DIVINA SIMPLICIDADE – A Lei foi entregue à consciência de cada filho de Deus, e somente a Justiça Divina o julgará, em secreto, em tempo certo. O Verbo Modelo deixou o exemplo de tudo que deriva de Deus, seja Espírito ou Matéria, e a Deus um dia retornará, como Espírito e Verdade, e ninguém com Ele poderá jamais discutir, porque Seu advogado chama-se Justiça Divina. Capítulo I DO GÊNESE AO APOCALIPSE

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

NOS PLANOS DA MORTE - Capítulo X







Capítulo X

Por estas alturas, a minha vida física beirava os sessenta anos, estando minha mãe muito avançada em idade; longe poucas horas da largada final. Estava eu lendo um livro espiritualista, cujas bases doutrinárias vinham dos Vedas, onde haviam sentenças deste porte:

O homem é, como espírito, imortal, esponsável, evolutível e reencarnável; quando livre da matéria, em determinadas circunstâncias pode comunicar-se, falar aos ditos vivos.”

Por natureza Deus lhe deu poderes e virtudes, em estado latente, a fim de que, desabrochando, se eleve à categoria dos Grandes Mestres.”

Cada espírito traz em si, por expressa Lei Suprema, o poder de edificar para si as glórias do Bem ou as trevas do Mal; ele mesmo tem o direito de ser o seu construtor, e tem o dever de fazê-lo, pois a Lei Suprema é, para todos os efeitos, geral e acima de particularidades.”

Estava lendo, como disse, tais palavras, quando ouvi alguém dizer, nos meus ouvidos, as seguintes palavras:

Visite sua mãe o quanto antes!

Corri à sua residência, encontrando-a recostada num amplo sofá, sofrendo tremenda falta de ar. Colocando-lhe a mão sobre a cabeça, e fazendo oração, procurei passar-lhe fluidos ao máximo, para revigorá-la. Conseguida a melhora, enderecei pensamentos contínuos ao guia que por ela costumava comunicar, a fim de obter algum informe sobre o que fazer. E obtive a comunicação.

Cheia está a medida – disse ele – e bem farta será a colheita no Reino de Deus, que são as regiões felizes, onde vivem os que cumpriram bem os seus deveres, trabalhando pela melhora própria e geral. Embora a separação envolva as criaturas em seu manto de luto, creio que deve sentir imensa alegria, porque é grato perante Deus e o mundo, saber que uma alma viveu a melhor conduta, executou o programa decente, armazenando glórias para si e conforto para todos aqueles que amam a Verdade e o Bem.

Depois de outras breves palavras, partiu, deixando patente que não mais falaria comigo, a não ser na vida espiritual, quando também eu deixasse o plano carnal.

Chamado o médico, e feita a consulta, diagnosticou o fim da vida física pelo esgotamento geral. Horas depois, dormindo o sono brando, envolvida por uma legião de amigos, desligou-se e planou a uns dois metros do corpo. Vi perfeitamente que fizeram a operação do corte fluídico, pelo que foi ela afastada por um grupo de irmãos servidores. Só tornei a vê-la na hora do enterramento do corpo, visto que aqueles irmãos a trouxeram. Estava sonolenta, parecia querer dormir, mas estava aureolada e o seu semblante revelava candura contagiante. Observei que os servos do Senhor haviam-na isolado, a fim de que as vibrações dos encarnados não lhe atingissem.

Feita uma prece pelos irmãos em Doutrina, a caravana espiritual partiu, assim como todos os demais. Vi que espíritos inferiores ali ficaram, curiosos e perambulantes, tecendo comentários os mais contraditórios, dizendo que ela devia ser alguma protegida de Deus. Se tivesse podido, diria a eles que em Deus não existem proteções nem perseguições, de caráter algum, porque em Deus tudo é segundo leis regentes, fundamentais e eternas, estando em cada um o dever de construir a sua glorificação, pelo trabalho desabrochante. Não foi possível dizer coisa alguma, naquele momento, nem depois, visto que outras foram as ordens recebidas. Ao querer convidá-los, mais tarde, para serem orientados nas sessões espíritas, tivemos ordem em contrário. Não mereciam, ainda, o amparo da Lei, visto como nada haviam feito em vida nem ainda pretendiam fazê-lo na morte. Estavam desprovidos de recursos favoráveis, tendo em contrário, ainda, maus juízos a respeito da Soberana Justiça.

