OSVALDO POLIDORO
QUE FIZESTE DO BATISMO
DE ESPÍRITO SANTO?
(Segunda edição – 1942)
DEUS
Eu Sou a Essência Absoluta, Sou Arquinatural,
Onisciente e Onipresente, Sou a Mente Universal
Sou a Causa Originária, Sou o Pai Onipotente,
Sou Distinto e Sou o Todo, Eu Sou Ambivalente.
Estou Fora e Dentro, Estou em Cima e em Baixo,
Eu Sou o Todo e a Parte, Eu é que a tudo enfaixo,
Sendo a Divina Essência, Me Revelo também Criação,
E Respiro na Minha Obra, sendo o Todo e a Fração.
Estou em vossas profundezas, sempre a vos Manter,
Pois Sou a vossa Existência, a vossa Razão de Ser,
E Falo no vosso íntimo, e também no vosso exterior,
Estou no cérebro e no coração, porque Sou o Senhor.
Vinde pois a Meu Templo, retornai portanto a Mim,
Estou em vós e no Infinito, Sou Princípio e Sou Fim,
De Minha Mente sois filhos, vós sereis sempre deuses,
E, marchando para a Verdade, ruireis as vossas cruzes.
Não vos entregueis a mistérios, enigmas e rituais,
Eu quero Verdade e Virtude, nada de “ismos” que tais,
Que de Mim partem as Leis, e, quando nelas crescerdes,
Eu não Venho e não Vou, Eu sou o Eterno e o Presente,
Sempre Fui e Serei, em vós, a Essência Divina Patente,
A vossa presença é em Mim, e Quero-a plena e crescida,
Acima de simulacros, glorificando em Mim a Eterna Vida.
Abandonando os atrasados e mórbidos encaminhamentos,
Que lembram tempos idólatras e paganismos poeirentos,
Buscai a Mim no Templo Interior, em Virtude e Verdade,
E unidos a Mim tereis, em Mim, a Glória e a Liberdade.
Sempre Fui, Sou e Serei em vós a Fonte de Clemência,
Aguardando a vossa Santidade, na Integral Consciência,
Pois não quero formas e babugens, mas filhos conscientes,
Filhos colaboradores Meus, pela União de Nossas Mentes.
DUAS PALAVRAS
A verdade que o homem consegue adquirir através do prisma relativista, por estar ele ainda enquadrado num plano relativo, não é, não pode ser jamais de si mesma completa. Isto afirmamos, porque os conhecimentos verdadeiros que vamos adquirindo no curso prolongado das existências e proporcionais ao grau do nosso adiantamento, conseguidos por via de numerosas pesquisas, de acurados estudos da natureza, que é o espelho fiel onde se refletem os múltiplos efeitos da Lei e, portanto, da Vontade de Deus, tudo isso é parte integrante de uma verdade maior, de uma verdade máxima, absoluta, emanada do Pai, Criador do Universo, de suas infinitas e portentosas maravilhas. Rigorosamente falando, pois, não há, assim, como poderemos supor, duas ou mais verdades, nem dois ou mais planos de criação, porém um só todo infracionável, de vez que tudo é o reflexo perfeito do monismo de Deus: um só Pai Criador, uma só Lei, uma só Criação – grandiosa síntese, que o homem terá de compreender, de aceitar e seguir religiosamente, se de fato quer progredir desassombradamente para o seio fecundo d’Aquele que lhe deu o ser. Se, todavia, essa Lei universal se nos apresenta como que fracionada, em formas desconexas de múltiplas verdades, é pelas conseqüências advindas do plano relativo em que nos encontramos. Perdemo-nos de tal forma nos meandros da análise, que não podemos vislumbrar, como no amplexo da síntese, o equilíbrio perfeito que sustenta primorosamente os parágrafos dessa Lei. Nossa consciência superficial, bidimensória, inibe de o fazer, por enquanto, até que atinjamos a consciência volumétrica, a três dimensões, que nos aguardam dias do porvir. Grão de areia perdido no infinito da Criação, o homem ainda se debate nos dédalos da manifestação do princípio equilibrador. Assim como a visão do micro e do macrocosmo nos é de alguma sorte limitada pela nossa própria imperfeição moral e física, pela deficiência dos meios materiais ao nosso alcance, da mesma forma também a verdade tem para nós a sua fronteira demarcada pela precariedade evolutiva do homem, dando a impressão de uma inexistente multiplicidade.
De tudo isso, podemos deduzir quão mesquinho é ainda o nosso saber, enquanto outros espíritos ingênuos julgam, impelidos pelo orgulho e pela presunção, possuir a chave dos segredos de Deus...
Orgulhosos e obsedados, olhai para as profundezas do espaço, completai por um instante da sua vastidão infinita, meditai se puderdes, na multidão incontável dos fenômenos a se processar constantemente no laboratório eterno do Criador e vede, afinal, se sois capazes de tudo avassalar, de tudo compreender, de possuir, enfim o dom da ciência infusa. Deveis, antes vos envergonhar ao concluir pela vossa estúpida e presunçosa ignorância. Lembrai-vos, pobres D. Quixote, que outros, como vós, já foram pulverizados diante da fragilidade dos seus conceitos. O dogma, quer científico, quer religioso ou de quaisquer outras procedências; há de cair fatalmente ante a marcha imperturbável e triunfante da Lei. O verme homem jamais poderá deter os seus passos, escudados embora nas suas togas, nos seus anéis ou nos seus pergaminhos rotos conferidos por uma ciência precária e falsa. Nem por isso os mundos deixam de rolar misteriosamente no silencioso e profundo espaço universal.
Em 1925, os mais remotos corpos siderais de que tinha conhecimento a Astronomia, eram as duas galáxias exteriores chamadas nebulosa de Andrômeda, a uma distância avaliada em 952.000 anos-luz e a NGC 6822, que se diz estar a uma distância aproximada de 1.000.000 de anos-luz. Essas distâncias perturbadoras para os homens de ciência de então, eram consideradas por Sir James, nessa época Professor Jeans, como os limites prováveis do Universo. (Galáxia é um sistema de estrelas de ordem de grandeza de uma nébula espiral, maior do que um aglomerado das mesmas. Ano-luz é o espaço percorrido pela luz durante um ano. Representa, portanto, 9 trilhões, 460 bilhões e 800 milhões de quilômetros).
Pois bem; em nossos dias, ou seja, 16 anos depois daquelas estonteantes afirmações referendadas por todos os pergaminhos da época, outro mago da Astronomia, o astrônomo Hubble, valendo-se do mais potente telescópio hoje em uso, com espelho de
Porém, como sempre acontece e há de acontecer eternamente, em todos os setores do saber humano, essas avaliações não são e estão muito longe de ser a última palavra da Ciência. A verdade una, indivisível, cresce sempre aos olhos de quem avança em cabedal científico e moral. Está em via de ser inaugurado o ultrapotente telescópio, com espelho de
Mas, não tenhamos dúvida por isso, o homem fatalmente caminhará, na sua senda de eterna evolução; e quando se encontrar em um posto mais avançado, também estará despojado do orgulho que era antes a causa da sua morosidade em busca do absoluto, reavivando-lhe na memória as palavras sensatas de Sócrates, quando era tido pelo mais sábio dos gregos, pelo Oráculo de Delfos: “Só sei uma coisa e é que nada sei”.
Mesmo nesta humilde esfera em que mourejamos de passagem, pontinho inapreciável em meio o turbilhão da poeira cósmica de mundos, o homem ainda nada conhece senão muito imperfeitamente, o que diremos da infinita variedade de vidas que pletoricamente invade todos os quadrantes do Universo?! Homem! Torna-te humilde, se queres te aproximar de Deus! Abandona o dogma, que é a tua perdição! O espírita, acima de todos, tem o mais imperioso dever de ser humilde e modesto diante do Pai, pois mais vale a moral, que todo o cabedal da ciência terrena, brinquedo pueril aos olhos do grande Autor do Universo! A moral é, com efeito, a condição precípua da evolução; a medida que nos integramos na moral ou ética cristã, mais a verdade se nos revelará aumentada em sua pureza e brilho. A verdade é um sol oculto pelas brumas adensadas da nossa ignorância e da nossa imperfeição. À proporção que essa bruma se for desfazendo, o sol que oculta irá, na mesma proporção, se tornando mais claro e brilhante, até galgar a sua natural pureza e seu real vigor.
Se tudo quanto dissemos não é verdadeiro, a evolução seria um mito sem fundamento; não seria mister tantos mundos a povoarem a imensidade universal, e que são outros tantos centros de aprendizagem, onde os espíritos colhem a sua bagagem de conhecimentos no tirocínio da vida; mesmo esta, por sua vez, perderia toda beleza e razão de ser como formadora de consciências; o equilíbrio do Universo, tão maravilhoso e perfeito, também se desfaria como um floco de neve ao receber o calor dos primeiros dardos solares. E de que serviria a pluralidade das existências, pedra angular da doutrina revelacionista ou espírita? Finalmente, até mesmo o infinito poder do Pai, blasfematoriamente seria posto em cheque.
Ao contrário, porém, destas inconsistentes suposições, tudo na natureza fala berrantemente, todos os fenômenos atestam de maneira irrecusável a marcha perene, porque infinita, porém inabalável e serena ante os insultos do homem, do evolver de todas as coisas, no tempo e no espaço. Deus é infinito na sua integridade e infinita será também a sua obra. Absoluto só Ele o é; tudo o mais é relativo e, assim, sotoposto à evolução. Um professor não daria ao seu aluno tudo quanto sabe da matéria que leciona, por ele o não suportar, a não ser nos diferentes anos letivos. Também o Pai, que é a absoluta perfeição, muito menos cometeria um erro tão grave no próprio homem.
Chegou, assim, a nossa vez de levantarmos ainda mais um pouquinho a ponta do véu que encobre a verdade absoluta. Tudo, como já vimos, está sujeito à evolução ou aperfeiçoamento, e as doutrinas também, quaisquer que sejam elas, religiosas ou não, escapar não podem a essa lei, pois que representam a verdade
Já é tempo, entretanto, de se esclarecer um pouco mais a verdade em que pese aos elementos misoneitas de todos os tempos e de todos credos; urge o cumprimento da importante profecia sobre a unificação religiosa no planeta, o que se dará removendo-se os óbices que acidentam as trajetórias confluenciais. O momento é de duras transições e não é lícito cruzar os braços. Em breve, pois, esses caminhos convergir-se-ão sob um mesmo pálio das verdades puras, ao monte espiritual, onde se presta o verdadeiro culto, pela revelação, ao Pai comum, que nos conclama sob sua tutela de amor. Esse pálio é o Paracleto ou Consolador, é o Espírito-Santo, que é o dom mediúnico, elemento que nos ligará ao Criador mais estreitamente que através os ídolos mudos e ignorantes do paganismo antigo e moderno, que ainda infelizmente nos deprime.
Por esse motivo, levaremos desfraldado ao vento das críticas mendazes o nosso lábaro de batalhador através de todas as dificuldades, de todas lutas, sem desfalecimentos e sem contar sacrifícios, ou fazer caso das represálias que por certo não faltarão, enquanto em nós existir um alento, deixando aqui e acolá a boa semente, que amanhã se converterá na árvore frondosa e amiga, onde a humanidade irá se enriquecer de gloriosas e benditas verdades.
HERÁCLITO CARNEIRO
NOTA CONFIDENCIAL
De uns seis anos para cá, iniciamos um trabalho, o qual consiste em afirmar, que o Espírito Santo é mediunidade. E essa afirmativa obriga-nos a ir mais longe, isto é, a fazer-nos enveredar por uma historiação do que se chamou o batismo ou derrame de espírito sobre a carne.
Cumpre, porém, notar, que no Velho Testamento, a mediunidade é chamada de espírito de Deus ou do Senhor, sendo os espíritos comunicantes nomeados anjos. Nada há que confundir. No Novo Testamento, aquele espírito ou graça mediúnica começou a ser apelado por Espírito Santo.
Nesse lapso de tempo, tivemos o prazer de ouvir de oradores espíritas, alguns elementos novos e dotados de bom senso, a mesma afirmação. Também, dos espíritos que se tem feito porta-vozes das verdades evangélicas, dois deles, de quem temos conhecimento, Zoodíaco – na Inglaterra – e Emmanuel – no Brasil –, houveram por bem assim afirmar. E isto representa algo de importante, visto como já é tempo de se irem derretendo os símbolos para que a luz se faça. No dia em que pudermos extrair dos símbolos escriturísticos os ensinos sublimes que eles encerram, nesse dia poderemos dizer: é em nome dos Patriarcas, dos Profetas, do Cristo e dos Apóstolos, que vimos de afirmar ser o Espiritismo a grande esperança dos séculos passados e o Consolador das eras que hão de vir; por ele os homens compreenderão de vez, que a sua capacidade de emancipação é dependente da de realização individual.
Tudo o que os grandes espíritos sabem, a custa de seus profundos estudos nos milhões de anos, é ter uma possante capacidade de análise, coisa que lhes facilita um grande poder de síntese. E de todos os elementos fundamentais criados por Deus e postos ao dispor do homem, nenhum deles se mostra de tanta importância quanto a mediunidade. Esse Espírito de Verdade, que nos coloca frente a frente com o plano espiritual, mostrando-nos tudo quanto ele possui de negativo e de positivo, por assim dizer, ele mesmo, crescendo de monta na sua capacidade intrínseca; nos dará quando merecermos, visões mais vastas da infinita casa de Deus, dos seus moradores e conseqüentes atributos.
O nosso escopo é, pois, transcrevermos a mensagem de Emmanuel, dada por intermédio de Francisco C. Xavier. Antes, porém, desejamos agradecer a esse bondoso irmão do Espaço, pela feliz oportunidade, que se nos deparou, de publicarmos, por interferência do Centro Espírita “VERDADE”, do qual é ele patrono, este trabalho, que visa revelar o lado histórico do Espiritismo, uma vez que as partes científica, filosófica e religiosa, essas correm por conta da Codificação e seus desdobramentos, marco inicial da restauração da Igreja fundada pelo Cristo, no Pentecostes, tal como Ele no-la prometeu.
Segue-se a mensagem, isto é, a parte que trata do assunto:
“MEDIUNIDADE
“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu espírito derramarei sobre toda a carne e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão sonhos.” (Atos, II, 17).
“No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmia, da Frigia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular. Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral. Não faltaram os céticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.
Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente. Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra, em nome do Senhor. O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas. Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos.
Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as construções espirituais de todas as comunidades sinceras da doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.” (“Transcrito d’O Reformador”, de Julho de 1941).
OBSERVAÇÃO: Pentecostes é, para os judeus, o dia em que se comemoram os livros de Moisés, o Pentateuco. Jesus, de todos os vultos reveladores da vontade de Deus, que tem vindo à Terra, foi o único que, tendo de cumprir ou epilogar uma missão, qual era a de num grande sinal – batizar no Espírito Santo ou derramar o Espírito sobre a carne – o fez depois de morto. Para isso, depois de ressurgido, se comunicava pelo Espírito Santo ou mediunidade, recomendando aos Apóstolos, que não saíssem de Jerusalém, enquanto não se desse o grande acontecimento. O Pentecostes é, assim, o Natal do Espiritismo. Desse dia em diante, é que começou a Igreja do Cristo, Igreja que foi solapada pelos verdugos da Verdade e que, de conformidade com as profecias, começou a ser restaurada nos dias de Kardec. No correr deste trabalho, o leitor, se for dotado de gosto pela Verdade, encontrará elementos que muito o auxiliarão a conhecer, não só os porquês, que o Espiritismo explica, mas, também, os porquês do próprio Espiritismo.
O.P.
INTRODUÇÃO
Quando saímos com a primeira edição deste livrinho, muitos confrades nos transmitiram as suas opiniões calçadas no credo de que as obras de Kardec estejam completas nos seus ensinos, isto é, que fora delas nada mais é necessário; que elas encerram tudo quanto é devido ao homem saber, em matéria de revelacionismo, e de conformidade com o que foi predito nos tempos, a respeito da Restauração do Cristianismo e das elucidações intrínsecas, quando chegados fossem os tempos. Temos que dizer, sem ferir melindres e muito menos para citar indivíduos encarnados ou desencarnados, que isso corresponde ao não conhecimento das verdades, tais como são elas relativas, no que diz respeito ao mérito da humanidade terrena.
Que livro é completo em seus ensinos? Qual a verdade que já tenha sido atingida integralmente, pelo homem? Como já dissemos anteriormente, tudo há sido mediocremente revelado ao homem, tal como medíocre é ele em matéria de Moral, Ciência e Arte!
Kardec teve, como deveria ter o iniciador da Restauração, fosse quem fosse, moral, base científica, coragem e, sobretudo, prudência; mas, aliado a isso, tinha também as suas falhas, pois perfeito só o Cristo, e isso mesmo pelo fato de ser Cristo, isto é, uma missão que simboliza a Criação em obediência à Lei. Ademais, não disseram a Kardec, que o que estava sendo ensinado era o que o tempo suportava? E a prova do que afirmamos temo-la no transcrito da página 280, de “OBRAS PÓSTUMAS”, do mesmo autor:
“... é preciso que tornes a vir REENCARNADO noutro corpo, para completares o que tens feito, e, então, terás satisfação de ver em plena frutificação a semente que tens espalhado pela terra...”
É lógico, que só precisa ser completado, o que está incompleto. E sabem nossos opositores o que falta nas mesmas obras? Se são cultores do revelacionismo, se podem manter colóquios com espíritos capazes de tais esclarecimentos, consultem-nos. Quem é obrigado a aceitá-las? Não concitamos a que estudem, experimentem, e comparem tudo, antes de aceitarem? Há, também, uma mensagem do codificador, contido no livro “ROMA E O EVANGELHO”, pág. 142, onde é ventilada a questão:
“... Não é um trabalho perfeito, mas sim de grande utilidade; mais útil para o povo, que alguns dos meus livros, que convirá reformar...”
O Espiritismo é que não carece de formas nem de reformas, porque é a Verdade em sua integridade, estando o homem em marcha para ela; como o homem é medíocre, por isso mesmo é relativa a visão que se lhe aproxima da Verdade. Os que sentirem vontade de dogmatizar, os criadores de círculos viciosos, os que se inculcam mestres, todos aqueles, enfim, que falam em EVOLUÇÃO, não pelo respeito à Verdade, mas por simples afetação retórica, esses, que tenham paciência, porque a rota do progresso ainda não se estancou, e ninguém saberá jamais quando se estancará! Além disso, se o que falamos ou expomos é erro, isso em tempo se verá. Como acabamos de ler, alguém se comprometeu diante de Deus e do Cristo para pingar os “ii” nos tempos devidos. Com o correr das épocas tudo se saberá, a não ser que falhem as profecias, até mesmo as que foram feitas a Kardec.
Entrementes, cada qual tem o direito de tratar do assunto que quiser, dentro do prisma do livre exame e dentro dos preceitos, que são: o amor pelo Amor e o respeito pela Verdade.
Aguardemos, pois.
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O que acabamos de inserir é uma recomendação e uma advertência. E o que vamos dizer é também matéria grave. Muitos poderão até mesmo nos odiar, pelo que vamos dizer em poucas linhas, tratando de assunto delicado e de capital importância.
Temos por lema, por questões de caráter pessoal e devido a recomendação dos guias, o sermos retos em nossas atitudes, o dizermos as coisas sem idéias preconcebidas, mas, também, sem olharmos para a esquerda ou para a direita.
E como a coruja gaba o cupim sobre o qual descansa, nós achamos isso bom e assim o fazemos, arcando com toda a responsabilidade, pois sabemos que nossa consciência brada em própria defesa: objetivamos um fim honesto e por veredas também honestas!
Trata-se da seguinte questão: somos obrigados a crer, que todas as religiões são boas? E se a isso não somos obrigados, devemos, por favor, por piedade ou coisa que valha, admitir como integralmente aceitável tal assertiva?
É natural que cada qual responderá segundo o seu quadrante; pelo menos é esse o direito de cada um, mesmo porque, o livre arbítrio é um direito e não uma questão de favor ou desaforo, de amor ou raiva. E nós temos o mesmo direito, porque integramos o Verbo, isto é, somos parte da Criação, e, acima de tudo, formamos na coluna dos conscientes da individualidade, como seja o gênero humano.
Uns dizem que as religiões são fogueiras e que as fumaças nas alturas se confundem, formando uma só; mas nós achamos que para uma determinada coisa ser fumaça, não basta que alguém diga que o é. É preciso que o seja de fato. E quem está, na Terra, qualificado para impor um artigo, do qual não se tem prova suficiente, a respeito do que dele dizem? É comum o dizer-se, mais difícil o provar-se.
Outros dizem, que as religiões são raios de um sol, e que, como tais, a ele conduzirão; mas, serão mesmo raios de um sol? Não serão outra coisa qualquer e que o vulgo diz ser raio de sol? Muita água suja tem sido vendida como bom vinho, e muitas criaturas dignas de respeito e tidas por si mesmas, como sábias, têm bebido e afirmado que a tal água suja era de fato vinho, e do bom!...
Que fazer, nesse caso?
É simples. O Cristo nos ensinou, que devemos ter cuidado com o fermento dos escribas e dos fariseus hipócritas. O Cristo nos mandou tomar cuidado com os falsos profetas, que bem enfeitam as suas melosidades fingidas, para melhor iludirem. O Cristo nos disse que, quem com Ele não colhe, desperdiça. O Cristo mandou-nos ser capazes de discernir entre o joio e o trigo.
Logo, devemos considerar: quem traça diretriz, com a autoridade e a responsabilidade coletiva da mesma, como o fez o Cristo, fê-lo para que a mesma tenha valor absoluto. Do contrário, nos teria dito Ele, que podemos, sem prejuízo da integridade moral, servir a quantos senhores julgássemos conveniente. E, nesse caso, para bem da Verdade e para sossego da mentalidade, para satisfação dos sentimentos e desencargo de consciência, devemos ficar com o Cristo!
Quem acha que tudo é bom, que tudo é aceitável, pode ter a sua razão; mas é, a nosso ver, excessivo em bondade ou mediocridade; pusilanimidade que deseja se mostrar como prova de amor; inferioridade moral que deseja passar por tolerância; covardia que pensa ser mansidão. Em um mundo de falcatruas, em um planeta abaixo da crítica, em uma casa de correção, só mesmo por boa fé ou incapacidade de ver, é que podemos tomar tudo como som de um só diapasão.
Só o fato de carecer o Cristianismo de restauração, isto é, de haver necessidade de reparos, implica em dizer, que coisas há que foram deturpadas e que carecem de limpeza. Do contrário, estariam erradas as Escrituras. Também, quem diz que se vá reparar o que não foi viciado? E se carece de reparos, em que o carece? Não é, porventura, nos pontos de transcendência ou nos pontos fundamentais?
Em última análise: quando, por ventura, uma religião fosse verdadeira, sê-lo-ia o religioso também? E, nesse caso, até quando deve culpa o religioso e até quando deve-a a religião? Quem distingue, entre os dois, qual o mais errado? Nós sabemos que a Verdade vem de Deus, e que a Religião fundada pelo Cristo, a mando de Deus, a qual redunda no culto da Lei e da Revelação, aconselha-nos a fazer o serviço de escolha, de discernimento. Jesus, o Delegado de Deus, que tinha de viver o Cristo na Terra, para ensino sem fim, é o timoneiro do barco. Se errarmos com Ele, no seio do seu reino nos encontraremos um dia; mas, se errarmos contra Ele, no reinado das trevas nos havemos de achar, quando menos esperarmos.
Ele é, de todos os “fundadores de religião”, o único que se levantou primeiro do túmulo para, depois do que se chama morte, cumprir a sua missão, na parte que diz respeito à fundação da Religião, isto é, no que se refere ao derrame do Espírito sobre a carne. E como Ele, a única concepção religiosa que se pode chamar de verdadeiramente grande, testemunha-se pela Verdade, nos séculos e milênios, também nós, pelo culto dos seus ensinos, estaremos garantidos. Mas cumpre que digamos: ser ou não ser!
No caso de estar tudo certo, nada será preciso observar; mas só se acharia tudo certo, se a Terra fosse um plano puro. Não o sendo, erro tem que existir e é necessário haja observações. E se é necessário observar e o não se faz, necessariamente estará havendo falta no cumprimento do dever.
O segundo mandamento da Lei de Deus ordena não se fazer imagens para serem adoradas; Paulo, numa das epístolas, manda que se não dogmatize, porque isto conduz a morte, pelo mesmo uso; e, no entretanto, essas coisas medram pela Terra em fora, a título de religiosidade! De quem a culpa: dos religiosos, ou da doutrina errada ou corrompida? Seja como for; para nós, o erro é dos dois, visto que já é tempo de poderem ver, e, só por interesses pecuniários, sectaristas ou do orgulho e seus reclamos, é que os donos da verdade religiosa não confessam que têm errado, e, para pior, têm induzido a humanidade ao erro.
Nós ficamos com o Cristo, Aquele que teve a coragem de não trocar o seu dever pelo prato de comida que lhe davam, Aquele que foi, é e será, para quem quiser, o Caminho, a Verdade e a Vida! Não trocamos com os vendilhões dos templos ditos religiosos ou religiões, o Cristo que soube morrer, porque sabia que morrer para a mentira rendosa ou servil era ressurgir na Vida integral, no seio d’Aquele que, sendo Onisciente, Onipotente, Onipresente e, tendo a sua Justiça feita de Amor e o seu Amor feito de Justiça sabe muito bem, até quando o homem, que se diz seu servo, é escravo ou senhor do erro, por ignorância ou interesses torpes!
Jesus disse ao homem, que julgasse com justiça, e se isso lhe fosse difícil de fazer, julgasse com caridade, com essa verdade que é, a um tempo, severa e branda, humilde e tonitroante. Separemos, pois, o erro do errado, o veneno do vasilhame. E assim façamos ver, sentir e praticar, pois do contrário, estaríamos concitando ao erro, à permanência na transgressão. Acreditamos que os que afirmam serem boas todas as religiões, estariam acertando se fizessem ver ao cultor do erro, quando deve crer no homem e quando deve desprezar as doutrinas deles oriundas, para se lançar ao culto dos mandamentos do Cristo. A Terra está longe da tábua-rasa, seja em matéria do que for. O que mais carecemos é de análise, daquilo que ponha, de um lado, a sabedoria do Criador e de outro, a da criatura.
Nem se afirme que Jesus disse, com severidade, coisas sobre as quais não podemos falar ou ter autoridade. Ele foi Mestre, e nós somos discípulos. Ele mandou, e nós podemos ir. Ele fez e disse que podemos crer, e que podemos fazer até mais do que Ele mesmo fez. É claro que, por enquanto, ainda não temos capacidade para imitá-Lo; mas para afirmar o que Ele ensinou, basta coragem e honestidade mental. Ficar com todos, seria interessante, mas para vivermos vida gorda, regalada, vida estimada pelo mundo de mentiras, que a si mesmo se edifica com materiais deletérios e que, por isso mesmo, cairá de podre quando soar a trombeta. Nós temos Deus por Pai, o Cristo por Mestre, o Evangelho por Estrada. Não convidamos para que nos acompanhem, mas não engoliremos pílulas fabricadas com elementos químicos pouco ou nada garantidos. A Terra está cheia de livros, de fazedores de livros e de leitores dos mesmos. Muitos são mera colcha de retalhos, e, no entanto, são elogiados como se fossem de capital importância religiosa, moral, artística e científica. Quando desejam que um livro passe por bom, atulham-no de estrangeirismos difíceis e vasam-no em estilo gongórico, sugerindo ao pobre leitor, que deve decorar tudo isso. E o leitor, geralmente, se julga sábio com tal, embora para saber alguma coisa, busque fazer sessões espíritas, sem nada dizer ao leitor vizinho nem ao vendedor, por espírito de cautela...
Tratamos, no decorrer do livrinho, nesta segunda edição, sobre as fases por que tem passado a Doutrina espírita, para se apresentar assim como se acha, a começar dos Patriarcas e a finalizar em Kardec, tendo por ápice, a figura majestosa do Cristo. E não nos furtamos de dizer que, no século XIX, quando tudo perigava para a estabilidade espiritual do planeta, não se lembraram, o Criador e o Cristo, de lançar mão de outra ciência, que não fosse a manifestação dos espíritos, pelo culto do Espírito mediúnico, exclusivo veículo, através do qual, em todos os tempos, se deram sinais extraterrenos.
E o rico, como o pobre, o sábio, como o ignorante, todos podem fazer uso desse elemento, porque ele é fundamental e, portanto, prescinde das arrogâncias dos vendilhões dos templos e das sapiências dos que julgam tudo saber e nada mais carecer aprender.
O Espiritismo afirma que o véu está rasgado; afirma que os homens se enganam quando querem de novo costurá-lo, para, a pretexto de “religião” ou coisa semelhante, mercadejarem com as questões de consciência. É, pois, dever, se não forçar a humanidade no sentido deste ou daquele setor, pelo menos ensiná-la a respeito do dever de ser prudente.
Venha, se já não veio, quem quiser, completar a Doutrina Espírita, neste ou naquele ponto, fazendo obra de cortar ou de seguir; mas a verdade é que o elo é o Espírito Santo ou mediúnico, e que os planos, encarnado e desencarnado, por essa via, manterão colóquios. Eis o Consolador, que o seu bojo traz outras coisas, e as trará sempre, desde que haja mérito no homem. O que um não alcançar, mil o poderão, e o contrário também é possível que se dê. O Espiritismo está ungido contra as impertinências daqueles que se julgam “mestres”, porque tem por templo o espírito, filho de Deus, a criatura herdeira da graça, bastando, para que haja culto nesse templo, seja essa mesma criatura consciente do seu dever.
Assim como o Cristo não acompanhou procissões, assim também importa que o seu seguidor, o cultor do Espírito Santo, siga-O sem titubear, encarando as questões de frente, não se iludindo com falsas sabedorias, não confundindo tolerância com fraqueza moral. Se o Criador e o Cristo, em tempo, lançaram mão do Espiritismo para sanear a terra purulenta, sejamos espíritas. E ser espírita é fazer isto:
Se o Cristo obrou, prática e teoricamente, tais e quais atos, faça-os ou se conserve, o espírita, na tendência para fazê-los, dentro das suas possibilidades intelectuais, morais e mediúnicas. E se o Cristo ensinou a não fazermos isto ou aquilo, não o faça o espírita. Nós estamos nos tempos mais difíceis para a humanidade do planeta, no que diz respeito às suas responsabilidades, porque a atuação das células, em todos os quadrantes da vibratilidade humana, convida-a a tomar cuidados especiais ou atitudes compatíveis com os ensinos do Mestre. Foi para tal informar ao homem, que os espíritos começaram a se valer, em tempo, do Espírito Santo, e a passarem de novo para a retentiva dos homens, aquilo que dela já havia sido retirado pelos falsos profetas, por aqueles que tudo acham bom e igual, desde que lhes franqueiem liberdade para os instintos sectaristas, para os seus graus hierárquicos forjados à revelia do Cristo ou contra a sabedoria da Lei.
O Consolador é como um comboio de estradas de ferro; em síntese, é um trem, mas, entrando-se em análises, muitas matérias precisaríamos saber, e algumas ciências também, para podermos falar sobre ele. Entre outras coisas, cria responsabilidade. E quem tem, pesando-lhe sobre os ombros, responsabilidades novas, não pode ficar a mercê de princípios que dizem ser tudo do mesmo quilate.
O Cristo não disse, na praça pública, que qualquer coisa Lhe convinha; e o espírita deve considerar nisso, antes de trilhar este ou aquele caminho, mesmo porque onde há bons profetas, existem também os falsos.
Não estamos dizendo coisa, para que sejam apedrejados os errados de boa ou de má fé; mas, entre aceitar e não aceitar uma tese, há alguma diferença. Antes de iniciarmos a confecção do presente livrinho, disse-nos um espírito, que levássemos em conta o fato de já estar feita a Codificação. É por isso que dizemos, no decurso deste trabalho, que o culto do Espírito mediúnico está isento destas ou daquelas concepções, de uns ou de outros de seus cultores, pois a Doutrina é de caráter universal, enquanto que a responsabilidade da criatura poderá ser mais ou menos individual e, ao mesmo tempo, mais ou menos coletiva.
Qualquer palavra poderá se tornar, de ficciosa
Temos repetido constantemente que, enquanto na Terra se não cultivar a Igreja fundada pelo Cristo, no Pentecostes, e cultivada pelos Apóstolos (I Coríntios, XIV), e enquanto não aprender o homem a executar os seus ensinos, aqui jamais haverá paz!
E essa Igreja se chama Espiritismo ou culto do Espírito Santo. Durante muitos séculos, a pretexto de coisa de Belzebu, os apóstatas tripudiaram sobre esse elemento ou graça divina. E a humanidade se preparou, nesse tempo, para se fazer herdeira de tristes tributos. Agora, cumpre-nos dizer, que se a humanidade tiver algum zelo pelos seus dias presentes e futuros, no planeta, dentro ou fora da carne, que não se esqueça de torná-lo cada vez mais digno dos espíritos estabelecidos, para a melhora de tudo em todos os pontos de vista. A estrada está construída e reparada. Se não é feita de marmelada e ladeada de castelos de chocolate, pelo menos é capaz de dar ao homem a noção do seu dever. Essas coisas foram reveladas aos que, de muitos séculos, vinham trabalhando na vinha do Senhor, quando Este, há tempos, em um plano da erraticidade, convidou e advertiu, aos de boa vontade e amor ao próximo, sobre a necessidade de se trabalhar com tenacidade, na órbita terrena, para a Restauração da sua Igreja ou Causa, feita de Amor e de Verdade.
O dever do espírita, pois, não é achar tudo bom ou igual, mas sim, discernir entre o certo e o errado, e optar pelo justo, fazendo que o seu próximo saiba disso, ainda que não queria praticá-lo.
OSVALDO POLIDORO
– Que veio Jesus fazer na Terra?
– Veio derramar o Espírito sobre a carne, ou, como simbolicamente foi dito, batizar no Espírito Santo.
– Que se deve entender por batismo ou derrame de Espírito sobre a carne?
– Convencionou-se assim chamar à grande manifestação mediúnica do dia de Pentecostes. Esse fenômeno se deu em virtude do cumprimento de profecias. Coletivamente, foi a fundação da Igreja Espírita e, individualmente, a manifestação ou desdobramento das faculdades supra dita. Se o dom espiritual tomou a forma de pomba e se no Pentecostes a de línguas de fogo, foi para que aquelas mentes retardatárias se vissem compelidas a conhecer ou reconhecer a existência de valores outros e, também, pela necessidade de marcar tempo. Porque é necessário que haja fenômenos marcadores de tempo.
– Qual a serventia desse elemento mediúnico?
– Em linhas gerais, é ele o artífice de todo o fenômeno dito supranormal; particularmente, porém, é ele a janela que abre para o homem a visão do plano desencarnado, de onde tem vindo em todos os tempos a palavra do Senhor, através dos seus arautos – os anjos ou espíritos. Vede bem que Jesus, depois de crucificado, também se comunicou por intermédio desse elemento mediúnico, como lemos:
“Até o dia em que, dando preceitos pelo Espírito Santo, aos apóstolos que elegeu, foi assunto acima.” (Atos, I, 2).
E assim, por esse elemento revelador, enviaria o Cristo, no correr dos tempos, os conhecimentos que então não pode ministrar, de acordo com o que disse:
“Eu tenho ainda muitas coisas que vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora.
Quando vier porém aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as verdades, porque ele não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir.” (João, XVI, 12 e 13).
– Pode-se aplicar o nome de Espírito Santo a qualquer outra coisa que não seja a pura mediunidade?
– É preciso dizer-se que, fora do Cristo, toda e qualquer verdade, por mais pujante que seja, é pobre de senso. E, portanto, enquanto não se chegar ao conhecimento da Sua ciência, que é Sua vontade integral, muitas verdades relativas terão que ser relegadas para plano inferior, subjugadas por verdades superiores. O que chamamos mediunidade ou Espírito Santo agora, não é apenas o que o homem conhece, mas sim, também, aquela Virtude que une tudo quanto existe, em qualquer plano da Criação, tendo, como é de ver, em cada qual a sua maneira de se manifestar. Cumpre notar que tudo é médium, e que o homem ainda está longe de saber os porquês de tudo isso.
– Pode-se conhecer a história do batismo de Espírito Santo ou a da fundação da Igreja Espírita?
– O fim que temos em vista é esse, e a Escritura é pródiga
“Quem dera que todo o povo profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito!” (Números, XI, 29).
– Tratava-se de Espírito Santo, ou espírito comunicante?
– Quem testifica que se tratava do dom mediúnico é a própria Escritura e o próprio bom senso. Estude-se este verso:
“E desceu o Senhor em a nuvem e lhe falou, e, tirando do espírito que havia em Moisés, deu dele aos setenta homens. E tendo repousado neles o espírito profetizaram, e não cessaram de o fazer.” (Números, XI, 25).
Pelo despertar mediúnico os espíritos se comunicam e a criatura que possui a sua faculdade bem desenvolvida pode, como acontecia nos dias apostolares, impondo as mãos, despertar a faculdade latente em outras pessoas. O que se deu nesse dia foi um Pentecostes
– Pode-se ter o testemunho da Escritura?
– Sim, e estes textos provam que a mediunidade ou Espírito Santo, desde remotos dias é cultivada na Terra:
“E Josué, pois, filho de Nun, foi cheio do espírito de sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as suas mãos...” (Deuteronômio, XXXIV, 9).
“E havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em diversas línguas e profetizavam.” (Atos, XIX, 6).
Como vemos, em todos os tempos as criaturas conhecedoras das verdades espirituais, fizeram delas uso conveniente. A imposição das mãos facilita o desdobramento do dom e, conseqüentemente, segundo a sua manifestação, neste ou naquele sentido, os espíritos trabalham, ou se comunicam, e os fenômenos se produzem. Sempre foi assim, em que pese o trabalho dos conchavos sacerdotais, buscando fazer da Verdade do Cristo, uma simples questão de traficâncias egoísticas e obscenas.
Os sinais produzidos pelo Cristo e reptados por Ele, como sendo de possibilidade do crente, por esse veículo é que se alcançam. Ele, note-se, tinha o espírito mediúnico sem medida, em virtude quer de sua pureza, quer de sua obra messiânica.
