Capítulo VIII
Chegara
o tempo de ser feita a quinta exposição.
O
discípulo havia lido quanto possível sobre as profecias.
Compreendera vir, de muito longe, a promessa de um derrame de
Espírito, para servir de roteiro luminoso, e consolador de portas
abertas, livre de esoterismos quaisquer.
Na
última reunião feita, juntamente com o jovem sírio, que passara a
tomar parte nos estudos e trabalhos, com vigorosa força de vontade,
disse o Mensageiro ao discípulo:
—
Por estes dias será feita a quinta exposição e última, nesse
sentido. Que a vossa conduta seja boa, exemplares os vossos atos, a
fim de que o equilíbrio espiritual concorra para a melhor lembrança
dos acontecimentos. Sugiro que leiam regularmente bons livros, para
que vossas mentes permaneçam em perene contato vibratório com o
mundo espiritual, e assim possam colher benefícios vários. Se é
certo que as boas obras redundam em boas recompensas, também é
certo que primeiro vem o conhecimento e depois a realização.
Procurai, pois, conhecer, a fim de que possais realizar. As boas
leituras fazem as grandes almas, porque preparam mentes superiores,
inteligências cultivadas e caráteres nobres.
Realmente,
o pequeno grupo espargia sua atividade, contribuía para a iluminação
de quantos ali aportavam, tangidos pela dor ou movidos pela natural
vontade de conhecimentos.
Aos
que vinham pela dor, o Mensageiro ordenava estudos e reforma íntima.
Deviam deixar os vícios e as más palavras; a inveja, o ódio, a
mentira, a calúnia, o ciúme, o adultério, o alcoolismo, o jogo, o
egoísmo. Que se dedicassem às obras de auxílios mútuos, de paz,
de tolerância, de perdão, a fim de que o equilíbrio psíquico
forçasse a cura carnal e o saneamento dos envolvimentos espirituais.
Dera-lhes,
para ser lida e meditada, a seguinte Oração, que vale por um
portento de compreensão das leis de origem, de plano evolutivo e de
finalidades a serem atingidas:
“Sagrado
Princípio do Universo, Origem de tudo e de todos. Na Divina Luz que
Tu és, como filho Teu que sou, desejo espelhar-me, cultivando o AMOR
e a SABEDORIA.
Sei,
Divina Luz Fundamental, que sou herdeiro de Tuas Glórias Inefáveis;
compreendo, Senhor do Infinito, que devo despertar-me no Teu Seio de
Luz e de Poderes, a fim de vir a ser, consoante Teus santos
desígnios, reflexo perfeito das graças e das verdades eternas.
Ampara-me,
ó Luz Divina, para que eu possa vencer as lutas deste mundo! Faze,
Sagrado Princípio, com que Teus Mensageiros guiem meus passos sobre
a Terra! Dá-me, Senhor das vidas e dos destinos, o conhecimento de
Tuas leis, a fim de que eu possa ser útil aos meus irmãos de
jornada!
Pai
Nosso, Fundamento Sagrado, apelo a Jesus Cristo, Diretor Planetário,
a quem enviaste como derramador do Espírito sobre toda a carne, para
merecer a cooperação de Suas legiões iluminadas! Necessitamos,
Senhor, das graças da Revelação, da assistência dos espíritos
misericordiosos. Faze, Jesus, Emissário Divino, que nossos
pensamentos sejam puros, que nossos sentimentos sejam nobres, que
nossas obras sejam dignas exemplificações de Teus ensinos.
Ampara-nos,
Jesus, em nossos anseios de santidade e de sabedoria, a fim de que
possamos viver a paz e a tolerância, o perdão e a solidariedade.
A
dor estende-se pela Humanidade, ó Luzeiro Divino, por falta de
iluminação nas almas! As lágrimas inundam as faces, Divino
Medianeiro, porque os erros habitam os corações e as práticas
humanas!
A
Ti, Jesus, que vieste trazer a toda a carne a Graça e a Verdade,
rogamos o auxílio das lições evangélicas, a palavra e a
orientação dos Mensageiros do Amor!
