A vida, numa cidade pequena do interior, concorre para que se arraiguem e demorem os registros emotivos, pela falta de movimentação e distrações. O número de conhecidos e de amigos é avultado, obrigando a rememorar os fatos e as comoções, prolongando as amarguras.
Em face da morte, é claro, até os ateus pensam com respeito; se os crentes o fazem pela significação da responsabilidade, o ateu o faz pela perda de tudo que lhe tem valor, que é a vida consciente, fundamentada nos mancais do afeto e da razão. Todos, porém, encaram a morte com respeito, ainda que uns veiculem o respeito pelos prismas do temor, enquanto que outros o fazem pelas vielas dos sentimentos humanos, onde a simbiose razão e sentimento, forja um estado traumático de abandono e lassidão. Entre os que acreditam em Deus e na imortalidade prevalecem os sentimentos de continuidade, embora em tom místico e funéreo, muitas vezes supersticiosos e até macabro. Os que pretendem matar a vida com a transformação da matéria, quase sempre mais abrutalhados, embora também quase sempre mais humanos, o sentimento de negação os faz modificar mais depressa o estado de choque.
Assim foi que ouvimos conversas de variantes matizes concepcionais: uns afirmando que a morte põe cabo a tudo; outros dizendo que até o Juízo Final de nada adiantaria pensar; outros afirmando que as missas garantiriam melhor estado ao morto; outros repetindo que, a morte não existindo, cumpria cogitar do bem estar dos trespassados, assim como fosse possível, segundo leis e recursos conferidos por Deus.
A questão é que cada qual fala de seus conhecimentos recalcados, esquecendo o efeito das tradições alheias em benefício de suas tradições, muitas vezes de concepções que chegaram a admitir com tremendos esforços, depois de cruentas lutas íntimas de ordem consciencional. O que levaram tempos a adotar, pretendem que os outros o façam de pronto; o que curtiram dolorosamente, magoando convicções de longa tradição, desejam que os demais resolvam em cinco minutos.
Todos sabem dizer o que os outros devem fazer, até mesmo aqueles que nada fazem. Afirmam com toda a certeza outros tantos, sobre as verdades da morte, como nenhuma certeza conseguem ter de coisinhas da vida mundana. A vontade pura e simples de auxiliar, em casos tais, faz de muita gente séria apenas criaturas ridículas.
Todavia, o reduto familiar estava prevenido, sabendo ouvir, calar e decidir por si mesmo, sem alardes. Dizer algumas palavras de consolo e apoio a uma viúva com três filhos menores é bastante humanitário; mas pretender impor condições de crença e modos de agir é estupidez. Entretanto, foi isso o que nos fez manter a linha mais aconselhável. Uma única vez minha mãe respondeu a alguém, sobre a conveniência de guardar para si toda a sabedoria que armazenava a respeito das verdades de Deus. A piedosa mulher vinha e convidava para irmos ao culto de sua igreja, um dos ramos do protestantismo. Como fosse minha mãe dizendo que não, pois confiava em que Deus não devia gostar de bajulações e engodos, a tal senhora repetia que, por isso, as coisas para nós sempre iriam mal. Minha mãe fez-lhe ver que depois da morte de meu pai, morte que a todos cabe de direito, a única importunação vinha de suas insinuações não reclamadas. Foi o fim daquela amizade, porque a tal senhora era mais sectária do que evangélica.
Aos poucos, como sói acontecer normalmente, os trâmites da vida tomaram conta de todas as cogitações, tendo fim o período de conselhos salvadores. Um dia, ao jantar, perguntei a minha mãe:
– Ninguém mais fala sobre como se vai ao Céu pelo caminho mais curto?
Minha mãe respondeu-me:
– Agora é que eles todos acertaram... Deixar os outros em paz é bem o que Deus deve apreciar.
– Ainda bem! – interveio minha irmã Anita.
Ocorrendo-lhe lembrar o caso, minha mãe perguntou-lhe:
– Foi ontem benzer o sol na cabeça?
– Fui, sim senhora. Dona Alzira mandou-lhe muitas lembranças.