– Por que veio Jesus fundar a Igreja Revelacionista, se já era conhecida de muitos homens a sua mecânica e utilidade?
– Jesus, em primeiro lugar, veio viver o Cristo. Isso quer dizer que Ele veio simbolizar a Criação, que é o Verbo ou tudo o que vive, e que se manifesta em Espírito e Matéria. Isto, de si, é ainda de difícil compreensão para muitos, mas pela evolução natural dos conhecimentos humanos tornar-se-o-á facilmente. Se Cristo fosse um simples profeta, um mero fundador de religião ou pregador, o seu reino teria fim! Entretanto, saibam quantos o quiserem, Ele daria ao homem o conhecimento do elemento mediúnico, através do qual produziu todos os fenômenos de que falam os Evangelhos. A isso se chamou – rasgar o véu do tempo, de uma forma radical, vindo em caso de necessidade, em caráter de reposição, e não de fundação de nova Igreja. O Espiritismo é o Cristianismo redivivo, por ser o culto do elemento sobre o qual fundou o Cristo a sua Igreja. Diante do Espírito Santo, que é uma virtude emanante de Deus, o Cristo se prosternou.
– Resulta, então, que a Igreja Espírita é o resultado dos trabalhos e desejos daqueles velhos servos do Senhor?
– Sim. Pelas profecias que vamos transcrever viremos a saber, que tudo tem a sua história, a sua lógica, a sua tradição, o seu alicerce:
“Subiste ao alto, fizeste escrava a escravidão, tomaste dons para distribuíres aos homens, ainda aos que não criam que habitava o Senhor Deus entre eles.” (Salmos, LXVII, 19).
– Quem fez essa profecia?
– Pelo mediunismo é que David, que consultava o Senhor, freqüentemente, pelos anjos ou espíritos, chegou a antever o Cristo, fazendo esse serviço de doar dons, como sucedeu no Pentecostes. 1520 anos antes do Cristo vir é que David assim disse. E outros médiuns ou profetas também foram avisados e disseram:
“Porque eu derramarei águas sobre a terra sequiosa, e rios sobre a seca; derramarei o meu espírito sobre a tua posteridade, e a minha benção sobre a tua descendência.” (Isaías, XLIV, 3).
712 anos antes de Jesus é que Isaías assim falou; e Joel, como iremos ler, 800 anos antes do Cristo, disse:
“Depois disto acontecerá também o que vou a dizer: Eu derramarei o meu espírito sobre toda carne, e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos velhos serão instruídos por sonhos, e os vossos mancebos terão visões.” (Joel, II, 28).
– Por que tudo isso foi prometido tantas vezes?
– Para que, quando viesse o cumpridor da celeste promessa, fosse recebido como tal. Alguns O conheceram, mas, pela maioria, foi tratado conforme se lê em Isaías, isto é, como um varão sofrido e de dores... E pode-se dizer, vinte séculos depois do seu advento, o Espírito de dons ainda não é tido como merece sê-lo. Quem melhor o conhece, mal o conhece, e difícil será precisar quando virá o homem a saber o que significa renascer do Espírito Santo. Ainda lhe chamam de coisa de Belzebu, e profanam o elemento sagrado, só para defender os territórios de céu, inferno e purgatório, mui rendosos e inventados por homens!
– Por que, só com a vinda de Kardec, começou de novo o culto do Espírito Santo?
– Quando tratamos das cinco fases pelas quais passou a Igreja do Cristo, de antes de ser fundada no Pentecostes até nossos dias, então falaremos disso. Jesus mesmo prometeu que as coisas seriam repostas no lugar.
– Por que?
– Porque aos fraudulentos, mais rendem os ditos territórios por si mesmos fabricados, que a pura verdade; pretendem trancafiar os espíritos nesses lugares e, assim, imporem seus desejos aos menos avisados. Se o Cristo voltasse hoje, expelindo espíritos, confabulando com os Moisés e Elias e curando mediunicamente, de novo esses traidores Lhe dariam a morte, infamando-O de feiticeiro, etc. Falam no Cristo e insultam as práticas cristãs, porque estas não lhe convêm ao bolso, ao estômago e aos interesses do orgulho. O dolo lhes é o terreno comum.
– Em qualquer caso, não deviam reparar para o sistema de culto dos Apóstolos, que é como lemos
– Tinham de vir duas seitas corruptas, tinha de ser subornada a verdade, havia de chegar um dia a Restauração. Aos sequazes da Besta 666 e do Falso Profeta, por mais que se lhes mostre a verdadeira Religião, nada adianta. Fecham os olhos e fingem que não podem abri-los, e de todo e qualquer modo, negam o que se lhes oponha ao tacanhismo mental, por mais verdadeira que seja a prova apresentada!
Se isso se não desse, isto é, se depois da fundação da Igreja Revelacionista, não viesse a corrupção, que se diriam das verdades bíblicas sobre o que falam de luta contra a Besta e o Falso Profeta? As corrupções vieram e os povos lhes deram guarida. E com a vinda de Kardec, tendo-se este em conta de marcador de tempo, iniciou-se a Restauração prevista.
– Nesse caso, depois das profecias de que já tratamos, só restava que o Cristo viesse e a Igreja Espírita fosse fundada?
– Tinha de vir um homem avisar o povo a respeito da fundação da Igreja Revelacionista, como estava predito. Elias viveu uns 900 anos antes de Cristo, e a sua reencarnação foi anunciada 712 e 397 anos antes de se dar, como leremos:
“Voz do que clama no deserto: Aparelhai o caminho do Senhor, endireitai na solidão as veredas do nosso Deus...“ (Isaías, XL, 3).
“Eis aí vos enviarei eu o profeta Elias, antes que venha o dia grande e horrível do Senhor:
E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais, para não suceder que eu venha, e que fira a terra com anátema.” (Malaquias, IV, 5 e 6).
– Por que respondeu João Batista que não era Elias?
– Ele não respondeu isso, tanto que se disse o anjo enviado à frente do Senhor, conforme está nos Evangelhos. Se os livros, hoje lidos, foram traduzidos e dados à leitura do povo pelas religiões que se valeriam do nome do Cristo, e as quais inventaram os territórios de céu, inferno e purgatório, que não suportam a Verdade, com isso nada tem a ver o profeta. Elas se valem do nome do Cristo, para blasfemar contra os dons do Espírito Santo, porque este afirma a Reencarnação, a Evolução e a Comunicação dos Espíritos. Eis o motivo por que todo o dogmático é blasfemo do Espírito Santo; mais lhe valem os seus invencionismos do que estudar, experimentar e comparar, segundo a Revelação! Afirmar-se João como o anjo enviado diante do Senhor e negar-se-o como Elias reencarnado, seria afirmar e negar uma mesma coisa ao mesmo tempo!
– Nesse caso, que devemos fazer para o necessário esclarecimento?
– Faça-se segundo mandou o Mestre, em João, XVI, 12 e 13, isto é, cultive o homem a Revelação, e tudo se aclarará.
– Prossigamos na continuidade dos fatos?
– Sim; vejamos o Cristo afirmar que João era o Elias reencarnado:
“E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Pois por que motivo dizem os escribas que importa vir Elias primeiro?
Mas Ele, respondendo, lhes disse: Elias certamente há de vir, e restabelecerá todas as coisas:
Digo-vos, porém, que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes fizeram dele quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às suas mãos.
Então conheceram os discípulos que de João Batista é que Ele lhes falara.” (Mateus, XVII,
– Por que apareceram no Tabor, Elias e Moisés?
– O Cristo tinha de ser testemunhado pela Lei e pela Revelação; esses dois espíritos vieram simbolizar, pois, a Lei e os Profetas.
– Não dizem que esses dois personagens constituem o mesmo espírito em diferentes reencarnações?
– E faltariam espíritos capazes de tomar a forma precisa, para que se cumprisse a Vontade de Deus? A Ele tudo é possível, e aos espíritos também, desde que pela Vontade Suprema.
– Continuemos com o histórico do Batismo de Espírito Santo?
– Sim; vejamos o testemunho dado pelo profeta, sobre ser Jesus Cristo o cumpridor da promessa que, desde séculos, estava feita:
“Respondeu João, dizendo a todos: Eu na verdade vos batizo em água, mas virá outro, mais forte do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia dos seus sapatos: ele vos batizará em virtude do Espírito Santo, e no fogo.” (Lucas, III, 16).
– Como saberia o povo, praticamente, que Jesus poderia fazer isso?
– Jesus herdaria o Espírito Santo, na presença de muitos, e passaria a vida obrando sinais e prodígios em virtude do mesmo. Vejamos:
“E desceu sobre ele o Espírito Santo em forma corpórea, como uma pomba: e soou do céu uma voz que dizia: Tu és aquele meu Filho especialmente amado: em ti é que tenho posto toda minha complacência.” (Lucas, III, 22).
– Por que tomou a forma de pomba?
– Porque a pomba simboliza a virtude e, sendo o Espírito Santo dom ou virtude espiritual, nunca poderá tomar a forma humana ou angelical; vede que, no Pentecostes, também tomou a forma de línguas de fogo, mas não humana ou angelical. Desse dia em diante, foi Jesus obrando sinais e prodígios em virtude do mesmo Espírito de dons e sendo, por isso, chamado de louco, satânico e, por fim, crucificado. Vejamos o que fez, o que disse faria o CRENTE, etc.:
“Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo, e ele o curou, de sorte que falava e via.
E ficavam pasmadas todas as gentes, e diziam: Porventura é este o filho de David?
Mas os fariseus ouvindo isto, diziam: Este não lança fora os demônios, senão em virtude de Belzebu, príncipe dos demônios.” (Mateus, II,
Mas Jesus afirma que é em virtude dos dons espirituais, ou Espírito Santo, que obrava sinais e prodígios:
“Se eu, porém, lanço fora os demônios pela virtude do Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus.” (Mateus, XII, 28).
E observa aos blasfemos:
“O que não é comigo é contra mim; e o que não ajunta comigo, desperdiça.
Portanto vos digo: Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, porém a blasfêmia contra o Espírito Santo não lhes será perdoada.
E todo o que disser alguma palavra contra o Filho do homem, perdoar-se-lhe-á, porém o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, nem neste mundo, nem no outro.” (Mateus, XII,
– Por que se coloca o Cristo abaixo do Espírito Santo?
– Porque este é dado como GRAÇA, a todos os que forem julgados dignos, pelo Pai comum, conforme bem o disse Pedro, em Atos, II,
“Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade, em verdade, vos digo, que aquele que crê em mim, esse fará também as obras que eu faço, e fará outras ainda maiores: porque eu vou para o Pai.” (João, XIV, 12).
E para que soubessem que essa graça seria dada aos homens, disse:
“Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (João, XIV, 26).
“Mas eu digo-vos a verdade: a vós convém-vos que eu vá: porque se eu não for não virá a vós o Consolador; mas se for enviar-vo-lo-ei.” (João, XVI, 7).
“Eu tenho ainda muitas coisas que vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora.
Quando vier porém aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as verdades, porque ele não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir.” (João, XVI, 12 e 13).
E como o Espírito de dons seria dado aos homens para com ele ficar como graça de Deus, Jesus, depois de ressurgido, veio dizer aos mesmos homens:
“E estes sinais seguirão aos que crerem: expulsarão os demônios em meu nome; falarão novas línguas:
Manusearão as serpentes; e se beberem alguma potagem mortífera, não lhes fará mal; porão as mãos sobre os enfermos e os sararão.” (Marcos, XVI, 17 e 18).
– Por que não atendem para isso os dogmáticos?
– Porque estaria fora de suas funções naturais – o dogmatismo em geral – uma vez que, para blasfemar contra a graça do Senhor é que tinham de viver e estão vivendo. Esses sinais são o fruto do Espírito Santo, tal como Jesus o utilizou; e Jesus disse:
“Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo, como seu senhor. Se eles chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?” (Mateus, X, 25).
Todo aquele, pois, que quiser sair pelo mundo, ainda por muitos anos, fazendo cristianismo, terá de passar pelas calúnias dos dogmáticos. Assim é que se cumprirão as Escrituras, naquilo que tiverem sido corrompidas pelas traduções viciadas ou interpoladas. Jesus mandava pregar, mas o testemunho do pregador é assento sobre fatos, e não fingimentos, disfarces, ídolos, dogmas, discursos falazes, etc.:
“E pondo-vos a caminho pregai, dizendo: Que está próximo o reino dos céus.
Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebestes.
Não possuais ouro nem prata, nem tragais dinheiro nas vossas cintas:
Nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento.” (Mateus, X,
O Espiritismo é o culto do Espírito Santo, mas por não haver nele o desprendimento necessário dos bens do mundo, nem ele mesmo realiza o exigido ou reptado pelo Cordeiro de Deus!
– E a seguir?
– Agora entraremos para os dias, depois da crucificação, quando se deu o batismo de Espírito Santo. Começaremos pela comunicação do Cristo, pelos dons, e a seguir, transcreveremos a ordem dada por Ele, para que se aprontasse tudo para o dia aprazado e glorioso.