Todavia, depois de alguns dias, minha mãe apareceu pela primeira vez; estava em companhia de meu pai e outros, porém era maior do que eles. Se alguém a visse, tal qual como se apresentou, e esse alguém fosse pouco ciente das grandes verdades do mundo espiritual, seria capaz de tomá-la pela Mãe de Jesus. Alguns espíritos, muito menores em hierarquia, já foram assim considerados; gente sem a devida noção dos fatos, gente piegas, tem visto espíritos um tanto luminosos e tem interpretado as coisas de modo exagerado. A gama hierárquica é vastíssima e não é assim tão fácil discernir as tonalidades evolutivas.

Todavia, de longe em longe ela comparecia, tomando parte nalguns trabalhos e alegrando a todos com a sua graciosa presença.

Apenas uma vez convidou-me a acompanhá-la, transportando-me a um plano onde a Luz Divina era exposta em grandiosa evidência; devo dizer que eu estava longe daquelas alturas vibratórias, suportando aquela ambiência formidavelmente intensa à custa de sua ajuda. Diante de tamanhas glórias, defronte a tão intensas vibrações, eu tremia e chorava, mergulhado num sentimento de Amor e de Harmonia, como jamais poderia imaginar que existisse.

Durante a lenta viagem de retorno, falou-me ela:

O grau ótimo individual é aquele que se caracteriza pela equidade entre o tom vibratório interior e o tom vibratório exterior ou ambiental; naquelas alturas ficam bem aqueles que, por evolução, por capacidade vibratória íntima, estão em sintonia, pairam no mesmo plano.

Cheio de gratidão, comentei:

Todavia, mamãe, sou grato pela grandiosa oportunidade; afinal de contas, tenho ido a lugares feios, auxiliando nos serviços socorristas, poucas vezes tendo ido a lugares bonitos. A viagem de hoje, para todos os efeitos, valeu como recompensa e medida estimuladora. Nunca mais, até que viva sobre a Terra, esquecerei semelhante graça de Deus.

Já ao lado do meu corpo, ao qual seria entregue, disse-me ela:

Devemos graças a Deus, por tudo quanto nos dá, visto que de tudo podemos extrair grandes lições. Observe que, estando tudo ao dispor dos filhos, nada se consegue de favor. Ao invés, portanto, de ladainhas tolas, de bajulagens e engodos, de rituais pagãos e salamaleques comprados, procuremos agir decentemente, fazendo o bem e aprendendo as grandes lições da vida. Deus quer Amor e Sabedoria e não pieguismos ignaros, tudo isso que o paganismo dos tempos primitivos inoculou nas almas, e que até agora as escraviza e retém nas esferas inferiores do pensamento. Enquanto a criatura apelar para as formas e os meneios, curvando-se aos rituais que são apresentados como atos de adoração a Deus, claro que não estará praticando a sua libertação espiritual. Ao que é material deve-se usar para fins materiais, e ao que é espiritual deve-se atenção espiritual. Se dar culto melhor ao cérebro e ao coração não agrada ao Senhor, muito menos agradará fazer ofertas onde o fetichismo e o paganismo interferem, além de intervir, por acréscimo, a sanha político-comercialista. Devemos, pois, grandes trabalhos à Humanidade. Tome conta de seu corpo, até que Deus queira, procurando trabalhar o quanto lhe seja possível pela melhora espiritual dos irmãos em Origem e Destino.

Tomando conta do corpo, tudo era lucidez, como de costume; portanto, de alma encantada e cérebro exuberantíssimo, rendi graças a Deus. Já havia, muitas vezes, derramado cálidas lágrimas de gratidão; naquele dia, porém, selei a grande ventura, porque foi de todas, a maior das graças recebidas. Não é possível relatar o que seja ter um contato assim com a Luz Divina, Luz que é FUNDAMENTO ONIPRESENTE.

Quando cheguei ao tempo em que deveria entregar à Terra aquilo que devia ficar na Terra, fi-lo com a mente voltada à Luz Divina; porque, graças a Deus, não tive a morte como dificuldade, para entrar na Grande Morte como espírito consciente. Ao invés de me apegar ao mundo, tive a ventura de me agarrar à Luz Divina, procurando manter o melhor contato.