Lúcia, a irmãzinha mais nova, aludiu:
– Foi a melhor amiga... Ensinou o que fazer, sem dar conselhos não pedidos.
Como de hábito, incentivando o respeito pelo próximo e a gratidão pelas amizades, minha mãe observou:
– Sempre que a conduta de uma pessoa não atinge as alturas da impertinência, tudo o mais é boa vontade e merece respeito. Cada qual ofereceu o que tinha e pode, embora alguns com moderação e outros com excessivo ardor temperamental. A senhora Alzira sabe coisas... Por isso, fala menos e faz mais, não dá conselhos a quem não os pediu e não ensina certas verdades a quem julga não merecê-las. Na vida de relações, meus filhos, há que se pôr prudência em tudo; quanto ao que conhecemos sob o nome de religião, muito mais há do que julgam os homens existir. E como sobre tudo se pode falar ou não, segundo como se fale e a quem se fale, em matéria de religião tudo sobe de monta e responsabilidade.
Recordando as palavras do senhor Tristão, durante o velório de meu pai, ventilei:
– O farmacêutico é um tipo interessante, julgado religiosamente; de tudo fala em tese, procurando uma Verdade que deve existir ou ser, ficando sempre à margem das religiões. Discute sempre e nunca manda fazer isto ou aquilo. Sua Verdade é teórica, abstrata, existe no plano dos ideais irrealizáveis. Por isso, vive em luta íntima constante, esbravejando contra o mundo, brigando com todos e nada fazendo de prático. Todavia, é um homem bom, humanitário.
– Quem lhe falou assim? – inquiriu-me ela, sorrindo.
– Meu professor – respondi.
– Quem o fez abordar a questão? – tornou ela, inteligente.
– Eu...
– Por quê?
– Porque a conversa que tivemos, no dia da morte de papai, fez-me pensar e muito. Consultei o meu professor sob alguns pontos, depois das aulas, por noites a fio. Como é versado em Filosofia, andou a me relatar teorias e mais teorias, terminando por dizer que se Deus fosse como certos homens pensam, tudo poderia ser, menos Deus. Quanto ao farmacêutico, senhor Tristão, disse que tem idéias ocultistas, porém que lhe faltam melhores instruções.
Minha mãe referiu-se ao professor, com palavras amáveis:
– O professor Lago é amigo de muitos anos. Fomos colegas na Escola Mista durante alguns anos, antes de me casar, quando abandonei o magistério. É um homem honestíssimo, que a si mesmo promete retidão de conduta e não transige. Discute as filosofias, mas conserva a sua filosofia. Crê num Deus, num Princípio, procurando senti-Lo através da chamada Criação e compreendê-Lo através dos fenômenos da vida. Não conseguindo admitir outros caminhos que não sejam os da Justiça, do Bem, da Verdade, da Harmonia e do Amor sublimado, pauta a vida com retidão. Não acredita em petições formais, não se sujeita a rituais, achando que isso tudo é material profano, material que ludibria a uns em proveito dos interesses subalternos de outros. E justifica sua convicção com o recurso de fortíssima dialética, pois enquanto afirma que os mais devotos são aqueles mesmos que procedem na maioria das vezes com mais indecência, afirma também que Deus sempre demonstra agir através de leis e de fatos, como a chamada Criação o comprova.
Satisfeito de ouvi-la assim falar, e admirado por não havê-lo feito antes, indaguei:
– A senhora jamais abordou semelhantes fatos, nem disse antes uma palavra sequer sobre o professor Lago. Conhecendo-o tão bem, e sabendo algumas verdades interessantes, por que não conversou antes a tal respeito? Não sei se é por influência da morte de papai, ou se apenas pela conversa do senhor Tristão, mas a realidade é que me sinto voltado para os pensamentos mais avançados, para as coisas de caráter acentuadamente espirituais.