Atende,
Senhor, aos que rogam a assistência dos instrutores espirituais.
Envia, Senhor, espíritos curadores aos que se acham enfermos e rogam
auxílio. Envolve a Terra, Jesus, com as Tuas falanges de espíritos
piedosos e sábios.
Senhor
Jesus! Que as orações não fiquem sem resposta; que sejam
consolados os aflitos; que os apelos dirigidos ao Céu encontrem
guarida no Teu Imenso Coração!
Vem,
Senhor, e torna a verter lágrimas piedosas sobre as dores da
Humanidade!
Põe
as virtudes curativas, Jesus, nas águas e nas almas, nos cérebros e
nos corações!”
Aos
que vinham tangidos pelo gosto de saber, impulsionados pela chama
interna dos anseios emancipadores, aconselhava continuarem firmes na
senda investigadora, a par dos melhores exemplos na conduta social.
Ressaltava, sempre, que a marca do homem está exposta na sua
conduta, no seu comportamento junto aos irmãos de origem e destino,
mormente aqueles que têm menos, que mais carecem de solicitude e
contribuições edificantes.
Apontava
a necessidade premente dos melhores conhecimentos básicos, pelo
menos em questões doutrinárias, evidenciando que o CRISTO veio
depois das Escolas Esotéricas, por efeito de normas evolutivas
necessárias havendo, por isso mesmo, obrigação de estudos gerais,
de conhecimentos fundamentais, para que se assimilem as verdades
doutrinárias, segundo as linhas ascensionais, progressivas,
culminando no Batismo de Espírito, na REVELAÇÃO ao alcance de
todos.
E
quando alguém lhe fazia alguma pergunta referente ao zelo que punha
no cultivo da REVELAÇÃO, respondia o Mensageiro com inteireza de
exatidão, lembrando a tremenda responsabilidade do uso mediúnico. O
próprio DEUS, dizia ele, para colocar a REVELAÇÃO ao alcance de
toda a carne, enviou o Seu Máximo Representante Planetário, a fim
de realçar a questão no plano das responsabilidades. E afirmava, de
modo radical, que seria melhor nada fazer, do que aplicá-la
contrariando os preceitos normativos da LEI.
Era
comum apontar, como exemplo lapidar, aquele conceito do CRISTO, sobre
não haver perdão para o blasfemo do Espírito Santo. E assim
fazendo, revelava o que era a REVELAÇÃO para Jesus e como deveriam
estimá-la os cristãos. E nós sabíamos que ele estava simplesmente
certo, apenas justo em suas apreciações, porque o Divino Modelo não
só veio trazer a GRAÇA para todos, mas também deixar a marca
inolvidável do mais integral e inelutável exemplo.
O
discípulo aguardou a hora de ser chamado, para ouvir a última
exposição. E a hora chegou, dias depois, normalmente.
Apareceu-lhe
o Mensageiro, dizendo:
—
Vamos ao encontro da quinta exposição.
Partiram,
portanto, no rumo da região determinada. E ao chegarem ao imenso
local, falou-lhe o Mensageiro:
—
Fiquemos na porta de entrada, por algum tempo.
O
discípulo não sabia porque, mas dentro de alguns minutos ficou
sabendo: viu os que vinham sendo trazidos, alguns em melhor estado,
outros em calamitosas condições e situações. Viu o moço dos
ataques, que vinha constrangido e rebelado, sem consciência da
grandeza que estava a repelir; viu a jovem protestante, sorridente e
feliz, acompanhada de dois espíritos luminosos; e viu o jovem sírio,
acompanhado de alguns espíritos amigos, cheios de alegria.
—
Isto é maravilhoso! — exclamou ele, observando o que ocorria.
Inteligente,
o Mensageiro aduziu:
—
Nem para todos... Como pode observar, a LUZ DIVINA que se traduz
pelas mais sublimes lições, converte-se em objeto de repulsa para
alguns irmãos destituídos de compreensão. As obras de preparação,
ou de iniciação, continuam sendo semeaduras naturais e simples, de
nós para os encarnados, porém complexas dos encarnados para nós.
Conforme as ordens superiores, lançamos as sementes em igualdade de
condições, aguardando os respectivos resultados. E, como pode
observar, elas continuam caindo em lugares diferentes, em terras boas
e em terras improdutivas...
—
É lastimável!... — falou o discípulo, constatando o menosprezo
de muitos em relação aos programas pré-traçados no mundo
espiritual, antes do reencarne.
E
o Mensageiro emendou, reduzindo a questão a termos:
—
Realmente. Quem vai à reencarnação e não quer pensar nas sagradas
finalidades da vida, por certo não lhe honra a grandeza da
oportunidade. Malbaratar uma passagem pela carne é preparar outra em
muito piores condições. Todavia, quem renega a importância
fundamental do AMOR e da CIÊNCIA, logo mais cederá aos imperativos
deprimentes do sofrimento...
Diante
de um que vinha, trazido por quatro servidores, numa padiola, por
estar gravemente enfermo, disse:
—
Observe esse que aí vem. É um dos aprendizes desta região e local,
que desceu em ótimas condições exteriores, para intentar
necessárias realizações interiores. Entretanto, mergulhado na
matéria, só tem olhos para o mundo e sentidos para viver
animalescamente. As extravagâncias alcoólicas e sexuais já o
minaram, de forma a lhe diminuir os anos de vida, além de lhe
embotarem terrivelmente as possibilidades psíquicas. Ao invés de
cultivar os melhores contatos com o plano de origem, pela conduta
exemplar, tudo tem feito em sentido contrário.
—
É triste! — comentou o discípulo, penalizado.
Acrescentou
o Mensageiro:
—
Note-se que para um em boas condições, também basta um servidor
para trazê-lo, enquanto que ele sozinho ocupa quatro. Observe que o
CÉU cumpre o que promete, para efeito de personalidade individual.
Quando voltar, e chegar a hora de compreender o motivo de tantos
sofrimentos e duras provas no porvir, contra quem poderá falar? A
quem poderá acusar?
O
discípulo ficou a meditar, sem responder coisa alguma; o Mensageiro
continuou, concluindo:
—
Ninguém vai ao mundo carnal para esquecer o CÉU interior que lhe
cumpre desabrochar. É por isso que Jesus encareceu a necessidade de
ORAR e VIGIAR, para não ceder às tentações do mundo. E não é
preciso repetir, que as tentações interiores são piores do que as
exteriores. Egoísmo, orgulho e luxúria são piores do que assaltos
espirituais inferiores. Inveja, falsidade, mentira e ódio conseguem
mais do que falanges maldosas contra a criatura encarnada. A falsa
fé, que descansa nos mancais corruptos da idolatria, da superstição,
do comercialismo religioso e das aparências de culto espiritual,
chafurda mais seres nos abismos do que as perseguições infernais
exteriores.
Em
tom de grave compenetração, murmurou o discípulo:
—
Grave, muito grave é o problema do CÉU interior, a ser desabrochado
da criatura.
Estavam
chegando os dois irmãos expositores, quando o Mensageiro rematou:
—
Convém não esquecer a LEI MORAL... Aquele que foi ao mundo carnal
para derramar do Espírito sobre a carne deu cumprimento à LEI
MORAL. Ninguém cometerá erro, pelo fato de Lhe seguir as pegadas.
*
* *
O
expositor subiu à tribuna, lembrando que seria aquela a última
exposição da série. Haveria sempre novas séries, para novos
discípulos e aprendizes. Entretanto, lembrava a importância de não
haver vantagem nas repetições.
E
ressalvou a demora entre a quarta e a quinta lições, tecendo
considerações em torno dos estudos que deviam ser feitos pelos
aprendizes. Como estivesse de Bíblia na mão, fez breve
recapitulação das quatro lições anteriores, dizendo que a chamada
Sabedoria Antiga, ou Esotérica, nunca seria menos do que a
introdutora do Batismo de Espírito, trazido pelo CRISTO.
