O CÉU MARAVILHOSO
Capítulo I
Capítulo I
Estas
minhas palavras iniciais, apontando os textos bíblicos que comprovam
estar as igrejinhas clericalizadas e transformadas em comércios
idólatras em tempo de falência, aqui ficam como medidas de
confissão de culpas, porque eu sabia estar praticando o erro, quando
aí peregrinando. Perambulei por muitos ambientes e observei muitos
fatos, comparei com os textos bíblicos e soube que a
comunicabilidade dos espíritos é fenômeno comum e recomendável,
bem assim como me capacitei de que não existe a salvação de graça
nem a importância libertadora dos atos sacramentais, das liturgias e
de todo e qualquer ato formal.
Capacitei-me
disso para mim, porém não tive a suficiente dose de força moral
para tomar a atitude que seria a compatível, abandonando o erro e
ensinando aos semelhantes a fazerem-no também. Embora sentindo, de
quando em quando, um repelão de consciência, uma como que acusação
terrível, o fato é que continuei na mesma, escondendo a Verdade e
vivendo à custa da mentira que impingia aos semelhantes. E para
maior vergonha ainda, ao ser inquirido por alguns sobre o
Espiritismo, sobre o Batismo de Espírito ou Herança de Jesus
Cristo, continuava a dizer as mesmas e culposas palavras, que aquilo
era coisa de Belzebu, etc. Mas a vida continuou, e embora fosse um
bom padre ou um bom homem a outros respeitos, pois vivia
simplesmente, exclusivamente para os deveres formais de um agente da
igreja romana, com o passar dos dias a morte veio. Com a doença, uma
pneumonia dupla, senti crescer em mim a responsabilidade do que
conhecia, pois muitas vezes já me houvera perguntado, sobre quem
daria testemunho da Verdade, se todos fizessem como eu. Sempre tive
uma derivativa, alegando que houvera prestado juramento para com a
igreja romana, que estava sendo sincero ao juramento. Porém agora,
nos portais da vida espiritual, parecia crescer uma onda interna que
dizia ser perante a Justiça Divina, e mais ninguém, que tinha
contas a ajustar.
E
mais nada pensei nem disse, de certa hora em diante, porque penetrei
numa fase de inconsciência; parecia voar, nadar num mar sem fim,
deslizar por extensas regiões, ora sentindo as costas queimarem, ora
gozando uma paz indefinível. E o mais importante é que, na hora do
enterramento do corpo, vi-me ao lado da sepultura, erguido uns metros
acima, enxergando tudo de cima para baixo. Não estava mal nem bem
naquela hora, estava apenas meio assustado, e o mais importante foi a
rogativa que fiz a Deus, afirmando que Lhe estava à disposição,
etc. Sem dúvida que uma infantilidade, pois ninguém nunca jamais
fugirá à Vontade de Deus, ou Suas leis eternas, perfeitas e
imutáveis, ainda que custe a assim entender e praticar, por ser Ele
mesmo o doador de Tempo e de Espaço, e de tudo o mais que se
necessite, para realizar a evolução íntima intransferível.
Mas,
digamos, cada um dá do que tem, e apresentar-se alguém diante da
imortalidade e da responsabilidade da alma, ou do espírito, não é
coisa de brincar, principalmente depois de passar uma vida de setenta
e dois anos pela carne, dos quais mais de dois terços falando em
Deus, embora compreendendo e muito, que bastante fora de Suas Divinas
Realidades, da essência que tudo vale e dos formalismos que até
muito prejudicam, porque desviam a Mente do roteiro certo, do cultivo
das virtudes do espírito, daquilo que de fato representa o espírito
no Seio Divino.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO II