Capítulo
XV
Estávamos,
dias depois daquela gloriosa manifestação do Céu, conversando e
tecendo considerações em torno de vários assuntos. Primeiro foram
comentados os lugares de treva densa e terríveis sofrimentos, depois
as zonas menos densas e de menos sofrimentos, depois as faixas
ensombradas ou já de primeiros socorros. E como de costume, o final
é reconhecer a Sabedoria Divina, que tudo dispõe e faz funcionar,
para que cada um vá recebendo segundo os seus merecimentos.
Depois
vieram as conversas sofríveis, porque cada um começou a fazer
comparações entre as mentiras ensinadas pelas religiões e as
Verdades que todos vêm a encontrar por aqui. E os dois antigos
protestantes (porque aquele reverendo já estava formando na comitiva
de aprendizes da Verdade sem rótulos e acima de manobrismos
comercialistas terrenos) lastimavam o tempo perdido, e o tempo que
milhares de outros perdiam, no mundo, ouvindo ignorâncias, erros e
absurdos, como se fossem palavras de Deus e decretos eternos.
Realmente, a mania de inventarem rituais e escapulários, absolvições
e perdão de culpas, sacramentismos e outras tantas formalidades, e
impô-las como se fossem essas artimanhas as que libertam o espírito,
e através de uma única vida, é uma falsidade muito grande, vale
por traição escabrosa praticada contra legiões de filhos de Deus.
E o protestantismo, com as suas manias de pretender lavar os pecados
no sangue de Jesus, e com isso adquirir o direito de blasfemar contra
as Leis Divinas, o que representa, a não ser uma arapuca
desalentadora, obrigando a viver e a desencarnar ignorante?
Porque
uns e outros, errados de variantes modos, comparecem diante da vida
espiritual, e no seu seio, mal informados e mal colocados, cheios de
falsas esperanças e de terríveis desilusões, quando poderiam
compreender a realidade, a Origem Divina, o Processo Evolutivo lento
e seguro, e a Sagrada Finalidade a ser aos poucos atingida, com o
espírito gozando as vantagens palmo a palmo conseguidas, pois muito
antes de atingir a Unidade Crística, gloriosas alegrias celestiais
se lhe fazem merecidas.
Chegou-se
a nós o antigo incrédulo que aos poucos conseguia controlar seus
ímpetos, e observando as fisionomias cerradas, os semblantes
contritos, ficou à espera de que alguém dissesse dos motivos
daquela sessão de desalento. E como a palavra veio do antigo pastor,
espírito de caráter escampo, e, portanto, muito mais acessível,
ele mais uma vez aproveitou a deixa para comentar:
– É
isso!... Na Terra sabiam mais do que Deus, e aqui vivem curtindo toda
sorte de arrependimentos e torturas!
O
antigo reverendo resmungou:
– Pudera!...
Um incrédulo!...
Ali
não mais se encontrava um Celestino, para cortar pela base a
contenda, e a sorte é que apareceu uma jovem, informando:
– O
chefe dos serviços psicométricos avisa-os para estarem alerta,
porque há um convite superior a ser atendido.
Cada
qual saiu à procura de companheiros para transmitir o aviso, e com
isso a tertúlia rabugenta morreu no nascedouro. Mais tarde, porém,
quando todos estavam reunidos na praça ajardinada, onde comumente se
reuniam, o reverendo topou-o conversando com dois outros irmãos, e
não retendo a vontade de revide, perguntou-lhe com ironia:
– Está
fazendo progressos razoáveis para o seu partido?...
O
antigo incrédulo fitou-o bem, olhou para a Bíblia que o reverendo
levava debaixo do braço e respondeu, com muita serenidade:
– Enganou-se,
prezado reverendo... Eu ia dizer aos meus dois irmãos presentes, que
foi nesse livro que Deus aprendeu tudo quanto veio a saber, e do que
Se valeu, para emanar os mundos e as humanidades...
Ninguém
mais teve tempo de falar, porque a mensagem mental chegou, e todos
nos dirigimos para o pavilhão dos serviços psicométricos. E lá
chegando, soubemos de uma caravana que se formava, a fim de visitar
vários departamentos de planos um pouco superiores, como fossem
hospitais, berçários, estufas, reformatórios, escolas para futuros
reencarnes, escolas para aprendizes socorristas, laboratórios,
templos de oração, recintos de conferências, etc.
Antes
da partida, minutos depois, disse o chefe da comitiva, um espírito
vindo de região bastante superior:
– Em
virtude de estar a Terra em trânsito para a maturidade, ou segunda
meia-idade, grandes movimentos socorristas se estão operando, tendo
por conseqüência vastos trabalhos de variada ordem e necessários
efeitos. Deve saber que coincidem vários eventos, como sejam: o
término dos trabalhos restauradores da Excelsa Doutrina do Caminho,
a transição cíclico-histórica mais importante da história do
Planeta e a separação entre cabritos e ovelhas. Estes três
fatores, entretanto, somados ao reaparecimento do Continente Atlante,
ou descobrimento da América, são os que marcam fundamentalmente a
importância dos trabalhos conseqüentes. E como também já é do
vosso conhecimento, que os trabalhos socorristas estão sob o comando
de Maria, e das legiões de Marias e outros vários escalões de
servidores, informo-lhes que é dela o convite para a visita que
devemos fazer, e que será dividida em etapas.
Houve
um murmúrio ao pronunciar ele o nome de Maria, e foi quando
observou:
– Ninguém,
dos já postados em esferas superiores, precisa de exaltação ou de
exageros quaisquer. Compreensão e amor, eis as divisas
indispensáveis. E se quiserem conhecer um comportamento perfeito,
lembrem-se de que Maria é o símbolo de todas as mães, devendo ser
recebida, sempre, como se fosse ela a mãe de cada um de nós. Deixem
os lastros religiosistas de lado, para que reconheçam nos irmãos em
tudo, apenas elementos que podem estar colocados no mesmo nível,
para baixo ou para cima. E quando quiserem pensar nos já Verbos
Divinos, também o façam com os devidos respeitos às Leis Divinas,
pois ninguém jamais foi feito especial por Deus, o nosso Pai Divino.
Fez
silêncio, passou o olhar pela assembléia atenta e, como que
penetrando o imo de cada um, concluiu:
– Não
pensem agora, como pensaram naqueles dias primevos, quando animais,
árvores, o sol, a lua, o trovão, certos ídolos e alguns espíritos
tornados visíveis eram tidos como se fossem o chamado Criador.
Lembrem-se de que Pai só Deus o é, sendo o mais tudo Emanação, e
os espíritos, inclusive os já cristificados, nada mais são do que
irmãos, embora designados, pelo mesmo Único Pai Divino, para serem
Altas Autoridades, Condutores de mundos e de humanidades. Respeitem o
grau atingido, mas não fabriquem fanatismos e pieguismos. Tomem os
maiores como irmãos instrutores, mas deixem de parte as condutas que
filtram exaltações inconvenientes. Aprendam a simplicidade com os
maiores, pois eles sabem que o Pai Divino é divinamente simples e
que fora da simplicidade ninguém atingirá o Grau Crístico.
Era
esplendente o mentor que falava, e porque dele irradiava uma
celestial energia, as lágrimas foram escorrendo pelas faces dos
presentes.
Depois
de breve silêncio, comandou:
– Liguem-se
a mim mentalmente e vamos a um plano pouco mais elevado.
E
lentamente a comitiva partiu, não verticalmente, mas observando
certo grau de inclinação. Pelo visto, apenas centenas de metros
acima do nosso plano, porém já evidenciando melhoria, uma certa
porcentagem de mais Céu, diremos assim, pois tudo já era mais
suave, colorido e musical.
Paramos
num platô arborizado e florido, muito igual ao chão terrícola na
forma, porém diferente quanto à sublimidade, que era e é evidente,
pois tudo continua, aguardando a chegada de quem for merecendo. Os
reinos espirituais, saibam de uma vez por todas, datam desde o tempo
em que o homem começou a habitar o chão terrícola, embora as
organizações, as construções e todos os matizes de utilidades à
vida coletiva, tenham sido levadas a termo, conforme as necessidades,
tendo em vista as comoções em geral, a vida das Raças, dos Povos e
dos indivíduos, através dos tempos e dos cataclismos que fizeram
mudar a configuração dos Continentes, com as respectivas migrações
de corpos e de almas. Porque os cataclismos, se obrigam a mudar as
feições geográficas terrestres, também obrigam e em muito, a
mudar as condições dos planos espirituais mais próximos da crosta.
Uma vez migrados os corpos, os centros de vida social ou de
civilização, também ou em conseqüência, há mudança nos planos
espirituais próximos. O cataclismo atlante, por exemplo, forçou as
mudanças de profundidade, porque os planos vizinhos à crosta
recebem seus impactos de variada ordem. E o descobrimento, milênios
depois, não poderia significar menos obrigação de mudanças
necessárias. A América ressurge e trilha caminhos novos, porém
caminhos que ainda registram marcas cármicas ponderáveis. E mais
tarde ou mais cedo, os homens estudiosos mais intuitivos, mesmo
desprovidos de intenções iniciáticas, reconhecerão esses fatores
cármico-históricos.