—
Lembrem-se, — afirmou ele, — que os antigos Grandes Mestres
deixaram seus ensinos, e desencarnaram, assim ficando. Quanto ao
CRISTO, somente saldou a celeste promessa do Batismo do Espírito
Santo, depois de voltar como Espírito. É conveniente saber,
portanto, que a Igreja Viva foi edificada sobre a REVELAÇÃO, pelo
único Mestre que ultrapassou os poderes da morte, regressando como
Espírito, a fim de epilogar a Sua função missionária. Buscai nas
páginas gloriosas da História Religiosa, e não encontrareis fato
semelhante!
O
ambiente fremia, porque o expositor falava, agora, com tremendo
vigor. Sua palavra parecia invadir os corpos espirituais, penetrar
nas mentes e ir radicar-se nas profundezas da centelha espiritual.
Erguendo
a Bíblia, com o braço direito, exclamou:
—
Eis aqui um Livro, o Livro que por tantas alterações passou! Foi
escrito por muitos Emissários! Foi queimado! Foi reescrito! Sofreu
alterações e também conservou a alma de suas afirmações
essenciais! Nele é que iremos encontrar, pura e simplesmente, qual
tenha sido a função missionária do CRISTO!
Debaixo
de grande expectação, começou a ler os textos proféticos do
Batismo de Espírito; era a palavra do CÉU, que avisava a
Humanidade, sobre Aquele que viria escancarar as portas dos Templos
Iniciáticos:
“Eis
aqui o meu servo, eu o amparei; o meu escolhido, nele pôs a minha
alma a sua complacência; sobre ele derramei o meu Espírito e ele
promulgará a justiça às nações”. (Isaías, 42-1).
“Eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e seu nome será
Emmanuel”. (Isaías, 7-14).
“E
descerá sobre ele o Espírito do Senhor; Espírito de sabedoria e de
entendimento, Espírito de conselho e de fortaleza, Espírito de
ciência e de piedade”. (Isaías, 11-2).
“O
Espírito do Senhor repousou sobre mim, porque o Senhor me encheu da
sua unção; Ele me enviou para evangelizar os mansos, para curar os
contritos de coração, e pregar remissão aos cativos e soltura aos
encarcerados”. (Isaías, 61-1).
E
lembrou o expositor, confrontando, as palavras proferidas pelo
Apóstolo Pedro, quando mais tarde teve cumprimento a celeste
promessa; diante da multidão espantada, eis como falou, explicando o
fenômeno:
“Assim
que, exaltado pela dextra de Deus, e havendo recebido do Pai a
promessa do Espírito, derramou sobre nós a este, a quem vós vedes
e ouvis”. (Atos, 2-33).
Feita
a observação, volveu aos textos proféticos:
“Subiste
ao alto, fizeste escrava a escravidão; tomaste dons para
distribuíres aos homens, ainda aos que não acreditavam estar Deus
entre eles”. (Salmos, 67-19).
“Enviarás
o teu Espírito, e serão criados. E renovarás a face da terra”.
(Salmos, 103-30).
“Até
que sobre nós se derrame o Espírito lá do alto, e o deserto se
tornará em Carmelo, e o Carmelo será reputado como um bosque”.
(Isaías, 32-15).
“Porque
eu derramarei água sobre a terra sequiosa, e rios sobre a seca;
derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção
sobre a tua descendência”. (Isaías, 44-3).
“E
eu lhes darei um mesmo coração, e derramarei em suas entranhas um
novo Espírito, e tirarei da sua carne o coração de pedra, e
dar-lhes-ei um coração de carne”. (Ezequiel, 11-19).
“E
porei o meu Espírito no meio de vós, e farei que vós andeis nos
meus preceitos, e que guardeis as minhas ordenanças”. (Ezequiel,
36-27).
“E
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, os vossos velhos serão instruídos por
sonhos, e os vossos mancebos terão visões”. (Joel, 2-28).
Em
meio ao silêncio reinante, que se fez com o estacato, rompeu a voz
possante do expositor, exclamando:
—
Eis aí, meus irmãos, a tarefa que cumpriria ao CRISTO! Porque
alguém viria ao mundo, com a gloriosa missão de Batizar em
Espírito, a fim de colocar a VERDADE ao alcance de todos!