Ao me achar desligado, pairando sobre o corpo, sentindo em mim uma leveza indescritível, ouvi atrás de mim alguém dizer, com voz potente e penetrante:

Deus quer boas obras e não adorações contemplativas! Receba aquilo que tem de direito, lembrando que é por Lei e por Justiça, nada mais e nada menos, porque assim o quer Deus! Quem oferece idolatrias, recebe idolatrias! Quem oferece crimes, recebe crimes! Quem oferece mentiras e fingimentos, recebe mentiras e fingimentos! Quem oferece Amor e Sabedoria, recebe Amor e Sabedoria! Porque, conforme está escrito, a cada um será dado consoante as suas obras!

Eu estava assustado, porquanto a voz era potentíssima, penetrava os espaços e fazia estremecer o mais íntimo da alma. Quando volvi a face, para ver quem emitia aquele brado fantástico, vi que pairava no espaço uma folha de livro, folha de livro que reluzia, que irradiava luzes multicolores, luzes que eram palavras, e palavras que eram aquelas que se achavam no último capítulo do Apocalipse.

Quando a calmaria voltou a reinar, foi então que vi um grande número de parentes e amigos, que vinham para me cumprimentar e abraçar. Entreguei-me ao devaneio e, derramando copiosas lágrimas, fui conduzido para bem longe, até que fosse hora de enterrarem o bom instrumento que fora meu corpo carnal. Estava longe de poder falar, tamanha a comoção de que estava possuído; entretanto, um dos grandes amigos, tomando o meu lugar, disse em voz alta, dirigindo-se a Deus, à Luz Divina, que é FUNDAMENTO ONIPRESENTE:

Senhor! Recebe em Teu Seio de Luz e de Glória a gratidão de Teus filhos e servidores! Sábias e justas são as Tuas leis e muito podem colher aqueles que se dão a compreendê-las e a executá-las! Graças a tudo isto, Senhor!

Finda a fúnebre cerimônia, a caravana ergueu-se, conduzindo-me ao local onde ficaria entregue a um sono reparador.

Quando acordei, ouvindo música sublime ao longe, e tomado de envolvente embalo deslumbrante, reconheci que ao redor estavam bastantes amigos e parentes. Foram todos vindo e falando, até que minha mãe chegou, a última de todos, feita a imagem da bondade ou da santa maternidade...

Eu não sabia o que ela iria dizer, pois em seu meiguíssimo olhar pairava um enigma. Todavia, quando falou, anunciou-me:

Filho! Jesus nos aguarda para trabalhos de suma importância, trabalhos informativos e consoladores. Vamos tratar daqueles que ainda pairam nas regiões inferiores, nas esferas onde as graças de Deus se acham distantes de Seus filhos, quer seja por faltas cometidas, quer seja por ausência de evolução. Para que falar deste reencontro, meu filho, se tantas vezes nos temos reencontrado, no curso das mortes e das vidas?

Depois de algumas palavras a mais, perguntei-lhe, assim que pude conversar:

Eu sei que, na Terra ou no Céu, variam ao infinito os ramos do saber e de atividades. Que irei eu fazer?

Veio meu pai, saindo dentre os amigos e parentes, colocando-se ao meu lado.

Apontando para ele, minha mãe falou:

Não sabe ainda que coisas temos do pretérito, com toda a exatidão; mas, afinal, sabe um pouco. Se quiser saber tudo e da melhor forma, será muito fácil, porque os merecimentos o garantem. No entanto, em linhas gerais, estamos articulados, algumas dezenas de irmãos, a grandes prejuízos. Alguns foram algozes, outros foram vítimas... Deus, porém, quer a todos como a filhos, ensejando oportunidades de paga e de redenção. Graças a Deus, temos conseguido bastante, pois durante séculos temos voltado ao plantel carnal, onde as vítimas abraçam e embalam os algozes, e vice-versa, até que a compreensão e o Amor tomem o lugar da ignorância e do ódio...

Olhei bem para meu pai, enquanto ela falava, reparando que ele derramava, em silêncio, copiosas lágrimas. Ela, entretanto, prosseguia:

Eis aí, meu filho, que seu pai o aguarda para serviços de reconciliação e melhoras em geral. Foi ele, em dias que vão longe, o algoz de todos nós, um dos maiores errados religiosos da História, um dos grandes perseguidores dos primeiros cristãos, volvendo mais tarde a reincidir em faltas, tornando-se inquisidor e dos mais fanáticos... Devemos, portanto, a ele, trabalhos de perdão e de auxílio... Porque muitos outros ainda se acham em piores situações, revoltados e odientos, vingativos que se tornaram, por causa dos tremendos sofrimentos. E, saiba, a todos devemos trabalhos fraternos, em conformidade com a Lei: onde pudermos semear a compreensão, e por ela a reconciliação, e, por esta, a obra de soerguimento em geral, façamo-lo. Porque, um dia, quando todos os grandes divididos estiverem de novo reunidos, viremos a sentir em nossos respectivos corações a maior de todas as graças, que é sentir intensamente a felicidade daqueles que foram os nossos maiores inimigos. A verdadeira glória é filha dileta da Harmonia.

Apanhando-nos pelo braço, aproximou-nos, dizendo:

Abracem-se com ardor e carinho, porque tudo isto custou muito a ser obtido!... Eu rendo graças a Deus, porque o programa de trabalhos está em curso e os resultados têm sido grandes. E enquanto penhoro a Deus todas quantas atividades venha a poder executar, reclamo de todos a melhor cooperação, em benefício daqueles que ainda se acham entregues à ignorância e à dor, à idolatria e ao paganismo. Irão ver, e podendo servir, a muitos que se acham afastados da melhor conduta, gemendo e chorando, blasfemando e causando males, esquecidos de si mesmos, alheios aos divinos bens de que são portadores...

E lastimando em si mesma a incúria de muitos, propôs:

Vamos, afinal, depois de tantos séculos de luta, vitórias e fracassos, dar um impulso a mais na campanha redentora de nossos irmãos sofredores, daqueles que se acham enredados em nossa história? Vamos dizer-lhes que se esqueçam das contendas individuais e que se lembrem da hora cíclico-histórica que bate às portas da Humanidade? Vamos dizer a eles, meus queridos, que deixem a Justiça por conta de Deus, e que se entreguem aos trabalhos de redenção, porque a hora cíclica é premente, reclama severas atenções?

Como tivessem feito, alguns espíritos, desde muitos anos, alusão à hora cíclica em curso, advertindo sobre a sua influência de ordem geral, influência que teria ação irrevogável sobre todas as criaturas terrícolas, encarnadas e desencarnadas, perguntei-lhe:

É assim tão importante a questão cíclica, para que dela todos falem com acendrado zelo?

Fixando-nos bem, um por vez, respondeu-me:

Assim como as criaturas têm suas diferentes idades, e devem corresponder a elas, assim os mundos e suas Humanidades devem também corresponder aos tempos. Quando para um mundo e sua Humanidade aparece uma hora de transição, significa que haverá melhora para uns e piora para outros; porque, verdadeiramente, sempre existem os que ficam para trás, envolvidos em suas infelizes realizações, enredados em seus próprios crimes e apegados a seus próprios conceitos inferiores. Ora, convenhamos, a Terra se acha em hora convulsiva, por causa da transição cíclica, em cujo bojo está saliente e patente a Restauração do Cristianismo do Cristo, ou da Igreja Viva, edificada sobre a Revelação.

Incutindo à voz entonação grave, como que a lembrar a grandiosidade da hora em curso, emendou:

Para dizer-lhe o quanto é importante a transição cíclica em curso, quero dizer que a vinda do Cristo se processa através de Seus Imediatos, movimentando as legiões que atingirão até aos mais afastados rincões e mais endurecidos irmãos, sacudindo-os, procurando movimentá-los, acordando-os para o progresso necessário. E se calhar, como infelizmente acontecerá, de muitos não quererem ouvir o grande chamamento, então haverá degradação... Porque, saibamos, quando um mundo e sua Humanidade evolvem, alcançam melhoras, fatalmente descem aqueles que fecham seus ouvidos ao brado de alerta, aqueles que fincam pé em suas estultas convicções. É que a Lei presidente de todos os fenômenos, vigora para todos os efeitos, conferindo a uns na razão direta de seus impulsos progressivos, assim como a outros pela recalcitrância nos erros. A direita e a esquerda, compreendemos, estão ligadas pela mesma força propulsora; a diferença é de ser atrativa ou repulsiva a influência, nada mais. Quem não atende ao apelo atrativo, inclui-se na ala repulsiva. É o fenômeno do peso específico, é auto-classificação, cuja força embaladora, para estacar, só mesmo à custa de tremendos esforços empregados em contrário. Quem se negar aos convites da hora presente, entregando-se à rebeldia ou descaso, no amanhã se terá em péssimas condições, custando muito mais para subir e se harmonizar com a Grande Lei de Harmonia Universal.