Tomando ar de quem medita em questões sérias, respondeu-me ela:
– Primeiro foi a doença de seu pai, enquanto você, meu filho, sendo o mais velho, ganhava os dezesseis anos. Depois, segundo o meu modo de pensar, queria vê-lo atingir a idade propícia a esses assuntos. Quero dizer, agora que o sei envolvido em pensamentos e questões tão úteis e interessantes, que não é tudo ficar com os saberes e as concepções do professor Lago; há mais, em Deus, para Seus filhos, do que apenas isso que agora lhe parece muito. Dê-me algum tempo e fá-lo-ei conhecer outras teorias e outras práticas. Enquanto for esperando, como é jovem e os jovens são facilmente maleáveis, tenha sempre em mente que além daquilo que ouvir, que os outros lhe disserem, embora lhe pareçam tais insinuações muito justas e até mesmo únicas verdades, lembre-se, meu filho, que todos somos filhos de Deus, que Deus nunca faz a ninguém favores nem desaforos e que as portas do conhecimento jamais serão por Ele fechadas a quem quer que seja. Mantenha a sua mente acima de insinuações, à margem de exigências sectárias, longe das estreitezas do mundo religioso formal. Nenhum conhecimento, neste mundo, é mais erradamente aplicado; porque em nome da religião se fazem todas as asneiras, se dizem todos os impropérios; quem compra ofertas de homens não é melhor do que aqueles que vendem. E, de modo geral, perante Deus todos somos iguais em natureza e finalidade. Saiba ouvir, assimilar o quê for bom e nunca perder a sua personalidade. O verdadeiro saber faz criaturas livres e não escravas. Os verdadeiros mestres passam adiante os ensinos, jamais querem coagir e dominar.
Ela estacou, em certo momento, para meditar um pouco; enquanto ela raciocinava, minha irmã Anita adiantou-se, meio revoltada:
– O padre disse, domingo, que Dona Alzira é feiticeira. Eu acho que o padre não sabe que ela benze os doentes... Se ele tivesse alguma doença, e precisasse, não diria essas coisas de Dona Alzira.
Entretido naquilo que minha mãe iria dizer, nada lhe respondi. Minha mãe também não o fez, concentrada que estava no assunto que lhe tomava toda a atenção. E quando falou, foi para dizer:
– Quando você completar dezoito anos, permitirei que leia alguns livros que herdei de meu pai, seu avô. Como já lhe disse, meu pai morreu no mar, pois fora marinheiro da esquadra francesa. Os livros que deixou, dedicados a mim, sua filha única, foram as luzes que me guiaram na vida. São livros cheios de sabedoria, extratos de grandes livros ocultistas; resumiu, também, outros tantos ensinamentos, a fim de facilitar a compreensão. Como eu pretendo que vocês todos aprendam o idioma francês, pretendo também que venham a conhecer verdades melhores, verdades que livram, não isso que por aí anda, em nome de Deus e do Cristo, coisas idólatras que servem de meio de vida a muitos parasitas, a homens que exigem a ignorância de seus semelhantes, para se garantirem vida farta e cômoda.
Minha irmãzinha volveu a perguntar:
– Dona Alzira é feiticeira?
Minha mãe sorriu, abanou a cabeça em sinal de desaprovação, dizendo:
– Filhinha, você ainda não pode compreender certas coisas... Todavia, lembre-se, Jesus foi acusado de feiticeiro e crucificado. No Talmud, livro de leis dos rabinos israelitas, está escrito que Jesus, na véspera da Páscoa dos Judeus, foi crucificado por ser feiticeiro. Assim O julgaram os padres daquele tempo, da mesma sorte que assim fazem os padres de hoje, quando alguém sabe e faz aquilo que excede aos formalismos e às negociatas idólatras. Todavia, nunca diga o que lhe estou a dizer, pois ainda é cedo para fazer isso. Dia virá, porém, em que a mentira ruirá por terra, retomando a Verdade o seu devido lugar.
Volvendo aos livros prometidos por minha mãe, falei-lhe:
– Desta hora em diante contarei os dias, até que chegue a hora de poder manusear os livros que o vovô lhe deixou. Enquanto isso, quero ir ouvindo as falas dos senhores Tristão e Lago, procurando reter o que for bom, sem me deixar influir em demasia. Serei um bom policial de minhas idéias e de meus impulsos emotivos.