– Tinham os Apóstolos conhecimento disso?
– Sim, pois Jesus já havia dito:
“O que crê em mim, como diz a Escritura, do seu ventre correrão rios de água viva.
Isto porém dizia ele, falando do espírito que haviam de receber os que cressem nele: porque ainda o espírito não fora dado, por não ter sido ainda glorificado Jesus.” ( João, VII, 38 e 39).
Vejamos como se servia Jesus do mediunismo, para se comunicar com os Apóstolos e vice-versa:
“Até o dia em que, dando preceitos pelo Espírito Santo aos apóstolos que elegeu, foi assunto acima:” (Atos, I, 2).
E notemos como mandou preparar tudo para o grande dia:
“E comendo com eles, lhes ordenou que não saíssem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que ouvistes (disse ele) da minha boca.
Porque na verdade João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, não muito depois destes dias.” (Atos, I, 5 e 6).
E o dia chegou, e o grande acontecimento se deu, tendo Jesus, então, terminado o batismo de Espírito Santo, como veremos:
“E quando se completavam os dias de Pentecostes, estavam todos juntos num mesmo lugar.
E de repente veio do céu um estrondo, como do vento que assoprava com ímpeto, e encheu toda casa onde estavam assentados.
E lhes apareceram repartidas umas como línguas de fogo, que repousaram sobre cada um deles.
E foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar várias línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (Atos, II,
Quando diz E FORAM TODOS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO, entenda-se que neles ou nos presentes manifestou-se a faculdade ou dom, ou Espírito Santo, e que, através do mesmo, espíritos ou anjos comunicaram-se, dando as suas mensagens, em línguas diferentes (para constituir sinal) ou em o idioma normal dos agraciados com o dom espiritual.
Vejamos o pasmo causado, a blasfêmia dos infiéis e o testemunho dado por Pedro, de constituir esse sinal o cumprimento de profecias:
“E tanto que correu esta voz, acudiu muita gente, e ficou pasmada, porque os ouvia a eles falar cada um na sua própria língua.” (Atos, II, 6).
“Outros, porém, escarnecendo, diziam: É porque estes estão cheios de mosto.
Porém Pedro em companhia dos onze, postos em pé, levantou a sua voz, e lhes falou assim: Varões de Judéia, e todos que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e com ouvidos atentos percebei as minhas palavras.
Porque estes não estão tomados de vinho, como vós cuidais, sendo a hora terceira do dia:
Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e profetizarão vossos filhos e vossas filhas, e os vossos mancebos verãos visões, e os vossos anciãos sonharão sonhos.
E certamente naqueles dias derramarei do meu Espírito sobre as minhas servas e sobre os meus servos, e profetizarão.” (Atos, II,
E para bem acentuar que Jesus foi o derramador, e que para se tornar tal, herdou primeiramente o Espírito no dia de seu batismo:
“Assim que, exaltado pela dextra de Deus, e havendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou sobre nós a este, a quem vós vedes e ouvis”. (Atos, II, 33).
E para que saibam todos que a graça é para quem merecer, ou para os que Deus quiser dar, independente dos despeitos humanos ou das fanfarras dos que se fizeram a si mesmos – ministros de Deus ou infalíveis:
“Pedro então lhes respondeu: Fazei penitência, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.
Porque para vós é a promessa, e para vossos filhos e para todos os que estão longe, quantos chamar a si o Senhor nosso Deus.” (Atos, II, 38 e 39).
E por diante, sempre que havia reuniões ou cultos de fé, manifestava-se em os novos presentes o dom espiritual, e a prova de fogo era comunicarem-se os espíritos, dando mensagens em línguas diversas ou em linguagem natural dos médiuns ou agraciados:
“Estando Pedro ainda proferindo estas palavras, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
E se espantaram os fiéis que eram da circuncisão, os quais tinham vindo com Pedro, de verem que a graça do Espírito Santo foi também derramada sobre os gentios.
Porque eles os ouviam falar diversas línguas, e engrandecer a Deus.
Então respondeu Pedro: Porventura pode alguém impedir a água para que não sejam batizados estes que receberam o Espírito Santo, assim também como vós?” (Atos, X,
E justificando-se diante dos peçonhentos de então, que pretendiam poder açambarcar os dons, acreditando-se escolhidos de Deus, diz Pedro esta coisa importante:
“E eu me lembrei então das palavras do Senhor, como ele havia dito: João na verdade batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo.
Pois se Deus deu aqueles a mesma graça que também a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que me pudesse opor a Deus?” (Atos, XI, 16 e 17).
Que dizer, quando em pleno século vinte da era cristã, os discípulos da corrupção medram pelo mundo afora, dizendo-se crentes, ou trombeteando que estão com a palavra de Deus, para, com essas afirmações, melhor ensinarem a blasfemar contra o Espírito de Verdade?
Nada há que temer; duas são as condições a observar: a primeira é cultivar a Revelação, como está ordenado em João, XVI,
– E a seguir?
– Transcreveremos algo que ateste o Espírito de dons e sinais:
“Por eficácia de sinais e de prodígios, em virtude ao Espírito Santo: de maneira que, desde Jerusalém e terras comarcas até o Ilírico, tenho enchido tudo do evangelho do Cristo.” (Romanos, XV, 19).
“E não vos deis com excesso ao vinho, donde nasce a luxúria, mas enchei-vos do Espírito Santo.” (Efésios, V, 18).
No versículo acima manda que se encham os homens de dons e não de anjos ou espíritos comunicantes, como possam querer alguns.
“Não extingais o Espírito.
Não desprezeis as profecias.
Examinai, porém, tudo: abraçai o que é bom.” (I Tessal. V,
– Por que é necessário o cuidado com as profecias?
– Nisso está a prova de que o Espírito Santo é dom ou veículo intermediário e não espírito comunicante. Se assim não fosse, como profetaria o Espírito Santo erradamente? Sendo porém o veículo da Revelação, por ele podem-se comunicar todas as espécies de espíritos, desde o Cristo até o mais mentiroso ou mistificador. Eis a razão de ser dos cuidados.
“Confirmando-a ao mesmo tempo Deus com sinais e maravilhas, e com virtudes diversas, o com dons do Espírito Santo, que repartiu segundo a sua vontade.” (Hebreus, II, 4).
“Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que sair vencedor ficará ileso da segunda morte.” (Apocalipse II, 11).
O que diz o Apocalipse, mandando ouvir ou cultivar a mediunidade, é o mesmo que diz Paulo, quando manda não extinguir o Espírito Santo.
– Como pode-se saber que o Espírito Santo se manifesta como dons ou como mediunidade, na carne?
– A primeira e melhor maneira é cultivar o mesmo Espírito Santo ou mediúnico, com amor e por amor.
– Por que?
– Porque assim, ficam livres dos espíritos embusteiros, e os verdadeiros se incumbirão de falar a verdade. Quem se têm feito portadores ou reveladores de ensinos errados, em todos os tempos, desde os Patriarcas e Profetas, são os espíritos ignorantes ou mistificadores, que acharam e acham acesso nos profetas ou médiuns levianos. Além do mais, cumpre notar que os espíritos pertencem a variados planos hierárquicos, e sabem o que sabem e não o que pensam os homens: que os espíritos sabem tudo!
– E sobre os espíritos errados, que diziam, nos tempos apostolares, não ter vindo Jesus em carne?
– Quando um fenômeno se dá e não são conhecidas as suas leis, os homens ou espíritos buscam uma chave ou teoria; e se nada podem afirmar de fato, com pleno conhecimento de causa, sendo pouco o moral intrínseco, dizem o que lhes convém à tese em vigência e pouco se incomodam com a verdade. No entretanto, já disse, todos os fenômenos se passam em virtude do Espírito Santo, e Jesus tinha essa graça, sem medida, conforme João, III, 34. Ele podia, pois, produzir mediunicamente, coisas que estão longe de ser compreendidas pelo intelecto dos habitantes do planeta.
– E sobre a não entrada na bem-aventurança, dos que não renascerem do Espírito Santo?
– Nicodemos ouviu Jesus dizer-lhe, que aquele que não renascer na sua crença, do culto, conhecimento e sentimento do que seja a graça prometida nos séculos anteriores, e trazida por Ele, não viria a herdar o reino dos céus.
– Por que?
– Porque quem com Jesus não colhe, desperdiça; ou o homem cultiva e respeita o Espírito Santo, ou dele é blasfemo. Nunca poderá ser uma e outra coisa! E quem blasfemar contra a graça mediúnica, que é a chave dos mistérios e milagres de todos os tempos, manifesta à carne toda na hora propícia, não será perdoado e terá que pagar até o último ceitil! É bem triste cabedal dos que dizem ser dom espiritual coisa de Belzebu!
– E Nicodemos percebeu isso?
– Só cumpria que percebesse, porquanto Jesus, então, afirmou os dois renascimentos: o da crença nos dons mediúnicos e o renascimento do espírito, para alcançar a perfeição através das provas comuns. É em Lucas, XX, 35 e 36, onde bem se acha exposta a necessidade de provas e aperfeiçoamentos:
“Mas os que forem julgados dignos daquele século, e da ressurreição dos mortos, nem os homens desposarão mulheres, nem as mulheres os homens:
Porque não poderão jamais morrer: porquanto são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, visto serem filhos da ressurreição.” (Lucas, XX, 35 e 36).
– Antes de se fazerem bons, Deus não sabe se o são ou não seus filhos?
– Deus sabe tudo e tudo marcha para a perfeição; ninguém foi feito para a perdição. As falsas religiões, de que já falamos, no afan de atrair os simplórios para o seu redil peçonhento, desviaram a letra para o terreno em que se acha. Além do mais, cultivando a Revelação, terá o homem os ensinamentos que o Cristo não pode dar então. Muitas são as coisas expostas nos livros de Kardec, que se enquadram perfeitamente nas promessas do Cristo, quando tal observou. Enfim, ou o homem cultiva a Revelação e se livra da Besta e do Falso Profeta, e vem a conhecer a Verdade, que o livrará, ou escraviza-se aos formalismos dessas pseudas ou falsas religiões! Nada poderá haver de contemplação com quem blasfema contra o Espírito Consolador, uma vez que o próprio Cristo não lhe prometeu uma redenção amena! Se a Igreja do Cristo, iniciada no Pentecostes, tivesse continuando como lemos
– Volvamos sobre o batismo de Espírito Santo, naquilo que se refere à manifestação do mesmo Espírito Consolador, como dons, na carne?
– Sim; e para tanto, transcrevendo as afirmações de Paulo:
“E sobre os dons espirituais, não quero, irmãos, que vivais em ignorância.
Sabeis que, quando éreis gentios, concorríeis aos simulacros mudos, conforme éreis levados.” (I Coríntios, XII, 1 e 2).
Deve-se notar que o dogma, sendo o atrofiamento do princípio intelectual, é o mais profano e o mais imundo de todos os ídolos! Com eles as falsas religiões fazem da criança uma medrosa e do homem um covarde ou escravo!
“Há pois repartição de graças, mas um mesmo é o Espírito.
E os ministérios são diversos, mas um mesmo é o Senhor.
Também as operações são diversas, mas um mesmo Deus é o que obra tudo em todos.
E a cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito.
Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra de sabedoria; a outro porém a palavra de ciência, segundo o mesmo espírito;
A outro a fé, pelo mesmo Espírito; a outro a graça de curar as doenças, com um mesmo Espírito;
A outro a operação de milagres, a outro a profecia, a outro o discernimento dos espíritos, a outro a variedade de línguas, a outro a interpretação das palavras.
Mas todas estas coisas obra um só e o mesmo Espírito, repartindo a cada um como quer.” (I Coríntios, XII,
Note-se que o discernimento dos espíritos comunicantes é o mais ou um dos mais importantes dons, porquanto, sem discernimento quem saberia se o espírito estaria falando coisas exatas, mistificando ou mentindo? Além disso, porém, vai o respeito que devemos a todos os dons, porque Deus manda a cada qual o que lhe for mais aproveitável, para o bom cumprimento de sua missão na terra.
– E como se devem reunir os crentes, para cultivar esses dons revelacionistas?
– Do mesmo modo por que o faziam os Apóstolos, como lemos
“Segui a caridade, anhelai aos dons espirituais, e sobre todos ao dom da profecia.” (I Coríntios XIV, 1).
O tradutor Figueiredo consigna, pessoalmente no sentido: PROFETA ou VIDENTE:
“(Antigamente em Israel, todo o que ia consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente. Porque aquele que hoje se chama profeta, se chamava então vidente.)” (I Reis, IX, 9).
Nos dias apostolares, o conceito já era outro, pois se chamava profeta ao médium que hoje se chama de incorporação, ou àquele que, quando tomado por espírito, fala a língua normal do médium. De toda e qualquer forma, porém, profeta é o homem que pode manter colóquios por uns ou outros modos com o plano astral. Quando se diz que Jesus veio tornar os homens herdeiros de dons mediúnicos, dizer se quer que Jesus veio transformar os cegos em seres capazes de ver! Prossigamos:
“Assim também vós, porquanto sois desejosos de dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da Igreja.” (I Coríntios, XIV, 12).