Refeito da comoção que o afetara, meu pai balbuciou:

É certo que temos dentro de nós mesmos o Reino de Deus; não é fácil, porém, movimentar os recursos construtivos, quando nos apegamos aos imperativos do individualismo, principalmente quando tangidos pelos fanatismos religiosos. Quero crer que hajam muitos errados, tortuosos, que conduzem à treva e suas amarguras; entretanto, parece-me, os errados religiosos quase sempre são os mais ferrenhos e endurecidos. Eu, por exemplo, quando me falavam de reconhecer as faltas, os crimes hediondos, os horríveis morticínios, sentia crepitar em mim a chama das reivindicações a que julgava ter direitos, endereçando a Deus toda a ira de que era capaz. Hoje tudo isso parece estranho, mas a verdade é que eu pensava ter feito bem a Deus, e a Jesus, matando e trucidando por divergências religiosas; arrogava-me, portanto, direitos que julgava justos e acima de cogitações. E como tudo permanecia em trevas e tormentas, descendo cada vez mais, tanto mais cresciam os ódios em minha alma. Creio que cheguei a ser ódio puro!...

Onde está Jonas? – perguntei-lhe.

A lembrança fê-lo sorrir, havendo anunciado:

Jonas está se curando, enquanto se esforça para curar os outros... Leva tão a sério a sua função de passista, que se impõe rigorosa conduta mental. Estuda tudo quanto lhe cai em mãos, demonstrando grande interesse pela chamada Sabedoria Antiga, pelos ensinos dos Grandes Mestres do passado. E como todas as Revelações Antigas são caminhos que conduzem à Síntese Cristã, que se constitui da Lei Moral e do Batismo de Espírito, eis que Jonas enriquece a mente com as leituras proveitosas, enquanto se modifica vibratoriamente com os trabalhos de cura e com as concentrações porfiadas a que se entrega. Já está muito distante daquela característica idólatra e ronceira com que se apresentou naqueles dias, quando o fomos retirar daquela região inferior.

Gostaria de vê-lo – pedi.

Minha mãe sorriu, afirmando:

Sem dúvida! E terá de vê-lo, e de auxiliá-lo, pois estamos incumbidos da nobre função de soerguimento. Todos quantos fazem por acertar, aceitando o convite da Verdade, se fazem credores de nossos préstimos. Através dele, e de outros muitos Jonas que se acham agrilhoados aos tremendos crimes, faremos um grande e honroso trabalho, recambiando ao Reino de Deus aqueles mesmos que em nome de Deus praticaram terríveis ações. Já que estamos em melhores condições, façamos tudo quanto seja possível e justo por aqueles que se acham entrevados, desde que manifestem tendências de reajustamento intelecto-moral.

Nessa hora, deu presença a senhora Alzira, que me envolveu com o seu halo de luz, amor e simpatia. Sua chegada movimentou a todos os presentes, porque sua elevação absorvia, encantava e sugeria adoráveis emoções. Ela tocava, com o seu amoroso e poderoso tom vibratório, o íntimo das criaturas que se lhe chegavam ao alcance da palavra. As almas que se edificam, que vão ingressando na esfera do Grande Amor, causam esses fenômenos, imantam as pessoas de boa vontade, porque têm o condão maravilhoso de atingir, com as suas emissões vibratórias, a intimidade das almas irmãs. A Sabedoria tem o seu modo de se impor, causando admiração, prendendo o intelecto; mas a maravilha das maravilhas está no Amor, porque este encerra a um tempo, a maior soma das Virtudes Divinas. Quem sabe é importante, mas quem verdadeiramente ama é muito mais ainda, é glorioso!

O meu primeiro grande contato, depois da pequena morte, da largada carnal, foi realmente uma grandiosa entrada na Grande Morte, nos felizes planos da Vida Maior. Se ainda falamos nos planos da Morte, devemos discernir entre uma e outra, pois que, de fato, nem sempre se encontra a Grande Morte, por mais justo e certo que jamais se poderia escapar da pequena morte. Verdadeiramente, uma vez que temos de enfrentar a pequena morte, porque não cuidar daquela que significa a Grande Vida?