Naquela
planície verdejante, fomos recebidos por um grupo de irmãs, estando
à frente uma jovem muito linda e espiritualmente significante, que
chefiava aquele grupo, e foi quem veio a nós, dirigindo-se ao chefe
de nossa comitiva. Eram muito conhecidos e ele nos disse:
– Conheçam
aquela que conheceu Jesus como o Cristo de Deus, apenas tendo-o visto
pela primeira vez, e que nunca mais abandonou a Ele e à Causa da
Verdade, que Ele representava e representará, até à consumação
evolutiva do Planeta. E as outras queridas irmãs trabalham com ela,
assim como ela e muitas outras compõem a falange de Maria, para os
serviços socorristas.
Enquanto
a Madalena falava conosco, distribuindo a alegria imanente de sua
personalidade, assim mesmo faziam as suas comandadas; mas o fato é
que, de todos os lados, vinham chegando outras mulheres gloriosas,
chefiando outros tantos grupos de mulheres. E dentro em pouco, a
planície estava cheia de vida espiritual, revelando um colorido
indizível, com o sublime acompanhamento de melodias e perfumes
celestiais, sem falar nos ares cheios de lindíssimas aves. Nós
sabíamos, como o sabemos fartamente, que o Reino do Céu é feito de
Reinos Celestiais; que muitos e muitos Reinos existem, mais para fora
do Planeta; mas, para todos nós, do plano inferior, aquelas já
bastante divinizadas irmãs faziam daquele plano um Céu absorvente.
Tudo
estava festivo, quando nas alturas um som profundo em todos os
sentidos se fez ouvir; ele ecoou, como se viesse do Infinito e
marchasse para o Infinito, tal a sua magnitude celestial. E multidões
de estrelas foram se fazendo notar, e as estrelas, aos poucos, foram
tomando a forma de homens brilhantes, gloriosos e comunicativos, pois
descendo até nós, formaram a comunidade dos trabalhadores de Maria,
ou que obedecem ao seu comando socorrista.
Mais
um som divinal se fez ouvir, porém não tinha um sentido de aviso
como o anterior, mas sim de sentimento maternal, como se fosse um
Hino à Maternidade, um Cântico do Berço. E a estrela vinha, desde
as alturas, com o rosto de Maria no centro. Entretanto, foi perdendo
em brilho e foi ganhando em forma. Quando pôs os pés no gramado,
era uma mulher de uns vinte e cinco anos, vestida de branco e com um
manto azul, todo estrelado, porém com as estrelas restringidas em
seu brilho divinal. Ela era, no meio de nós, a mãe querida e
simples de todos os presentes.
Nada
convidava, nela, a pensar em especialidades quaisquer, em exaltações
religiosistas ou piegas, e sim forçava até, a pensar nas Leis
Divinas, que traçam destinos comuns, porque divinamente comum é a
origem e também a finalidade da vida. Tudo nela dizia sem falar,
para que cada um compreendesse as Leis Regentes, reconhecendo que
todos os postos da hierarquia espiritual são acessíveis a todos os
filhos de Deus, porque Ele não é especial para ninguém, mas sim o
Pai Divino de todos.
Eu
queria chegar perto dela, mas tinha receio de penetrar no âmago
daqueles seus mais chegados imediatos. E foi com estranho fremor em
mim que recebi o seu direto olhar, acompanhado de um gesto de mão,
para ir a ela. Sabia que tinha de ser como se fosse um filho seu, mas
o fato, talvez, de ser um pároco de templo cuja padroeira era ela,
com um dos nomes que o catolicismo lhe dá, me impunha um quê de
reverência incontrolável.
– Senhora!...
– exclamei, quase ajoelhando-me a seus pés.
– Mãe,
simplesmente mãe, meu filho – disse ela, erguendo-me a cabeça com
a sua nívea mão direita.
E
com humana simplicidade, comentou:
– Urge
acabar com as exaltações que os credos terrícolas levantaram e
infelizmente cultivam, para liquidar com o abismo que separa uns
irmãos de outros irmãos. Somos iguais em essência, processo
evolutivo e finalidade, e a diferença, entre nós, é apenas de grau
na escala evolutiva. Por que, então, as exaltações e as separações
que tanto prejudicam? Vamos dar-nos as mãos, vamos compreender os
mútuos deveres de fraternidade, vamos trabalhar pelos que mais
necessitam de nosso carinho...