– Antes de mais nada – interpôs minha mãe – procurem vocês todos aprender bem o francês. Tenho um documento manuscrito, deixado pelo vosso avô, que é a cópia de um grande livro, em rolo, que fora encontrado através de escavações feitas nos locais onde viveram por muitos séculos os Essênios, isto é, a Escola de Profetas hebreus. Vocês irão ver, quando puderem ler, que essa Escola foi a mais importante de todas as chamadas Escolas Antigas, fundadas por grandes missionários, como os Budas, Rama, Crisna, os Zoroastros, Hermes Trimegistro, Orfeu, Apolônio de Tiana, etc.
– É formidável, mamãe! – bradei, entusiasmadíssimo.
– E que diria você, meu filho, se soubesse o que fez Jesus, e que posteriormente os homens corromperam? Já pensou na Igreja Viva de Jesus Cristo, sem cleros exploradores, sem fantasias temporais, sem idolatrias; enfim, toda ela fundamentada na Moral da Lei e nas luminuras da Revelação? Pois vocês irão ler e saber, meus filhos, que importa conhecer a Verdade e repelir a mentira, essa mentira que vige no mundo religioso, apenas para gáudio de seus donos, homens gananciosos que tudo querem para si, propriedades e domínios de toda sorte, homens que ficam nas portas, como disse Jesus, que não entram e proíbem a entrada dos que poderiam fazê-lo...
Lúcia, a caçula, perguntou-lhe, admirada:
– Entrar onde, mamãe?!
Houve risos, é claro, por causa daquela pergunta simples e intempestiva, partida de quem partiu. Após o momento de hilaridade, minha mãe prosseguiu:
– Muitos grandes missionários vieram ao mundo, antes de Jesus Cristo, para revelar da Verdade o possível; Jesus veio para completar a medida, fundando Sua Doutrina sobre a Moral da Lei e as consolações da Revelação informadora. Foi como escancarar as portas da Verdade, ou rasgar o véu dos tempos! Deixou, pois, a Doutrina Excelsa, Doutrina que afirmou ser do Pai, não Sua, por ser Ele apenas o seu transmissor. A Doutrina conduz à Verdade, ao conhecimento; aqueles que ficam nas portas, segundo Jesus, são aqueles que têm interesses clericais, sectários, idólatras e supersticiosos. Para eles a ignorância é sabedoria, a mentira é verdade, e a Verdade maiúscula é como se fosse coisa de satanás.
Anita interrompeu-a:
– Mas o papai não dizia que satanás não existe, que é figura empregada como significando o símbolo do Mal?
Minha mãe repetiu as palavras de que meu pai sempre fazia uso:
– Quem havia de ser satanás, minha filha, sem ser o Mal? Em nome do que fizeram aquilo com Jesus? Quem o fez? Lembre-se, filhinha, que ninguém pode ser a favor e contra a Verdade a um só tempo. E o mundo ainda está cheio de homens, e homens que pretendem ser os donos da consciência alheia, que nada mais fazem do que praticar tremendos erros. Tudo quanto é contrário ao interesse de seus grupos, no assanhamento de seus institutos, onde os fingimentos e os simulacros tudo fazem e tudo valem, porque nada esclarecem e tudo sacrificam, impondo a ignorância; tudo, repito, que é pela Verdade, para tais institutos e tais homens é diabólico, é de satanás. Assim fizeram com Jesus e assim farão com todos aqueles a quem a Verdade interessar de fato, porque os homens que transformam a fé em meio de vida terminam transformando a Verdade em coisa insuportável! Dão para inventar rituais, dogmas, simulacros, vestes fingidas; e arrogarem-se toda a autoridade possível. Aberram tanto, de tal modo se pretendem senhores do pensar e do sentir alheios, que perdem as estribeiras quando são contestados.
Apesar de ter ouvido algumas verdades da boca do professor Lago, referentes à Doutrina de Jesus, e os erros que posteriormente surgiram no mundo, através de Roma, quando no quarto século deram fim ao verdadeiro Cristianismo, implantando a idolatria no lugar da Revelação, eu estava admirado das palavras da minha mãe, de seus conhecimentos e convicções.
