viram-se de improviso frente a
frente, em seus respectivos veículos, fazendo cada qual o máximo
para diminuir o alcance da tragédia iminente. Tudo quanto
conseguiram foi aumentar a intensidade da mesma. Reconhecendo-se
mutuamente, Ambrósio e Antônio quiseram dar passagem ao amigo e,
abriram a curva. Com isso apenas conseguiram chocarem-se
violentamente e rolarem juntos o abismo. A voragem os tragou! A
estrada era por demais estreita e os veículos desequilibraram-se,
tombando aos trambolhões na medonha perambeira. Lá embaixo, no
rodopiar sem fim das águas em torvelinhos, uniram-se em triste
destino os destroços das viaturas e dos seus condutores. Algumas
pedras, deslocadas dos seus lugares, juntaram-se aos sinistrados, em
seu destino. Dois homens, uma carroça, um automóvel e dois eqüinos
poucos sinais deram de si, por alguns minutos. Depois, o cenário
voltou à calma habitual. A rotina tomou conta do assunto. A natureza
amorfa assiste indiferente à morte do homem e do inseto. Nada foi
considerado no seu caderno, com relação às vítimas, aos seus
descendentes e aos seus problemas. Tudo é e tudo passa. É a lei do
mundo em que vivemos. Aparentemente, Deus não se interessa com o que
sucede no mundo. Há milhões de anos os lobos devoram os cordeiros e
ambos são tratados com igual desvelo pela Providência. Estava
reservado ao Espiritismo explicar como opera a Justiça Divina. As
compensações são maravilhosas e longe estamos de poder compreender
os processos todos de se operar a reparação. Consignemos apenas que
o aperfeiçoamento das espécies exige o sacrifício dos indivíduos
menos aptos, segundo a Lei da seleção natural. A luta pela vida e
pela sua conservação traz sofrimentos, mas estes também são
aproveitados, para o aperfeiçoamento do espírito. Destarte, por
impiedosa, a Natureza ajuda a evolução das formas corpóreas e
incorpóreas. As injustiças? Oportunamente serão sanadas.
No dia seguinte, ao local do acidente compareceram autoridades e povo. Sulcos no chão haviam sido deixados pelas rodas e patas de animal. O chapéu de um deles estava, como testemunha muda de uma falante tragédia. Era, disse dona Maria, o do seu falecido marido, o farmacêutico Antônio. Ambrósio nenhum pormenor de si deixara, a não ser o rastro forte das rodas de ferro da sua carroça. O burburinho na cidadinha foi de pasmar! Comentaristas os mais fantasiosos surgiram, de improviso. Jornalistas exagerados puseram-se em função. A imprensazinha falada e escrita do local não imaginava que os dois amigos, invisivelmente, fizessem comentário de tantos supostos motivos.
Mas, tudo foi, como sempre se deu e se dará, tomando rumo às planuras da normalidade. O inquérito aberto pela polícia concluiu pela prova do acidente e com o seu encerramento fechava-se o livro da vida terrena de Ambrósio e Antônio. Dentro em pouco seus nomes eram citados sem entusiasmos nem pieguismos espontâneos ou afetados. Outros acontecimentos, outros desastres, desses que proliferam aos milhares, todos os dias em toda a parte, ocupariam a atenção dos vivos. Tudo é, tudo passa. O Sol não pára. Os mundos descrevem pelo éter a apoteose do Cosmos. E os espíritos vivem, vivem sempre, para o todo e para si mesmos, como partes integrantes do mesmo Cosmos. Vida é movimento, e os mundos, os seres, as leis e os destinos são outros tantos acidentes no desdobrar da sua manifestação. Acidentes, passageiros uns, outros eternos, tudo segue um rumo e obedece a um destino. Básica apenas é a VIDA, em sua singeleza indiscernível. Por isso, tudo é e tudo passa sob condições. Mas do SUPREMO ESTADO, que é fundamento íntimo de tudo e todos, quem poderá dizer algo de positivo?
Os seres e as coisas são partículas
do TODO a caminhar com rumo, na vastidão insondável do próprio
TODO. As leis e os destinos são, não duvidemos, razões
fundamentais inerentes ao fato de existirmos. A possibilidade, que
todos têm, de se divinizar, por sublimação, prova que emanamos de
Deus e n’Ele vivemos. Fundamentalmente, porém, só Deus é. Porque
nós somos o que ELE quer que sejamos. No seio do ABSOLUTO, nosso
livre arbítrio também é determinismo. Existimos, temos valores
inatos. Desenvolvemos tais valores e usamo-los, mas no círculo que o
Supremo nos traça. Nenhuma ação humana exorbita do que leis lhe
facultam; e o homem não faz leis! O homem é uma lei do TODO e age
como pode dentro do seu quadro, que vai até poder influir nos
acontecimentos e nas ações de outros homens.