Outro fato surpreendente, para mim, foi reconhecer, depois da liberdade carnal, que muitos dos amigos e conhecidos da Terra, haviam sido criaturas com quem havia tido contatos em outras vidas, sendo algumas delas elementos consangüíneos, familiares bem chegados. Pude observar, também, que nalguns casos tínhamos tido empreitadas idênticas, trabalhando pela melhora de outros, mas nem sempre focalizando as condições e situações com inteireza de pontos de vista, de onde surgiram não poucos entraves à obra benfeitora.

Durante os dias terrenos, por exemplo, alguns confrades sustentaram divergentes pontos de vista, achando que devíamos endereçar práticas e atividades para tais e quais rumos, não faltando quem se desse a interpretações diferentes, quer a conceitos doutrinários, quer a trabalhos mediúnicos. Durante aqueles dias, procurei conselho com os guias, dizendo eles que nem todos podiam focalizar as variantes questões pelo mesmo prisma, por causa das diferenças hierárquicas e psicológicas, além daquelas que decorriam dos princípios educativos admitidos. Contudo, avisaram-me, então, que ninguém tinha obrigação de querer ficar bem com todos, sendo até imperioso, em certos casos, e para determinados fins, que convinha ficar do contra, ser avesso.

Ora, como cada facção alegava estar agindo em conformidade com as instruções de seus respectivos guias, tornei a falar com os meus, dizendo eles que isso tudo estava certo no plano geral, mas que viria a estar errado no plano particular, uma vez que o mundo espiritual se caracterizava pela diversidade formidável de regiões e esferas hierárquicas, alojando criaturas de diferentes tonalidades evolutivas, de onde surgiam as divergências de conceitos e de gostos.

Vim a encontrar a exatidão da afirmativa, e a razão de ser das vastíssimas modalidades de culto nas hostes espíritas, por causa das variantes regiões e esferas, de onde vêm os encarnados, e de onde são os guias espirituais. Assim como são divergentes os graus evolutivos, na carne e fora dela, assim são divergentes os conceitos e os matizes doutrinários, práticos e teóricos. A grande regra é melhorar sempre, avançar tantas quantas vezes seja possível, jamais estacar nas vias do progresso; mas, infelizmente, nem sempre as criaturas assim o entendem. Parece estranho, mas é comum que haja dialética para tudo; por isso mesmo, enquanto alguns há que se sacrificam para melhorar sempre, outros há que se esforçam nos domínios da iniqüidade, do mau uso das faculdades e dos recursos que Deus coloca ao dispor de Seus filhos.

Nem sempre a vida terrena ensina o melhor, restrita que é por natureza das densidades ambientais; também é certo que nem sempre a desencarnação pode ensinar tudo quanto poderia, visto como não lhe cumpre fazer santos nem devassos, mas apenas entregar o indivíduo a seus próprios merecimentos. Merecimentos quer significar esferas, regiões, locais de habitação, condições e situações, etc.

Cumpre, portanto, aprender ao máximo e ao máximo fazer tudo quanto é bom; a mania de adiar para amanhã, ou talvez para o futuro, qualquer iniciativa digna de atenção, tem posto muitos elementos em situação crítica. Olhar para trás, depois da pequena morte, nada resulta! Para melhorar, até mesmo para melhorar, cumpre levar em conta as oportunidades do presente, as ofertas da hora precisa, porque o tempo nem sempre tem o mesmo valor, como capital a ser empregado. Quando chega a ser tarde, para alguns arrependimentos, que outro recurso resta sem ser aguardar novas oportunidades? E quem sabe ao certo em que bases virão, para aquele que se fez de esquecido em face dos mais íntimos e sagrados deveres?

Faz poucos dias que, visitando em companhia de meu pai a residência de um confrade, ainda encarnado, fomos surpreendê-lo em atividades francamente condenáveis, metido entre elementos de baixíssimo padrão vibratório, sustentando os piores propósitos. Ora, este homem, apreciavelmente inteligente, que tivera a ventura dos bons conhecimentos doutrinários, por que se enredara com elementos espirituais de baixo padrão? Ouvimo-lo defender sua tese, sua concepção, mais de uma vez, acompanhando-o alguns dias; estava certo de estar em boa companhia e fazendo o bem. E argumentava, com bastante ênfase, que suas influências cresciam, dia a dia, junto ao mundo espiritual.