Sorriu,
aquele sorriso maternal que era feito de vida gloriosa, e disse:
– Preciso
falar a todos e devo afastar-me um pouco, para que todos me vejam e
escutem. Esperem um pouco...
Levitou
e foi postar-se na elevação mais próxima, e de lá avisou a todos
que estava obedecendo a um plano da Direção Planetária. Iria
mostrar, durante muitos tempos, e através de muitas visitas, a
subcrosta, os umbrais, a atmosfera da Terra, as faixas ensombradas,
as primeiras faixas de Luz e Paz com os seus muitos e diversos
serviços de socorro e hospitalização, berçários e escolas
várias. Tudo, enfim, que compreende o mecanismo da Justiça Divina,
pois nada existe nem funciona, sem ser para que os filhos de Deus,
durante o processo evolutivo, tenham oportunidades e meios, para as
devidas realizações.
No
mundo espiritual, é claro, existem os altos e baixos mais intensos
que possam ser considerados; os contrastes de Luz e Trevas, Paz e
Tormenta, Glória e Angústia, com todos os seus matizes, com todas
as suas variantes, apenas sendo absolutamente certo que se encontram
nos devidos lugares, prontos a serem tragados ou vividos por aqueles
que fizerem por merecê-los. É a Casa do Pai Divino, na parte
referente à Terra, uma perfeição total, tendo de tudo e para
todos, segundo os seus merecimentos, e merecimentos que derivam das
obras e não de artimanhas religiosistas ou coloridos sectários,
nobiliarquias e presunções.
Quando
se trata de planos que tendem às trevas mais densas, cada vez mais
os seus habitantes vão sendo constrangidos, esmagados pelo ambiente,
sofridos em todos os sentidos, até chegarem às deformações
perispiritais, aos mais dantescos e horripilantes desvios anatômicos.
E quando são os planos que vão rumando na direção do Grau
Crístico, tanto mais gradativamente vão os seus habitantes
penetrando na Luz, na Glória e no Poder de Deus. Como filhos de
Deus, ou emanados à Sua Imagem e Semelhança, ou Espírito e
Verdade, tanto mais evoluindo, significa que tanto mais vão
recuperando as Virtudes Divinas que antes estavam dormentes ou em
estado latente.
E
se existe um fator determinante, de dentro para fora, esse é o Amor.
Quanto mais um espírito se tornar amoroso, tanto mais extenso e
intenso, tanto mais penetrante nas dimensões divinais. Digo apenas
divinais, não dando número, porque em Deus os algarismos do mundo
perdem sentido muito facilmente. E se existe um fator exterior, um
agente que facilite as tais intensidades, esse é a Luz Divina, o
primeiro sentido de Deus, na direção da chamada Criação material.
A matéria começa na Luz Divina e a Luz Divina penetra tudo quanto
seja a chamada Criação material. Ela não respeita a hierarquia de
elemento material algum, de modo algum e para efeito algum, e,
portanto, o filho de Deus que se for cristificando, irá crescendo em
poderes de ubiqüidade, tal como o seu crescimento lhe facilitar.
Por
que, a Luz Divina tudo isso lhe facilita? Simplesmente porque o seu
primeiro envoltório energético é Luz Divina individuada. Assim
como do Pai Divino é a primeira manifestação no rumo da chamada
Criação material, assim é no filho a primeira coroa energética,
no rumo do corpo perispirital. Porque o corpo físico é transitório,
não é o carro da alma fundamental, pouco adianta que se o mencione
com importância. O carro da alma que deve ser muito considerado é o
perispirital, porque nele se registram as marcas em geral, favoráveis
e desfavoráveis. E acima dele, é o sistema de coroas energéticas
que deve ser divinamente considerado, porque sem elas não haveria
como ligar o perispírito à centelha.
E o
espírito que cresce em Amor, automaticamente diminui as coroas ou
suas densidades, pois de dentro para fora, ou a começar da centelha
espiritual, elas vão adensando, ou corporificando, e mudando de
coloração, até fazerem contato com os elementos mais eterizados do
perispírito. Crescer em Amor é eliminar coroas, de fora para
dentro, mas esse processo demanda milhares de milhares de anos, e
começa com a diferenciação dos coloridos.