E
passou os textos do Evangelho, isto é, aqueles textos documentários
que confirmam a função missionária de Jesus; eram as palavras do
Precursor, daquele que, vindo na frente, apresentaria o derramador do
Espírito sobre a carne:
“E
eu não o conhecia, mas por isso eu vim batizar em água, para Ele
ser conhecido em Israel...
Aquele
sobre que tu vires descer o Espírito, e repousar sobre ele, esse é
o que batiza no Espírito Santo”. (João, 1-31 a 33).
“...
ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo”. (Mateus, 3-11).
“Porque
a Lei foi dada por Moisés, a Graça e a Verdade foram trazidas por
Jesus Cristo”. (João, 1-17).
Após
a leitura do último texto, que é de João Evangelista, lembrou o
expositor as palavras seguintes, do mesmo Apóstolo, para significar
quanto Jesus estava empossado de função missionária:
“Porque
aquele, a quem Deus enviou, esse fala palavras de Deus; porque não
lhe dá Deus o Espírito por medida”. (João, 3-34).
E
prosseguiu, passando adiante as palavras do próprio Jesus, sobre a
missão que Lhe cumpria executar; porque a LEI já vinha de muito
antes, havendo sido renovada no seio dos tempos e dos povos, conforme
o comprovam antiquíssimos documentos búdicos, também sendo exato
que a VERDADE, ou ensinos da REVELAÇÃO, pairavam trancafiados nos
Templos Iniciáticos, dentre os quais os Essênios fulguravam, pelo
recato de suas práticas.
“Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. (João, 14-26).
“O
que crê em mim, como diz a Escritura, do seu ventre correrão rios
de água viva. Isto porém dizia ele, falando do Espírito que haviam
de receber os que cressem nele; porque o Espírito não fora dado,
por não ter sido ainda glorificado Jesus”. (João, 7-38 e 39).
“...
porque se eu não for, não virá a vós o Consolador, mas se for,
enviar-vo-lo-ei”. (João, 16-7).
“Quando
vier porém aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as
verdades, porque ele não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que estão para acontecer”.
(João, 16-13).
Feita
a leitura das palavras de Jesus, sobre a GRAÇA da REVELAÇÃO que
seria oferecida a toda a carne, passou o expositor a tecer alguns
comentários a respeito das escalas espirituais, das hierarquias
vigentes, através das quais as verdades de DEUS são realmente
transmitidas aos encarnados.
Advertiu,
também, que aos espíritos em geral é permitido comunicar, para que
a realidade seja conhecida. Lembrou a necessidade perene de severa
vigilância nas obras, porque é pelas obras nefandas que os homens
abrem caminho aos espíritos de baixo calão, mentirosos e
enganadores. Asseverou, também, que ninguém chega a ter contato com
quem deseje, mas sim com quem mereça ter, segundo viva em
concordância com a LEI MORAL.
Como
fosse entrar para as coisas que aconteceram após a crucificação,
renovou as palavras anteriores salientando que somente o CRISTO,
desde todos os tempos, retornara em Espírito, a fim de executar a
promessa do batismo em REVELAÇÃO.
“Aos
quais se manifestou a si mesmo vivo, com muitas provas depois da sua
paixão, aparecendo-lhes por quarenta dias, e falando-lhes do Reino
de Deus.
E
comendo com eles, ordenou-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas
que esperassem a promessa do Pai, que ouvistes da minha boca, disse
ele. Porque João na verdade batizou em água, mas vós sereis
batizados no Espírito Santo, não muito depois destes dias”.
(Atos, 1-3 a 5).
“Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e
ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, e em toda a Judéia, a Samaria,
e até às extremidades da terra”. (Atos, 1-8).