Uma vez que a pedra angular da Igreja é o Espírito Santo, que se manifesta na carne como dons, como poderá ser nobre e verdadeira uma Igreja, uma vez que deprime aos mesmos dons ou Espírito Santo? Nisso mesmo é que as falsas religiões (Besta 666 e Falso Profeta) se testemunham como tal: nelas o que é dom revelacionista é chamado de coisa de Belzebu – e o que elas impõem, dogmas ou idolatria, é – PALAVRA DE DEUS !!!...
Prosseguindo na mesma Epístola, que ensina como se cultiva o mediunismo, ou como se faz uma sessão espírita, temos:
“Na lei está escrito: Em outras línguas, e noutros lábios falarei pois a este povo, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.
E assim as línguas são para sinal, não aos fiéis, mas aos infiéis: porém as profecias, não aos infiéis, mas aos fiéis.
Se, pois toda a Igreja se congregar em um corpo e todos falarem línguas diversas, e entrarem então idiotas, ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?
Porém se profetizarem, e entrar ali um infiel, ou um idiota, de todos é convencido, de todos é julgado:
As coisas ocultas do seu coração se fazem manifestas, assim, prostrado com a face em terra, adorará a Deus, declarando que Deus verdadeiramente está entre vós.” (I Coríntios, XIV,
É por isso mesmo que as apostasias dogmáticas se lançam como feras contra a Igreja Revelacionista ou Espírita; elas sabem que as torpezas de que são e foram autoras, são postas à mostra para que a humanidade saiba em que mãos andou por séculos a fio!
– E não lêem sequer, que estão fora das práticas do Cristo e do culto apostolar?
– Lêem, mas os interesses do bolso, do estômago e do orgulho não os deixam respeitar a verdade; não disse o Cristo, que quem erra se torna escravo do erro? Agora são elas ou eles, quem consigo mesmo terão que ajustar contas pelo que erraram e pelo que fizeram errar, induzindo os povos ao erro; e amparo nas Escrituras não encontrarão, porque elas dão testemunho de que a Igreja do Cristo é o culto do Espírito Santo!
Prossigamos:
“Pois que haveis de fazer, irmãos? Quando vos congregais, se cada um de vós, tem o dom de compor salmos, tem o de doutrina, tem o de revelação, tem o de línguas, tem o de interpretar, faça-se tudo isso para edificação.
Ou se alguns têm o dom de línguas, não falem senão dois, ou quando muito três, e um depois do outro, e haja alguém que interprete o que eles disserem.
E se não houver intérprete, estejam calados na igreja, e não falem senão consigo e com Deus. Pelo que toca porém aos profetas, falem também só dois, ou três, e os mais julguem o que ouvirem.
E se neste tempo for feita qualquer revelação a algum outro dos que se acham sentados, cale-se o que falava primeiro.” (I Coríntios, XIV,
Note-se que a reunião dos verdadeiros crentes é feita num sentido todo de observação aos ensinos revelacionistas; todos assentados, esperando a palavra do alto e estudando o que os mensageiros de Deus disserem.
– E por que calar um, quando outro recebe espírito?
– É esta mesma observação de quando Paulo manda não extinguir o Espírito, não desprezar as profecias e aproveitar somente o que for bom; já falamos sobre as diferentes capacidades dos espíritos e sobre as diferentes maneiras de ver e entender as coisas, por parte dos mesmos. Além do mais, também os mistificadores podem falar, conforme I Epístola de João, IV,
– No verso 32, o que devemos entender?
– Diz ele:
“Porque os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.” (I Coríntios, XIV, 32).
Os espíritos dos que forem curadores, poliglotas, videntes, milagreiros, etc., estão afins com os que possuem os mesmos dons, encontrando neles maior afinidade e, conseqüentemente, melhor comunicabilidade e mais proveitoso trabalho. Não quer isso dizer, como muitos o desejam, que o espírito é sujeito à carne. Médium ou profeta é o espírito e não a carne; não teria senso dizer-se que o espírito está sujeito a si mesmo. O que aí diz é sobre a afinidade para o efeito de comunicação. Ademais, o Espírito Santo ou mediunidade, está, igualmente, nos espíritos desencarnados.
– E que mais?
– O mais diz, como o diz Paulo:
“Se algum porém o quer ignorar, será ignorado.” (I Coríntios, XIV, 38).
– Por que, na codificação kardeciana, o Espírito Santo figura como sendo o símbolo dos bons espíritos?
– Porque, para dizer as coisas terra-a-terra com a verdade, preciso era que se acusassem as igrejas dogmáticas ou corruptoras, que em seu tempo vieram para burlar a Igreja Revelacionista. Fazendo isso, elas que contavam então com muita força política (Dragão do Apocalipse, Cap. 13), reagiriam de modo violento, vindo o Consolador a se radicar na terra à custa de sangue humano. Isso é o que procuraram evitar os espíritos do Senhor, dizendo a Kardec que não dissesse tudo, e que melhor era não trabalhar então, para fazer um livrinho de análise bíblica. Hoje, as coisas mudaram muito, e até a atmosfera diz que a verdade sobre o Cristianismo está fora dos que se intitulam ministros de Deus e infalíveis! Eles, na verdade, personificam a blasfêmia contra o Espírito Santo!
– Em suma, qual o extrato da verdade bíblica?
– A Bíblia, em seus ensinos, repousa sobre dois pólos fundamentais: o primeiro é a Lei e o segundo é a Revelação. A Lei veio pela Revelação e assim a Revelação afirma a Lei. Portanto, isso quer dizer: deve o homem cultivar o Cristianismo, tal como o cultivaram Jesus e os Apóstolos; e deve cultivar a Lei, que manda ao homem apurar os seus sentimentos. Na I Epístola aos Coríntios, XIV, mostrado é como faziam os Apóstolos as suas reuniões; e no Sermão do Monte, mostrado é o dever do homem crente, que se resume em: amar, amar, amar!
– E no que trata dos dogmáticos, ou idólatras, ou forjadores de invencionismos que deprimem a verdade e corrompem a sã doutrina?
– Cumpre amar ao espírito nosso irmão, não confundindo jamais o espírito, igualmente filho de Deus, com a ideologia perniciosa que o domina; aliás, não há um só espírito que seja a Besta ou o Falso Profeta, pois que estes símbolos dizem respeito às ideologias e não aos espíritos que nelas possam crer. Os espíritos terão que penar, pelo que erraram e tenham feito errar, e as ideologias terão que ir para o:
“Mas a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que tinha feito os prodígios na sua presença, com os quais ele tinha seduzido aos que tinham recebido o caráter da besta, e que tinham adorado a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no tanque ardente de fogo e de enxofre”. (Apocalipse, XIX, 20).
O tanque ardente de fogo e de enxofre é o ostracismo em que virão a cair as duas igrejas dogmáticas, que lançando anátemas contra o mediunismo, impuseram aos povos os simulacros e discursos falazes. Elas cairão, e na Terra se levantará a Igreja Restaurada, tal qual a deixaram os Apóstolos, como lemos I Coríntios, XIV. No Apocalipse está escrito:
“Eis aqui depressa virei, e o meu galardão anda comigo, para recompensar a cada um segundo as suas obras.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim.
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para terem parte na árvore da vida, e para entrarem na cidade pelas portas.
Fora daqui os cães, e os que dão veneno, e os impuros e os homicidas, e os idólatras, e todo que ama e obra a mentira.
Eu, Jesus, enviei meu anjo para vos dar testemunho destas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de David, a estrela resplandecente da manhã.
E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E o que houve, diga: Vem. E o que tem sede, venha: o que quer, receba de graça a água da vida.” (Apocalipse, XXII,
O Espírito é a Revelação; foi ensinado prática e teoricamente pelo Cordeiro, o qual foi morto, por ter feito sinais e prodígios em virtude da mesma fonte de dons – o Espírito Santo ou a mediunidade – sem o qual elemento jamais haverá Revelação.
A esposa é a Lei ou a Moral. Ninguém mais do que o Cordeiro viveu-a completamente; e também por isso foi morto, porque Lei e Revelação são os pólos fundamentais da Verdade Evangélica. Quem quiser ser cristão, terá que fazer-se perseguido dos elementos mundanos, porque o culto da Lei e da Revelação os aborrece. Isso é lavar-se no sangue do Cordeiro.
No Talmud, livro de leis dos rabinos, está escrito:
“E na véspera da páscoa foi Jesus crucificado, por se ter entregue à magia e seus sortilégios”.
É que o culto do Espírito revelacionista facilitava ao Cristo descobrir os pensamentos e atos imundos dos pseudos religiosos, e eles, não O podendo suportar, porque lhes punha à mostra a podridão moral (tal como está contido
Do mesmo modo, pois, todo o que se propuser a cultivar o são Cristianismo, que é o culto da Lei e da Revelação, terá contra si os falsos religiosos, etc.
– Como deveremos encarar o Cristo?
– A humanidade não sabe ainda e por muito tempo o não saberá. Ele foi a lição sem fim, e, portanto, é o símbolo de toda a sabedoria espiritual e material. Encarnou o Verbo, que quer dizer Filho ou Criação. Se há sabedoria na utilidade e transição da matéria, Ele isso representou; se há utilidade na evolução do Espírito, e se nisso sabedoria houver, Ele também o revelou. Se o homem ou espírito deve ser obediente à sabedoria de Deus, Ele o exemplificou. O Cristo representou, pois, o princípio e o fim, isto é, o Criador e a Criação ou Verbo.
– E sobre o seu corpo?
– Ele jamais seria Cristo, se não viesse em espírito e matéria. Figurou a matéria em sua eterna transição, ganhando peso atômico e potencial elétrico, isto é, variando nesses valores, porque sendo sempre a mesma, a matéria muda de estados continuamente. Transição e utilidade, eis o que disse Ele no seu exemplo sem fim, no que representou a matéria.
– E sobre esta observação de João?
“Caríssimos, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas que se levantaram no mundo:
Nisto se conhece o espírito que é de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus...” (I João, IV, 1 e 2).
– Sabeis que Jesus se comunicava, depois de crucificado, pelo Espírito mediúnico ou Santo; e por esse meio instruía os Apóstolos na confecção dos escritos, que serviriam de pontos de informação, no futuro. Não eram os Apóstolos os que duvidavam, mas sim os eternos falsos profetas. Em outro ponto observa Paulo, que melhor esteve em contacto com o Mestre ressurgido, sobre os que diziam que a ressurreição já era feita. É que não podiam os homens entender o que representa o fator Espírito Santo ou dons espirituais, o qual ou os quais tinha Jesus, sem medida! Ele atuava por esse elemento divino, e os homens que nada ou muito pouco entendiam, julgavam ser tudo miragem ou coisa de espírito livre da roupagem carnal. Quanto à natureza celular, capacidade magnética, poder vibratório, auxílio do plano astral, etc., ninguém duvide de que Cristo os tivesse extraordinariamente, quer por ser um espírito puro, quer por estar, por necessidade missionária, empossado de valores autenticamente delegados.
No que representou o Espírito, ou esta parte da Criação, Ele deixou dito que só um código existe, para os de dentro ou de fora da matéria, que só Deus é o manipulador desse código ou Lei.
– Por que Jesus não escreveu?
– Porque, como já está dito, Ele veio derramar o Espírito sobre a carne, coisa que foi feita no Pentecostes, e que o mesmo elemento ficaria como base de sua Igreja. Muito mais teriam adulterado a sua Igreja se Ele tivesse escrito, pois então, assim, diriam ser a letra do Evangelho e não o culto da Lei e da Revelação. Lembrai que o Cristianismo é fundado sobre o culto da Moral e da Revelação e não, como querem os adúlteros, uma simples religião revelada. Onde não se reunirem, como o faziam os Apóstolos, I Coríntios, XIV, não existe puro Cristianismo. Qualquer ato de louvor deve ser respeitado, e é certo que os mais identificados à matéria recorrem a meios mais materiais; porém, sem intercâmbio com o plano astral, por mais que haja vontade de fidelidade, o erro aparecerá. Cumpre ao homem viver a Lei e cultivar o Espírito mediúnico ou Santo.
Pelo culto da Moral e da Revelação, ou, como diz o Apocalipse, Esposa e Espírito, o homem será esclarecido, na altura de seus méritos. Quem mais alto for, tanto melhor apanhará os frutos mais saborosos. É a natural atração pela afinidade.
Individualmente, batismo de Espírito Santo quer dizer: manifestação de virtude mediúnica ou santa, que no indivíduo, já estava em estado de latência; e coletivamente, quer dizer manifestação coletiva, como se deu no Pentecostes, da mesma virtude embrionada no íntimo de cada um. E uma vez que o batismo já foi feito, isto é, que o dom foi revelado e a Igreja sobre o culto do mesmo foi fundada, cumpre que o homem siga o seu caminho.