Diante de tamanha descida, lastimei, falando a meu pai:

Não existem, realmente, conceitos e opiniões que não sejam defensáveis; a questão, no entanto, não é convencer a si e aos outros: é convencer a Lei de Harmonia Universal, é conseguir o equilíbrio no porvir.

Versado na tarimba dos tremendos sofrimentos, meu pai afirmou:

A vantagem, Teodoro, é que de tudo chega a hora. Agora, para ele, chegou a hora de pensar assim, movido pelos interesses imediatos; amanhã, quando tiver que deixar o plano carnal, terá que, conseqüentemente, enfrentar outra hora. E poderá, à custa de sacrifícios, chegar a grandes conclusões! Eu sei que não é esse o sistema usado pelos mais prudentes; mas, ponderemos, quem é obrigado a ser prudente de um salto? O bom senso é filho do acaso?

Pesaroso, intervim:

Ele teve boas informações doutrinárias; conversou com espíritos cristãos e dignos de apreço. Desvios conscientes terminam custando bem caro!

Encolhendo os ombros, meu pai argumentou:

Você ainda não sabe tudo a meu nem a seu respeito; mas eu já revi tudo quanto poderia ter de mais proveitoso e interessante. Que maior falta, do que matar em nome da fé, julgando fazer bem a Deus? Afinal, Teodoro, não é da Lei que ninguém tem o direito de matar? E não matei eu, assim como o fizeram outros, e como tantos outros vivem fazendo ainda? Como regra geral, ou medida coletiva, onde está a prudência? Não observa que, vinte séculos depois de edificada a Igreja Viva, sobre a Revelação, pelo maior espírito planetário, ainda se fazem os piores erros, ainda se aprimoram idolatrias, ressomando aparatos pagãos e comerciais, em nome da fé? Que povo está isento de maus elementos? Onde não espocam taradismos e atos horrendos? Em que parte da Terra a Justiça não sofre corrupção? Qual a religião que não aloja corruptos e marginais da pior espécie?

Observando minha tristeza, depois de fazer breve estacato ponderou:

Meu filho, minha vítima de outros tempos! Você está retornando agora do mundo carnal, cheio de belas conquistas, equipado de santas realizações. Sua mente paira num plano superior, longe das misérias das regiões inferiores. Eu sei o quanto se chocam os conceitos e preconceitos, de homem para homem, de local para local, de esfera para esfera. São brutais as divergências, são terríveis as comparações! Entretanto, bem sabe, a Grande Lei põe cobro a tudo, no curso dos tempos e das vidas... Levanta-se ela do íntimo de tudo e de todos, do indivíduo e das coletividades, forçando ao equilíbrio, impondo a ordem, fazendo atingir o ponto final. Não se apoquente, portanto, ao defrontar um irmão que se desvia, depois de saber o que é melhor; isso é triste, mas é possível, porque todos podemos jogar, até certo ponto, com o relativo livre arbítrio. E o erro de um tempo representa a dor de outro tempo, restando ainda, como conseqüência, a experiência para outros tempos, talvez para a eternidade!

É compreensível, mas é doloroso – pontilhei.

Encolhendo os ombros, gesto bastante seu em casos tais, retornou:

É simplesmente humano... As grandes lições teóricas, valem muito para os grandes espíritos; porque os medíocres pensam e agem de outra maneira. Se um companheiro de trabalhos deixa o bom caminho, estribado nos ensinos do Evangelho e da Codificação, e lança-se nas dobras do mediunismo comprometedor, visando vantagens mundanas, isso apenas constitui uma falta humana, coisa que vem dos primórdios da Humanidade. Está jogando com a liberdade relativa que o Céu lhe confere; no porvir, certamente colherá os produtos da falta, nada mais. A Lei é viva e a Justiça vem sempre a tempo. Pior faríamos, lembre-se, empatando tempo com quem o não merece... Vamos à cata de outros, que sabem e querem o melhor. Não percamos tempo com o ruim defunto, como diz o refrão!...

Foi, em verdade, cheio de pena que deixei o recinto daquele irmão, que havendo perfilhado a sã Doutrina, descambara nos rumos de práticas nocivas, vindo a se mancomunar com elementos espirituais de padrão bastante inferior, que lhe consumiam o precioso tempo e lhe exigiam práticas viciosas e comezainas deprimentes, em troco de serviços rampeiros, de préstimos comprometedores, advindos por vias escusas.