Sobre
o Pentecostes, ou início da Igreja Viva de Jesus Cristo, disse o
expositor:
—Ouvistes,
nas quatro primeiras exposições, quanto foram esotéricas as
primeiras Grandes Revelações; e tivestes ensejo de ouvir que um dia
viria alguém, a fim de abrir as portas da VERDADE a toda carne. Eis
que estamos defronte ao Pentecostes, a obra que fundiu todas as
Revelações, que englobou todos os verdadeiros Grandes Mestres em um
só DIVINO MESTRE! Eis que a iniciação tornada franca, ampla,
começou com os Apóstolos e mais algumas dezenas de pessoas, a fim
de ir aos poucos envolvendo a Terra, ganhando a Humanidade para a
VERDADE!
E
fez a leitura dos textos esclarecedores:
“E
quando se completavam os dias de Pentecostes, estavam todos juntos
num mesmo lugar.
E
de repente veio do céu um estrondo, como do vento que assoprava com
ímpeto, e encheu toda a casa onde estavam assentados.
E
lhes apareceram repartidas umas como línguas de fogo, que repousaram
sobre cada um deles.
E
foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em várias
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.
(Atos 2-1 a 4).
“Assim
que, exaltado pela dextra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa
do Espírito, derramou sobre nós a este, a quem vedes e ouvis”.
(Atos, 2-33).
“Fazei
penitência, e cada um de nós seja batizado em nome de Jesus Cristo,
e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque para vós é a
promessa, e para vossos filhos, e para todos os que estão longe,
quantos chamar a si o Senhor nosso Deus”. (Atos, 2-38 e 39).
Estava
cumprida a promessa, — disse-lhes o expositor; — estavam abertas
as portas da iniciação a todos os povos da terra! O véu do templo
se rasgara de alto a baixo! Desaparecera o chamado Véu de Ísis, que
significava a necessidade de manter a VERDADE sob a reserva
esotérica. A Graça e a Verdade, vindas para todos por meio de Jesus
Cristo, estavam entregues à Humanidade.
Continuando
a leitura, evidenciou os efeitos da REVELAÇÃO; porque ela marchava
com os seguidores do CRISTO, continuando a fazer Apóstolos e
prosélitos:
“Estando
Pedro ainda proferindo estas palavras, desceu o Espírito Santo sobre
todos os que ouviam a palavra”. (Atos, 10-44).
“E
como eu tivesse começado a falar, desceu o Espírito Santo sobre
eles, assim como também tinha descido sobre nós no princípio”.
(Atos, 11-15).
“E havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito
Santo, e falaram em diversas línguas, e profetizaram”. (Atos,
19-6).
“A
caridade de Deus está derramada em nossos corações, pelo Espírito
Santo que nos foi dado”. (Romanos, 5-5).
“Por
eficácia de sinais e prodígios, em virtude de Espírito Santo, de
maneira que, desde Jerusalém e terras comarcãs ao Ilírico, tenho
enchido tudo do Evangelho de Cristo”. (Romanos, 15-19).
“Para
que a benção de Abraão fosse comunicada aos gentios em Jesus
Cristo, a fim de que, pela fé, recebamos a promessa do Espírito”.
(Gálatas, 3-14).
“O
qual em outras gerações não foi conhecido dos filhos dos homens,
assim como agora tem sido revelado aos santos apóstolos e profetas
pelo Espírito: que os gentios são cordeiros, e incorporados, e
juntamente participantes de sua promessa em Jesus Cristo, pelo
Evangelho”. (Efésios, 3-5 e 6).
Diante
destas últimas afirmativas, de que pelo Batismo de Espírito foram
eliminados os conceitos de pagão e gentio, o expositor fez preciosa
observação, encarecendo a obra maravilhosa de Jesus Cristo,
envolvendo num Divino Amplexo toda a Humanidade.
“Não
extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai porém
tudo, e abraçai o que é bom”. (I Tessalon., 5-19 a 21).
“Guarda
o bom depósito pelo Espírito Santo, que habita em nós outros”.
(II Timóteo, 1-14).
“Confirmando-a
ao mesmo tempo Deus com sinais e maravilhas, e com virtudes diversas,
e com dons do Espírito Santo, que repartiu segundo a sua vontade”.
(Hebreus, 2-4).