– Nesse caso, traçou Jesus a sua rota, da manjedoura ao Pentecostes e não ao Gólgota?
– Lógico; Ele veio para fundar uma Igreja sobre a virtude que tudo une entre si e ao Criador.
– Podem-se ter melhores informações?
– Sim. Vejamos que, quem se der ao trabalho de estudar a Escritura, encontrará pela frente quatro pontos fundamentais em torno dos quais gira toda a sabedoria escriturística:
O Pai,
O Filho,
A Lei e
O Espírito Santo.
Isso pode-se traduzir por:
O PAI, Alma do Universo, Ser Indivisível, Onisciente, Onipotente, Onipresente, Imutável. Jamais será sondável em matéria de essência e origem, assim o creio eu. É melhor chamá-Lo PAI, do que DEUS.
O FILHO, é o Verbo ou Criação ou o Todo Criado. Jesus, o Tutelar da Terra, veio representar a Criação (Espírito e Matéria), nos seus direitos e deveres. É o mais vasto de todos os símbolos porque é a maior de todas as missões que um espírito possa viver. Podem existir espíritos maiores ou menores, mas um Cristo é sempre um símbolo completo, igual, portanto, aos outros Cristos dos outros mundos.
A LEI, é a Força Equilibradora. Manifesta-se mais material nos planos materiais e mais moral nos planos mais moralizados ou espiritualizados. Não existem muitas leis, porém múltiplas manifestações de uma única Lei.
O ESPÍRITO SANTO, é pura mediunidade. Assim como há um Criador, há um Filho ou Verbo; assim como há uma Força Equilibradora, há uma Virtude que emana do Criador ou Pai, e que banhando o Todo Criado ou Verbo, une-se entre si e ao Criador. Respeita Gênero, Espécie, Família, Hierarquia, etc. Seria estultície do homem querer limitar as possibilidades mediúnicas ou os poderes dessa Virtude Divina. Ela é, bem dizendo, a Voz do Pai a atrair para si o Filho. Feliz do espírito que atingiu a altura de poder dizer: JÁ RENASCI DO ESPÍRITO SANTO! Esse poderá dizer: EU E O TODO SOMOS UM SÓ, e livre da necessidade de reencarnar em planos inferiores, manter-se-á sempre na condição de Eterna Presença, nunca vacilante, tenha de ir onde quer que seja, viver a missão que for.
– Jesus, durante o tempo que viveu a sua missão de Cristo, nunca vacilou?
– Não. Só deu exemplos de como se utiliza a matéria e de como deve portar-se o Espírito. Tentado pelo materialismo (ou diabo), exemplificou a repulsa pelo mesmo; angustiado, no monte das Oliveiras, exemplificou a obediência à vontade do Pai. Assim, compreenda cada homem que, se for tentado à conquista da terra, saiba fugir da mesma tentação. E se algum dia, no Horto da Vida, por expiação ou exemplo, tiver que sofrer qualquer angustiável ato, embora não possa deixar de sentir, deve suportá-lo com resignação, porque o Pai é quem sabe o que melhor nos convém. Seria desnecessário dizer isto, uma vez que dito já ficou, que o Cristo foi, em linha reta, da manjedoura ao Pentecostes.
– Houve, já, quem tenha visto a Deus?
– Sim, mas como o explica a Escritura:
“Também sou o que te falei pelos profetas, e eu lhes multipliquei as visões; e pela mão dos mesmos profetas fui representado debaixo de diferentes figuras.” (Oséias, XII, 10)
– Como se explica isso?
– Espíritos ou anjos, recebem ordem de espíritos ou anjos que pairam em regiões muito superiores e vêm até aos médiuns ou profetas, ou seres cujas faculdades tenham sido patenteadas, e lhes mostram a Deus, em formas simbólicas ou através de símbolos.
– E Jesus?
– Este, por poderes delegados, representou o PRINCÍPIO e o FIM, isto é, o Criador e a Criação; no entretanto, vede bem, Ele tinha os anjos, ou espíritos, subindo e descendo sobre sua cabeça; foi confabular com espíritos no Tabor e, depois de ressurgido, como espírito, se comunicava de diferentes modos, através das diversas faculdades dos Apóstolos, etc. A regra é uma; as manifestações é que variam. É assim que nunca há falta de seqüência, ainda que ao homem tal não pareça.
– Por que Espírito Santo é uma Virtude e se manifesta como se fossem muitas?
– De um lado porque é poderosa a vontade de Deus, que dá a cada um segundo os seus méritos; e de outro lado, porque há sempre um determinado fim em cada encarnação, e a manifestação de muitas faculdades poderia desordenar a marcha para o dito fim. Essa Virtude é muito poderosa arma e a escassez de senso, do seu portador pode transformá-lo
– Quais os atos que constituem uso duvidoso?
– Os repelidos pela sã moral; isto é, quem cultivar os dons e a Lei, ao mesmo tempo, como o Cristo o fez só bem poderá fazer. A codificação kardeciana é pródiga em ensinamentos, para quem quiser entender.
– Como se deve entender, isto é, em que caráter se deverá tomar os ensinamentos contidos nestes escritos?
– Como ponto de partida para investigações mais profundas. Apenas como vislumbres dos grandes conhecimentos que mais tarde virão, quando a humanidade pela sua pureza assim o merecer. Ninguém dogmatize coisa alguma que até este tempo tenha sido dita, por quem quer que seja, uma vez que tudo tem sido dado a ver mui mediocremente!
– E os que buscarem pretextos para contradição?
– A humanidade é composta de muitas almas encarnadas e desencarnadas, constituindo, digamos, três escalões: vanguarda, centro e retaguarda. Sempre que algo de novo aparece, para a vanguarda é simples, para o centro é esquisito, e para a retaguarda é a eterna – confusão! Ninguém se iluda com aparências, títulos e outros ornamentais temporais; os verdadeiros servos dificilmente têm onde reclinar a cabeça, é a prova que dão de sua superioridade espiritual, é que são mais guiados por intuição do que por intelectualismo.
– E sobre o fato de passar um mil, e outro mil, não?
– A Besta ou corrupção duraria mais de um milênio e menos de dois; isto é, passar-se mil anos e não completar-se-iam dois mil, sem que fosse restabelecida na terra a Igreja do Cristo. Assim é que estamos trabalhando para o cumprimento da profecia. Estudar a Escritura é dever, porque ainda muito longe estão os melhores livros, em matéria de análise ou estudo, dos seus profundos ensinamentos. Também, ninguém poderá depor contra a sua capacidade de espírito profético. E nenhum livro é tão evocador de fluídos sublimes, como esse que foi e está sendo escrito, nos segundos e nos milênios, e que encerra a história dos grandes vultos que, sobre os montes de Israel, aformosearam o seu espírito, morrendo de zelos pelas coisas do Senhor.
Ninguém duvide do valor da pregação do Evangelho; o biográfico ou escrito, indica ao homem que: SE LEVANTE
– Como devemos encarar o Espiritismo?
– Devemo-lo por dois prismas: (a) – Quem quiser fazê-lo por este prisma, que é o real, só o poderá fazer, lembrando-se das palavras de Jesus:
“E todo o que disser alguma palavra contra o filho do homem, perdoar-se-lhe-á, porém o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, nem neste mundo, nem no outro.” (Mateus, XII,
O pecado contra o espírito criado é uma coisa; o pecado contra a Virtude divina que tudo une, é outra coisa. O fato de quererem seja ele a terça parte de Deus, não procede, mas é uma Virtude emanante d’Ele e, portanto, merecedora de todo respeito. Levando-se em conta que o Espiritismo é o culto desse elemento, que no gênero humano se manifesta como dons espirituais, deve ele – o Espiritismo – ser encarado como um sacrário inatingível pelas concepções humanas. Levará ele o relativo ao absoluto, transformará o homem-terreno em homem-Deus.
Esse Espiritismo não cresce nem diminui pelas negações ou afirmações de quem quer que seja; está na sua grandeza integra, esperando aos que nele queiram renascer, pois é esse o fim de todos nós, assim como é aquela a natureza do Espiritismo. Todo aquele que lhe quiser fazer afronta será esmigalhado pela Lei ou Poder Equilibrador. Os homens devem render-lhe o mesmo culto devido a Jesus; colocá-lo acima das suas cogitações, por melhor que estas sejam. (b) O Espiritismo, como corpo de doutrina, é, tal como está, o resultado de milhares de anos de trabalhos proféticos ou revelacionistas.
Podemos dizer que estamos em um ponto, na escalada da montanha, a subir por um atalho, e que outros, noutros tempos, trabalhadores das primeiras horas, iniciaram os trabalhos de abertura desse atalho. A cadeia vem desde os Patriarcas. Asseveramos ainda, sem o mínimo receio de errar, que estamos na quinta fase ou no quinto período. Antes, entretanto, devemos dizer uma coisa, e temos a grata satisfação de saber que ela já está dita, bastando transcrevê-la da Bíblia:
“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará ao pé do cabrito: o novilho, e o leão, e a ovelha, viverão juntos, e um menino pequenino os conduzirá.
O novilho e o urso irão comer as mesmas pastagens: as suas crias descansarão umas com as outras: o leão comerá palha com o boi.
E divertir-se-á a criança de peito sobre a toca do áspide: e na caverna do basilisco meterá a sua mão a que estiver já desmamada.” (Isaías, XI,
Isso que está exposto é o cume da montanha, e terá de ser atingido pelo conhecimento e culto do Paracleto ou Espírito Santo, que é o Espiritismo em sua manifestação, a mais simples e profunda. Quantos séculos serão ainda necessários para que a humanidade da Terra alcance essa perfeição? Responde a profecia, quando diz que o reino do Cristo será sem fim. É que Ele deixou o germe da Verdade, para que vá sendo posto a germinar, por quem de direito: qualquer criatura de bem.
– Por que estamos no quinto período ou quinta fase?
– O Espiritismo não peca por falta de boas tradições; por isso, comecemos por atender aos conceitos emitidos por aquele que fundou o povo de Israel, que mais tarde seria ou serviria de sementeira para o Cristo:
“Não se tirará o centro de Judá, nem General que proceda da sua coxa, menos que não venha aquele, que deve ser enviado. E ele será a expectação das gentes”. (Gênese, XLIX, 10).
E no livro de Isaías temos dezenas de profecias sobre a vinda do fundador do Espiritismo, o Cristo:
“Pois por isso o mesmo Senhor vos dará este sinal: Eis que uma virgem conceberá, e parirá um filho, e será chamado o seu nome Emanuel.
Ele comerá manteiga e mel, até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.” (Isaías, VII, 14 e 15).
E mais ainda diz o profeta:
“Quem deu crédito ao que nos ouviu? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
E subirá como arbusto diante dele, e como raiz que sai de uma terra sequiosa: ele não tem beleza nem formosura, e vemo-lo, e não tinha parecença do que era, e por isso nós o estranhamos:
Feito um objeto de desprezo, e o último dos homens, um varão de dores, e experimentado nos trabalhos: e o seu rosto se achava como encoberto, e parecia desprezível, por onde nenhum caso fizemos dele.
Verdadeiramente ele foi o que tomou sobre si as nossas fraquezas, e ele mesmo carregou com as nossas dores: e nós o reputamos como um leproso, e ferido por Deus, e humilhado.
Mas ele foi ferido pelas nossas iniqüidades, foi quebrantado pelos nossos crimes: o castigo que nos devia trazer a paz caiu sobre ele, e nós fomos sarados pelas suas pisaduras.
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas, cada um se extraviou por seu caminho: e o senhor carregou sobre ele a iniqüidade de todos nós.
Foi oferecido, porque ele mesmo quis, e não abriu a sua boca: ele será levado como uma ovelha ao matadouro, e, como um cordeiro diante do que o tosquia, emudecerá, e não abrirá a sua boca.
Ele foi tirado da angústia, e do juízo: quem contará a sua geração? Porque ele foi cortado da terra dos viventes: eu o feri por causa da maldade do meu povo.
E lhe dará os ímpios pela sepultura, e o rico pela sua morte; porque ele não cometeu iniqüidade, nem se achou nunca dolo na sua boca.
E o Senhor quis quebrantá-lo na sua enfermidade: se ele tiver dado a sua alma pelo pecado, verá a sua descendência perdurável, e a vontade do Senhor será por suas mãos prosperada.
Verá o fruto do que a sua alma trabalhou, e se fartará: aquele mesmo justo meu servo justificará a muitos com a sua ciência, e ele tomará sobre si as suas iniqüidades.
Por isso eu lhe darei por sorte uma grande multidão de pessoas: e ele distribuirá os despojos dos fortes, porque entregou a sua alma à morte, e foi posto no número dos malfeitores: e ele carregou com os pecados de muitos, e rogou pelos transgressores da lei.” (Isaías, LIII).