– Admira-me – disse-lhe – que sabendo o que sabe, tenha calado até hoje; de minha parte, se vier a ter bons conhecimentos, afianço que os farei conhecidos o quanto puder. Faz poucos dias que vivo a pensar nas coisas de Deus e do espírito; no entanto, pelo que tenho ouvido e sentido, o mundo sofre a falta de melhores conhecimentos, parece que deseja saber e não tem como adquirir o conhecimento. Creio que as pessoas de boa vontade e conhecimentos deviam se organizar, para enfrentar a ignorância que domina sobre os filhos de Deus.
– É perigoso, por ora, falar sobre algumas verdades. – respondeu ela – Mas virá o dia, estamos informados, em que as questões espirituais não serão focalizadas pelo prisma das clerezias nem dos simulacros que às clerezias interessam. Problemas do espírito devem ser tratados espiritualmente, sem fingimentos e sem engodos, de espírito para espírito e com a simplicidade e severidade com que se devem acionar as realidades do cérebro e do coração. Quando a mente e a consciência das centelhas estiverem funcionando livres de idolatrias, ou superiormente, a Humanidade caminhará depressa no rumo dos melhores dias.
– Estão informados por quem? – consultei-a.
Esquiva, ela respondeu:
– Por quem pode e deve informar... Todavia, hoje não quero falar sobre isso. Digo-lhe, apenas, que outros tempos virão, em que para conhecer e amar a Verdade não serão impostos aos filhos de Deus homens empalhaçados e idolatrias. As realidades do espírito serão cultivadas através das virtudes espirituais, isentando-se as criaturas de todo e qualquer formalismo pagão. Lembre-se, meu filho, que ninguém chega a ser grande perante Deus, sem ser espiritualmente sábio e amoroso; e que essas potências derivam do espírito, não de engodos e idolatrias. Se Jesus mandou amar a Deus com toda a força do coração e de toda a inteligência, por ser Deus Espírito e Verdade, assim é que se deve adorar. Os simulacros e os demais engodos, que os homens buscam fora de si, provam simplesmente a falta de virtudes íntimas, a distância em que se acham da Verdade.
Eu estava sob o império da curiosidade, da mais espicaçante curiosidade. Não me seria possível deixar de perguntar-lhe:
– Como a senhora pratica a sua religião, pensando assim? Tenho-a visto, na igreja, entrar e sair sem ajoelhar, sem persignar, sem usar água benta.
Contrafeita, esclareceu:
– É difícil vencer neste mundo, rompendo de uma vez com o ramerrão circulante e por quase todos reverenciado; fosse possível, por estar numa cidade grande, tomaríamos outras resoluções. Aqui, nesta cidade, pequena como é, e com o seu pai doente de mal incurável quase que desde o nosso casamento, não seria possível enveredar para outros caminhos, rompendo com a corrupção e a mentira. Demais, consideramos que vocês haverão de crescer, quando então faríamos coisa diferente, mudando para lugar mais propício. Já que me perguntou, saiba que sou contra tudo quanto é idolatria, tudo quanto é simulacro, seja de vestes, de rituais, de enganosas atitudes. Todavia, lembre-se, mantém a sua boca em silêncio, até que chegue a hora, até que se possa amar a Deus em Espírito e Verdade, tendo por base Moral a Lei e por instrumento informativo a Revelação.
– Revelação!... Em que sentido devemos compreender a Revelação? É a Revelação trazida por Jesus, ou é outra que terá de vir?
Minha mãe levantou-se, dizendo:
– Por
hoje basta, meu filho. E não me pergunte mais sobre estas questões,
antes de saber bem o idioma francês, compreendeu? E quanto à Igreja
de Jesus, é Viva por causa da Revelação e não morta por via da
idolatria. Mais tarde terá de saber outras coisas, aí então
falaremos mais. Agora, trabalhe durante o dia e estude à noite, para
que amanhã seja um bom filho de Deus e não um corrupto, um homem
que cultiva a decência e não alguém que se entrega à inverdade.