“Porque
em nenhum tempo foi dada a profecia pela vontade dos homens; mas os
homens santos de Deus é que falaram, inspirados pelo Espírito
Santo”. (II Pedro, 2-21).
“Ora,
o que guarda os seus mandamentos está em Deus, e Deus nele, e nisto
sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu”. (I
João, 3-24).
“Caríssimos,
não creais a todo o Espírito, mas provai se os Espíritos são de
Deus, porque são muitos os falsos profetas que se hão levantado no
mundo”. (I João, 4-1).
“Aquele
que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (reuniões
de crentes): o que sair vencedor, ficará ileso da segunda morte”.
(Apocalipse, 2-11).
O
expositor, depois de alinhar tão grande número de textos
comprovativos da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, edificada sobre a
REVELAÇÃO, teceu comentários sobre as nove faculdades
fundamentais, segundo Paulo entendeu e pregou. Passaremos adiante o
texto bíblico, para que cada qual analise e tire o melhor proveito.
“E
sobre os dons espirituais, não quero, irmãos, que vivais em
ignorância. Sabeis que, quando éreis gentios, concorríeis aos
simulacros mudos, conforme éreis levados.
Portanto
faço-vos saber que ninguém, que fala pelo Espírito de Deus, diz
anátema a Jesus. E ninguém pode dizer, Senhor Jesus, senão pelo
Espírito Santo.
Há
pois repartição de graças, mas um mesmo é o Espírito. E os
ministérios são diversos, mas um mesmo é o Senhor.
Também
as operações são diversas, mas um mesmo Deus é o que obra tudo em
todos.
E
a cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito.
Porque
a um,pelo Espírito, é dada a palavra de sabedoria; a outro porém é
dada a palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito.
A
outro a fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar as
doenças, em um mesmo Espírito.
A
outro a operação de milagres; a outro a profecia; a outro o
discernimento dos Espíritos; a outro a variedade de línguas e a
outro a interpretação das palavras.
Mas
todas estas coisas obra só um, e o mesmo Espírito, repartindo a
cada um como quer”. (I Coríntios, 12-1 a 11).
Não
se esqueceu o expositor, de encarecer o devido discernimento, pois
não se deve confundir a UNIDADE DOUTRINÁRIA do Batismo de Espírito,
com as diversas manifestações mediúnicas e os variantes graus e
matizes da escala hierárquica espiritual. Um é o Fundamento da
IGREJA, edificada sobre a REVELAÇÃO, quando muitas são as
variantes mediúnicas e infinitas as gradações da escala
espiritual.
Devemos
lembrar, de nossa parte, que sempre é bom situar o expositor na
época histórica, e no seu alcance discernitivo, fazendo o melhor
possível dentro dos limites de suas possibilidades interpretativas.
Convém lembrar aquelas palavras de Jesus, sobre serem muitas as
verdades ainda não ensinadas, por causa do pouco entendimento das
gentes.
O
expositor leu, a seguir, o texto que deveria ser o penhor de conduta
de todos os crentes em Jesus Cristo; porque é impossível ser
cristão, sendo inimigo da REVELAÇÃO.
Comentou
ele a conversão de Paulo, através de um grandioso fenômeno
revelacionista, afirmando ter sido, dali em diante, o maior pregador
e pugnador da IGREJA VIVA do CRISTO, quer fosse pela sua cultura e
compreensão, quer fosse pela sua indômita coragem diante dos
mortais perigos que teve de enfrentar.
Depois
da reunião do Pentecostes, que ficou sendo o modelo das reuniões,
Paulo foi o verdadeiro arauto de seus prolongamentos pelo mundo; onde
quer que fosse, em meio a quaisquer perigos, ensinava e dava exemplos
sobre a Graça e a Verdade trazidas por Jesus Cristo. As reuniões
espiritualitas, ensinadas pelo Apóstolo dos Gentios, foram simples e
livres de quaisquer aparatos; a importância estava na inteligência
sadia e nos mais nobres sentimentos esposados. Eis como ele ensinou a
fazer uso do Batismo de Espírito:
“Se,
pois, toda a igreja se congregar em um corpo, e todos falarem línguas
diversas, e entrarem então idiotas, ou infiéis, não dirão
porventura que estais loucos?