Nenhuma
coroa será liquidada, de fora para dentro, sem passar por todas as
fases de coloração, que vão das cores mais grosseiras até a mais
sutil ou brilhante, da mesma coroa. E por isso, como todos os
espíritos, até atingir o Grau Crístico, terão que apresentar
colorações em um infinito número de matizes de coloridos, pode
avaliar o esplendor dos conjuntos espirituais, quando isso ocorre. As
cores, ou seus matizes, definem os espíritos em suas hierarquias. E
quando um espírito chegou a eliminar as seis coroas exteriores,
passando por todas as colorações que cada uma delas contém, e com
isso está exposto pela primeira coroa, que é Luz Divina, é porque
o Grau Crístico foi por ele atingido. Está Uno, é Verbo Divino,
ele filtra o Pai Divino de dentro para fora. Não foi feito de favor,
porque em Deus isso não existe, mas é o produto de sua própria
trabalheira evolutiva. Passa a pertencer, então, ao número dos que
formam a Providência Divina, os Divinos Condutores de mundos e de
humanidades.
Disse
isso para dizer que Maria, ao chegar ao alto da elevação para falar
a toda aquela multidão, usou de seus recursos já conquistados, e
falou a todos no mesmo tom de voz, sem se preocupar com quem
estivesse longe ou perto. Ela e sua voz pareciam estar lá e cá, e
isso foi, uma vez mais, motivo de alegria para todos os presentes,
porque serviu de estímulo a todos. Toda e qualquer manifestação
pura e simples, feita por espírito realmente evoluído, não é
falsa humildade, não ofende nem deprime a quem quer que seja, e sim
estimula e engrandece. Quem ofende é a falsa humildade ou a falsa
bondade, isso de que estão cheios os homens da crosta e os
habitantes de planos bem inferiores do mundo espiritual.
E
ainda para mais demonstrar as grandezas e as glórias que o Pai
Divino tem reservado a Seus filhos, quis ela operar um maravilhoso
espetáculo visual, ou de ubiqüidade, convidando a todos para
subirem com ela, e de mais alto poderem ver o que havia para baixo,
inclusive dentro da crosta terrestre.
– Venham!
– disse ela – E façam tudo com os corações voltados ao Nosso
Pai e ao Cristo Modelo, porque se Eles não quisessem, isto não
poderia ser feito.
E
pareceu a nós que o chão descia, em lugar de parecer que nós
subíamos. Entretanto, nas fronteiras do quarto Céu, considerando as
Sete Faixas principais, fizemos parada. Ali terminam todas as
organizações que podem e devem ser consideradas de socorro,
recuperações, reequilíbrios, renovações mentais, etc. Dali para
cima ou mais para fora do Planeta, tudo vai divinizando muito mais, o
pensamento vai comandando a matéria sutil, as formas não mandam
mais nos espíritos. Vão sendo os Reinos Superiores, mais próximos
do Céu Crístico, e o Amor se vai impondo como a Matriz das Leis
Atuantes, a quem a Divina Ordem Moral ordena que seja a determinadora
de todas as responsabilidades e de todos os merecimentos. Se a Lei
Moral é a Raiz das Leis, o Amor é o instrumento dos instrumentos, é
a ferramenta que remove todos os obstáculos, e dali para cima ele o
prova cabalmente, porque vai podendo revelar-se amplamente, até
chegar a ser totalmente reinante, através dos Verbos Divinos, dos
habitantes daqueles Divinos Reinos.
Envolvidos
por aqueles maravilhosos irmãos, tudo para nós era sublime, sem que
nos sentíssemos comprimidos por aquelas vibrações muito acima de
nossos méritos. E quando ela mandou formar filas ao seu redor, tudo
foi feito sem que a nossa vontade interviesse. Ela comandava, e com
que poder o fazia!
Uma
vez todos a postos, foi ela instruindo, mandando olhar para baixo,
todos querendo ver através de tudo, porém observando tudo e com o
máximo de atenção. E fomos vendo que tudo se abria, como se fossem
portas e nada mais, e as camadas revelavam-se, os Céus demonstravam
o que continham, cada vez mais para baixo ou para dentro dos Céus,
até atravessar os umbrais, aparecendo a crosta terrena e indo mais
para dentro, com as faixas tenebrosas da subcrosta a revelar o que
alojavam e alojam, abismos tenebrosos, legiões de espíritos
monstrificados, todas as formas de degradação e de tortura.