Fomos apreciar, a seguir, em outros recintos, os serviços educativos, com base nos trabalhos mediúnicos escrupulosamente cultivados. Como ninguém ali era de má conduta proposital, ninguém procurava desculpar suas faltas, armando discrepâncias para com os dispositivos da Lei de Deus e dos ensinos do Cristo. O ambiente psíquico era superior, pode-se dizer sublime! Nenhum espírito prometia atos prodigiosos, nem reclamava práticas e quitutes animalescos... Todos insinuavam boas leituras, felizes aprendizados, nobres empreendimentos. Na lembrança de todos estava o Reino do Senhor, que é íntimo a todos os filhos de Deus, e que deve desabrochar à custa de esforços sábios e amoráveis.

Fomos colher, enfim, na semeadura do passado, os frutos saborosos da vinha do Senhor!

O novo presidente da Casa, lembrando-me o acendrado penhor doutrinário, nas bases fundamentais do Divino Mestre, anunciou aos presentes, com grande alegria:

Faz hoje, meus irmãos trinta dias que o nosso querido irmão Teodoro partiu na direção das plagas superiores da Vida! Bem sabeis o quanto era evangélica a sua formação doutrinária, o culto de sua própria conduta humana! Iremos hoje, em seu louvor, comentar aquele capítulo que lhe era tão caro; aquele capítulo que deve merecer de todos os espíritas grande respeito, porque testemunha, radicalmente, ser o Espiritismo a Restauração do Cristianismo do Cristo. Faremos a leitura do capítulo quatorze, da primeira carta de Paulo aos Coríntios, onde se lê, onde se aprende que Jesus veio derramar do Espírito sobre a carne, conforme a promessa antiga, e que os Apóstolos, em seguida ao Pentecostes, foram pelo mundo espalhando a grande novidade, a Doutrina da Verdade!

Foram lidas e comentadas as palavras de Paulo, fazendo o novo presidente as devidas comparações com os dois primeiros capítulos do Livro dos Atos, para extrair a conclusão irretorquível, de ser o Espiritismo a Restauração do Batismo de Espírito, razão de ser da vinda de Jesus Cristo ao plano carnal.



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A SAGRADA E ETERNA SÍNTESE

PRINCÍPIO OU DEUS – Essência Divina Onipresente, Onisciente e Onipotente, que tudo origina, sustenta e destina, e cujo destino é a Reintegração Total. O Espírito e a Matéria, os Mundos e as Humanidades, e as Leis Relativas, retornarão à Unidade Essencial, ou Espírito e Verdade. Se deixasse de Emanar, Manifestar ou Criar, nada haveria sem ser Ele, Princípio Onipresente. Como o Princípio é Integral, não crescendo nem diminuindo, tudo gira em torno de ser Manifestador e Manifestação, tudo Manifestando e tudo Reintegrando. Eis o Divino Monismo.

ESPÍRITO FILHO – As centelhas emanadas, não criadas, contêm TODAS AS VIRTUDES DIVINAS EM POTENCIAL, devendo desabrochá-las no seio dos Mundos, das encarnações e desencarnações, até retornarem ao Seio Divino, como Unas ou Espírito e Verdade. Ninguém será eternamente filho de Deus, tudo voltará a ser Deus em Deus. Esta sabedoria foi ensinada por Hermes, Crisna e Pitágoras. Jesus viveu o Personagem Inconfundível de VERBO EXEMPLAR, de tudo que deriva do UM ESSENCIAL e a Ele retorna como UNO TOTAL. O Túmulo Vazio é mais do que a Manjedoura. (Entendam bem).

CARRO DA ALMA OU PERISPÍRITO – Ele se forma para o espírito filho ter meios de agir no Cosmos, ou Matéria. Com a autodivinização do espírito, ao atingir a União Divina, ou Reintegração, finda a tarefa do perispírito. Lentíssima é a autodivinização, isto é, o desabrochamento das Latentes Virtudes Divinas. Tudo vai aumentando em Luz e Glória, até vir a ser Divindade Total, União Total, isto é, perdendo em RELATIVIDADE, para ganhar em DIVINDADE.

MATÉRIA OU COSMO – A Matéria é Essência Divina, Luz Divina, Energia, Éter, Substância, Gás, Vapor, Líquido, Sólido. Em qualquer nível de apresentação é ferramenta do espírito filho de Deus. (É muito infeliz quem não procura entender isso).

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"TODA FAMÍLIA É SAGRADA!"