Porém,
se profetizarem todos, e entrar ali um infiel, ou um idiota, de todos
é convencido, de todos é julgado.
As
coisas ocultas do seu coração fazem-se manifestas, e, assim,
prostrado com a face em terra, adorará a Deus, declarando que Deus
verdadeiramente está entre nós.
Pois
que haveis de proceder, irmãos? Quando vos reunirdes, se cada um de
vós tem o dom de compor salmos, tem o de doutrina, tem o de
revelação, tem o de línguas, tem o de as interpretar, faça-se
tudo isto para edificação.
Ou
se alguns têm o dom de línguas, não falem senão dois, ou quando
muito três, e um depois do outro, e haja algum que interprete o que
eles disserem.
E
se não houver intérprete, estejam calados na igreja, e não falem
senão consigo, e com Deus.
Pelo
que toca porém aos profetas, falem também só dois, ou três, e os
mais julguem o que ouvirem.
E
se neste tempo for feita qualquer revelação a algum outro, dos que
se acham assentados, cale-se o que falava primeiro...”. (I
Coríntios, 14-23 a 30).
Terminada
a leitura do último texto, o expositor olhou para a vastidão do
ambiente, com o seu mais indagador olhar, perguntando:
—
Sabeis agora, meus irmãos, quais foram a Graça e a Verdade que
Jesus foi levar ao mundo carnal? Entendeis que coisa significa ter
aberto as portas dos Templos Iniciáticos, entregando a REVELAÇÃO a
toda carne?
Um
vozerio tremendo se fez, porque muitos milhares de irmãos
responderam que sim.
Continuando
a olhar, com seu penetrante olhar, tornou a perguntar:
—
Sabeis agora, irmãos, que espécie de Igreja Viva deixou CRISTO no
mundo? Compreendeis o fundamento e a finalidade da função
missionária do CRISTO?
Outra
vez o ruído tonitroante prorrompeu, enchendo o vastíssimo salão. E
o expositor volveu a perguntar:
—
Sabeis, agora, que sistema de reunir tiveram os Apóstolos e seus
continuadores, para manter contato com o mundo espiritual?
Compreendestes, enfim, que era uma Igreja Viva, sem cleros e sem
formalismos, sem vestes fingidas e sem rituais, sem idolatrias e sem
fetichismos? Tendes concluído, então, que a questão espiritual é
essencialmente uma questão de AMOR e de SABEDORIA, e que, portanto,
jamais deixará de ser uma questão de consciência?
Grandiosa
foi a resposta, que reboou pelo imenso e lotadíssimo salão.
Tornando
a passar os olhos pela assembléia, com voz branda anunciou:
—
Para vocês está finda a série de lições. Tereis no mundo, agora,
os ensinos de vossos instrutores, de vossos guias e amigos
espirituais. Lamento que muitos de vós estejais entregues ao poder
do mundo, aos vícios e aos embotamentos psíquicos... Porém,
alegro-me com as graças de DEUS, porque as lições foram dadas a
todos, sem exceção. Estão sendo cumpridas, portanto, as promessas
do CRISTO! Ide, irmãos, porque os trabalhos vos esperam, e, para
aqueles que se fizerem dignos, grandes colheitas haverá no Celeiro
de Jesus Cristo!
Debaixo
de profunda emoção é que a imensa assistência deixou o salão.
Enquanto
o discípulo enxugava a sua lágrima de gratidão ao pé do leito,
sobre o qual o seu corpo jazia, falou-lhe o Mensageiro, com olhar
magnânimo:
—
Rende graças a Deus, adquire conhecimentos e trabalha, que a Fonte
Divina é pródiga ao infinito. Todavia, não te esqueças, ama ao
teu próximo, faze pela sua evolução o quanto possas; enxuga suas
lágrimas, conforta os corações aflitos...
E
o discípulo sentiu-se acordado, consciente de tudo quanto ocorrera.
Extraído do livro: LEI, GRAÇA E VERDADE