– Podem
observar – avisou ela – tudo quanto quiserem, até que eu diga
ser o término da demonstração global. Porque a seguir, com tempo
para tudo, irão sendo instruídos particularmente. Irmãos
instrutores conduzi-los-ão a todos os lugares, para ensinar-lhes o
que existe, como existe e para o que existe, desta região para
baixo.
Cada
qual focalizou lugares diferentes, bem sabemos, conforme o seu grau
de atenção para certos acontecimentos e inclinações, ou
interesses pessoais, ligados a suas famílias, etc. De minha parte,
apesar de tudo, tinha sido um funcionário das coisas do espírito,
ainda que não devidamente fiel, e, por isso, procurei focalizar o
centro genético e diretor do catolicismo romano. Digo romano, porque
o Catolicismo da Excelsa Doutrina está fundamentado no Batismo de
Espírito, na generalização da Revelação, a imortal obra de Jesus
Cristo, como o Livro dos Atos demonstra totalmente, enquanto o romano
é obra de Constantino, que assim agiu em função do Império, que
se esboroava. E quando meus olhos começaram a notar as diferenças
existentes entre os galardões do mundo e as trevas espirituais
reinantes, senti um cálido envolvimento e ouvi, ao lado, uma voz
suave e doce, amiga e confortadora. Era a doce Mãe que ao meu lado
falava, dizendo:
– Eis
a cidade dos sete montes, de que trata o Apocalipse, onde devia
surgir e surgiu a corrupção da Excelsa Doutrina do Caminho da
Verdade que Livra, que se embasa no triângulo assim formado:
1 –
Observância dos Dez Mandamentos, porque eles transmitem a fala de
Deus, ordenando viver ligado a Ele e, por isso mesmo, praticando a
Bondade entre irmãos, pois sem Bondade não pode haver Amor
aplicado. E como a Lei foi transmitida pela Revelação, que ninguém
jamais se esqueça, de que blasfemar contra ela é a máxima
blasfêmia;
2 –
Observar o Divino Exemplo de Jesus, o Modelo Divino, a Paz e a
Bondade em forma de homem, por ser o vivedor da Lei. Lembrar que
tinha as legiões espirituais com Ele, e que em Revelação batizou,
para que a Doutrina fosse viva, como viva ficou, assim como
testemunham o Livro dos Atos e as Epístolas;
3 –
Considerar que o Batismo de Espírito deve ser cultivado segundo a
Lei e a Modelagem de Jesus Cristo, para que não facilite a
ingerência de espíritos não santos ou sem Paz e sem Bondade, ou
capazes de encaminhar aos lugares de pranto e ranger dos dentes.
Horripilado
com o que vi, toda aquela ligação de Roma com a subcrosta, com
aqueles derivados de guerras, de sórdidas políticas, de espoliações
sangrentas, de inquisições e mil e um martírios, além de quadros
medonhos de imoralidades, volvi o rosto e muito de perto me embebi no
semblante divinamente meigo de Maria.
– Que
erros tremendos!... Que crimes, ó Mãe, perpetrados em nome de Deus,
da Verdade, do Cristo e de todos os santos seguidores do Cristo!...
Com
lágrimas brilhantes a escorrer pelas faces, Maria comentou:
– É
bom que se arrependa, filho querido, pois em muito auxiliou o
levantamento da corrupção, naqueles dias. Como deve saber, o
Planeta marcha para outros níveis vibratórios e importa merecê-lo,
para os dias melhores do porvir. Temos de avisar os encarnados, temos
de trabalhar o bom trabalho profético e vocês, os que contribuíram
para a corrupção, poderão resgatar muito, fazendo o inverso,
ensinando agora segundo os ditames da Lei, do Cristo e da Revelação
consoladora.
Dito
isso, afastou-se ela e colocou-se no centro de todos, onde passou a
olhar ao redor, até que volveu os olhos para fora ou para cima,
proferindo palavras invocativas. Verdadeiramente, as palavras
transformaram-se em filetes de luz cristalina, que foram parar, para
o meu entendimento, no Infinito. E do Infinito uma resposta veio, em
forma de outros filetes, muito mais brilhantes ainda. E assim que ela
os recebeu, comandou no sentido de parar com aquelas observações,
porque o mais tudo devia ser feito em termos analíticos.
Conseguintemente,
voltamos ao nosso plano, certos de que os tempos futuros nos levariam
a conhecer o vastíssimo mecanismo socorrista do Planeta. E com ele,
está visto, tudo quanto havia, como há, de planos e subplanos,
comandos e subcomandos numa capacidade de ordem que maravilha a todos
quantos possam conhecê-los.