Antônio de Pádua - Sermões sobre São Mateus 23,1-12 - Trecho!
Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. Várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber, a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as vêem em nós mesmos.
É viva a palavra quando são as obras que falam. Cessem, peço, os discursos, falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras e por isto amaldiçoados pelo Senhor, porque ele amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, apenas folhas.
Há uma lei para o pregador, diz Gregório, que faça o que prega: Em vão expõe o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras. Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo lhes dava exprimir-se.
Feliz quem fala de acordo com o que o Espírito Santo lhe dá e não de acordo com suas idéias. Pois há alguns que falam segundo seu espírito, roubam palavras de outrem e apresentam-nas como suas e as atribuem a si mesmos. Destes tais e outros semelhantes, diz o Senhor, em Jeremias: Terão de se haver comigo os profetas que roubam as minhas palavras, cada um de seu próximo; Terão de se haver comigo os profetas de língua solta, diz o Senhor, e que falam!
Diz o Senhor: eis que terão de se haver comigo os profetas que sonham mentiras, diz o Senhor, e as contam e seduzem o meu povo com sua mentira e seus portentos; e eu não os mandei nem enviei, a eles que de nenhum proveito são para este povo, diz o Senhor: Falemos, portanto, em conformidade com o que o Espírito Santo nos conceder falar: peçamos-lhe, humilde e devotamente, que nos infunda sua graça, para atingirmos o dia de Pentecostes na perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo; sejamos repletos de veemente espírito de contrição e acesos do testemunho pelas línguas de fogo, a fim de que, ardentes e iluminados nos esplendores!
(Sermões, Natal III, 5).