E para bem significar que sobre o culto do Espírito de dons é que o Cristo descansaria o peso de seus trabalhos e fundaria a sua Igreja, já vinha sendo prometido o mesmo Espírito, como seu Luzeiro:
“E descansará sobre ele o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade.” (Isaías, XI, 2).
“Eis aqui o meu servo, eu o ampararei: o meu escolhido, nele pôs a minha alma a sua complacência, sobre ele derramei o meu Espírito, ele promulgará a justiça às noções.” (Isaías, XLII, 1)
E é bom que todo o estudioso compare esses dizeres com o que está escrito
“Porque aquele, a quem Deus enviou, esse fala palavras de Deus; porque não lhe dá Deus o Espírito por medida.” (João, III, 34).
Ninguém confunda, pois, Espírito Santo com espírito humano ou espírito comunicante. E veja
– E que tem tudo isso com os cinco períodos ou fases?
– É que não só foi prometido o Cristo, pelos profetas do Senhor como lemos:
“Porque o Senhor não faz nada, sem ter revelado antes o seu segredo aos profetas seus servos.” (Amós, III, 7)
como também vinha sendo dito sobre que virtude descansaria Ele o peso e a responsabilidade dos seus trabalhos e ensinos. É certo que verdades novas ferem interesses velhos, e também, que velhos convencionalismos se sentirão mal ao pé destas coisas simples e profundas; mas, é possível que o século XX passe sem a manifestação de muitos escândalos?
Quando é chegado o tempo de ser revelada uma medida de trigo, podem os conchavistas massacrar o revelador, fazer tudo quanto possam imaginar, porém isso se dará, porque se os homens falharem, as nuvens se encarregarão de triunfar. O que vem do Senhor, é do Senhor, e Ele é quem atua por detrás do Espiritismo, esse cavalo branco que há de levar no seu dorso a quantos tiverem vontade de progredir. Os de má vontade serão relegados para planos inferiores. Constituirão, em um mundo de baixa categoria, um novo Adão, sofrerão como ele sofreu e sofre ainda na Terra, embora já de uma maneira assas atenuada. Derramarão o sangue dos profetas que lhes forem enviados e crucificarão o Cristo, quando a seu tempo lhes aparecer, seja em que espécie de cruz for...
Assim é que o século XX marca o fim de um ciclo evolutivo e a restauração do Cristianismo. A nova era não será para quem quiser, mas para quem merecer. Amor e respeito à Verdade, eis os elementos indispensáveis para aquele que desejar ser manso e herdar a Terra em seus melhores dias.
Como muito já nos tornamos prolixos, vamos resumidamente dar uma idéia dos cinco períodos ou fases por que tem passado a doutrina de Jesus, desde os seus primórdios, desde antes de sua vinda para cumprir a promessa de Deus:
1ª fase
Quando Buda nasceu, alguns videntes notaram que os espíritos estavam em grande alvoroço, retumbantes de alegria. E perguntaram-lhes por que se mostravam assim tão alegres, eles responderam que era por haver nascido, naquele dia, o mais perfeito até então.
Isso é um fenômeno espírita; e nós só falamos nele para dizer que o revelacionismo data de sempre. Como, porém, temos que falar no Espiritismo ou culto do Espírito Santo, nos cingiremos aos trabalhos do Cristo e seus missionários, a começar do Abraão, Isaac e Jacob. E como a primeira parte do trabalho encerra as promessas, etc., diremos em síntese: neste período vieram os fundadores do povo de Israel, veio Moisés que os separou dos egípcios, vieram os profetas e foram feitas as promessas de que já falamos.
2ªfase
Do nascimento do Cristo até o Pentecostes. E como viesse Ele fundar uma Igreja eterna, sobre o culto dos dons ou Espírito do Senhor, eis que começa pelos sinais obrados em virtude desses dons. Zacarias tem colóquios com um espírito e Izabel concebe em circunstâncias especiais. Zacarias fica mudo e recupera a fala quando o tempo se cumpre. Maria vê um espírito, concebe em virtude do mediunismo ou Espírito Santo. José, em sonhos, foi avisado; e os magos, representantes dos Nazireus, Kabalistas e Essênios, e que foram oferecer ouro, incenso e mirra – coisas que só a Deus eram ofertas – também por sonhos e visões guiaram-se. Tudo isso, entretanto, nada mais é que fenômeno mediúnico.
O Cristo, por sua vez, também se guiou pelo Espírito mediúnico, o qual, como já dissemos, possuía “sem medida”. E assim, o seu nascimento veio aureolado de fenômenos produzidos em virtude desse elemento, sobre o culto do qual plantaria a sua Igreja; contra ela, nunca prevalecerá a inferioridade. Dest’arte, vive, ao nascer do Cristo, a profecia de Joel...
3ª fase
O tempo que durou a Igreja do Cristo. Começou no dia de sua fundação, foi cultivada pelos Apóstolos, como lemos
“Ora nós vos rogamos, irmãos, pela vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele.
Que não nos movais facilmente da vossa inteligência, nem vos perturbeis, nem por espírito, nem por discurso, nem por carta como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto.
Ninguém de modo algum vos engane: porque não será, sem que antes venha a apostasia, e sem que tenha aparecido o homem do pecado, filho da perdição:
Aquele que se opõe, e se eleva sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte, que se assentará no templo de Deus, ostentando-se como se fosse Deus.” (II Epístola Tessal., II,
4ª fase
Com a vinda do supracitado apóstata, começou por banir o culto do Espírito Santo e por forjar ídolos, dogmas, proibição de casamento, vestes fingidas e simulacros rendáveis, foi se extinguindo a Igreja do Cristo, a Igreja Revelacionista, para se cumprir a profecia, quando diz que o povo procuraria a palavra de Deus e não a encontraria:
“Eis aqui vêem os dias, diz o Senhor, e enviarei fome sobre a terra: não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a palavra do Senhor.
E eles se comoverão desde um mar até outro mar, e desde aquilão até ao oriente: eles andarão por toda a parte buscando a palavra do Senhor, e não a acharão.” (Amós, VIII, 11 e 12).
“Não temos visto os nossos sinais: já não há profeta: e não nos conhecerá daqui em diante.” (SALMOS, LXXIII, 9).
Porque a palavra de Deus é a revelação, que sempre veio por intermédio dos anjos ou dos espíritos. Foi prometido à carne um Espírito de dons e não de livros ou letras adulteráveis. O Espírito que verifica é o Espírito Santo, aquele sobre o culto do qual fundou o Cristo a sua Igreja. O Evangelho escrito ou biográfico é o veículo que conduz o homem ao culto daquele Espírito revelacionista, desde que ele seja honesto e bastante inteligente para sabê-lo entender.
E foi pela vinda do grande apóstata, SANTIDADE INFALÍVEL, que assim quis se igualar a Deus, que a Igreja do Cristo desapareceu, dando começo ao culto de fingimentos, tal como Paulo havia previsto:
“Ninguém pois vos julgue pelo comer, nem pelo beber, nem por causa dos dias de festa, ou das luas novas, ou dos sábados:
QUE SÃO SOMBRA DAS COISAS VINDOURAS: mas corpo é em Cristo.
Ninguém vos desencaminhe, afetando parecer humilde, e dar culto aos anjos, que nunca viu no estado de viador, inchado vãmente no sentido da sua carne.
E sem estar unido com a cabeça, da qual todo o corpo fornido, e organizado pelas suas ligaduras e juntas cresce em aumento de Deus.
Portanto, se estais mortos com Cristo aos rudimentos deste mundo, PORQUE DOGMATIZAIS AINDA ASSIM, como se vivêsseis para o mundo?
Não toqueis, nem proveis, nem manuseeis semelhantes coisas:
AS QUAIS SÃO TODAS PARA MORTE PELO MESMO USO, segundo os preceitos e DOUTRINAS DOS HOMENS:
As quais coisas, na verdade, têm aparência de sabedoria em culto indevido, e humildade, e mau tratamento do corpo, na escassez do necessário para sustentar a carne”. (Colossenses, II,
Também Pedro, muito bem testemunhou, que um dia a doutrina do Cristo seria substituída pela dos hipócritas, conforme lemos em sua segunda Epistola, cap. II.
Era a porca lavada, que de novo se revolveria no lodaçal, e o cão que tornaria ao vômito. E quem não sabe que o papismo ou Besta 666 secou a água viva, que é o Espírito de dons, para fazer dos simulacros uma espécie de negócio?
Quem rouba o suor das viúvas e dos pobres à custa de supostas absolvições, salvações e toda sorte de convencionalismo sofístico e blasfemo, pois que constitui doutrina inventada por homens, em substituição ao culto dos dons espirituais, que é de procedência divina?
O Apocalipse fala muito bem sobre a Besta e o Falso Profeta, ou seitas que viriam corromper a Igreja do Cristo.
– Por que começou a apostasia?
– Quando o homem falha moral e psiquicamente, ou nos dons espirituais, termina por inventar rótulos e fingimentos. Porém, os verdadeiros são os levados do Espírito Santo ou graça divina:
“Portanto, irmãos, escolhei de entre vós a sete varões de boa reputação, CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO, e de sabedoria, aos quais encarreguemos desta obra.” (Atos, VI, 3).
E sendo assim, surgem os Estevam, cheios de faculdades mediúnicas, representantes verdadeiros das verdades cristãs, como lemos:
“Mas Estevam, cheio de graça e de fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo.” (Atos, VI, 8).
E foi começando por banir o Espírito de dons, que a Besta romana passou a se impor, como o observa o Apocalipse, e como tinham previsto os Apóstolos, nos textos citados. Mais tarde surgiria o Falso Profeta, a pretexto de protestar contra as patocoadas papistas, e que só não logrou ser o verdadeiro profeta porque continuou nos dogmas e discursos falazes, tripudiando sobre a graça mediúnica ou Espírito Santo. Abjurou a Besta, mas fez tudo a custa dos elementos que lhe constituíam o sinal...
E assim passou a humanidade a buscar a revelação, a palavra de Deus, de um mar a outro, do aquilão ao oriente, sem achá-la! São os quarenta e dois meses simbólicos, citados no Apocalipse, XIII, 5.
Afastando o povo do conhecimento da Verdade, transformou-o em despeitado e anti-cristão, isto é, tendo-lhe oferecido a abominação ou fraude, fez que o mesmo se chafurdasse na desolação. Eis que dos países de onde surgiram as falsas religiões, surgem também, impetuosamente, ondas de sangue, neste findar de ciclo...
Se nos dias de Jesus mandava Ele que o homem procurasse conhecer os tempos, por si mesmo, quanto mais agora, vinte séculos depois!
Soou a hora da restauração!
5ª fase
Simbolizado no cavalo branco do Apocalipse, surge o culto do Espírito Santo, que assim toma o nome de Espiritismo. E se a pré-ciência divina soubesse que o homem iria aceitá-lo de boa vontade, não teria dito que ele seria seguido de três pragas... Assim como o Faraó precisou de ser abalado profundamente, para deixar andar o povo preposto, assim também os escravos do dogmatismo apóstata terão que ser rudemente abalados, para deixarem o cavalo branco passar...
Jesus disse que as coisas seriam repostas no lugar; quem poderá impedi-lo?
Existem muitas coisas que ainda não podem ser ditas. Cuidado com os falsos profetas, que arranjam boas desculpas para apresentarem suas torpes baboseiras anticristãs!...
Onde não estiver o culto do Espírito Santo, feito com amor e por amor, não há cristianismo. Cuidado com os espíritos, com as falsas informações. É sempre proveitoso repetir os conceitos de Paulo, quando manda não extinguir o Espírito e fazer a distinção entre o joio e o trigo; é sempre de bom aviso lembrar as observações de João, quando diz que nem todo o espírito é bem intencionado.
É bom notar, também, que os bons espíritos erram igualmente, pois sabem o que sabem, mas nunca sabem tudo!
De toda e qualquer forma, entretanto, o que não vem de Deus por terra cairá, desde o momento que o Poder Equilibrador se fizer manifesto.
Eis o que quer dizer quinta fase: tempo de RESTAURAÇÃO...
Quando chegará o tempo em que:
“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará ao pé do cabrito: o novilho, e o leão, e a ovelha, viverão juntos, e um menino pequenino os conduzirá.” ?...
O que é certo, é que isso acontecerá! Como já vivemos, estamos vivendo e viveremos, até o grande dia. Façamos questão de herdar a Terra do porvir... pelo culto do Amor e respeito à Verdade!
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Jesus, no Pentecostes, fundou a Igreja Espírita; Kardec iniciou a Restauração, nos tempos previstos.
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Quando, na primeira parte, foi exposta a chave: Pai, Filho, Lei e Espírito Santo, do modo por que o foi, e como no-la mostraram em visão, alguns irmãos acharam coisa muito sintética. Mas, perguntamos, quem terá conhecimentos de sobra para fazer uma grande análise? Quem conhecerá toda a manifestação de Deus no Infinito? Contudo, onde estiver a Vida, aí estará Deus; isso basta no homem que sente o Amor...
O Verbo é tudo o que vive, isto é, é o Filho que testemunha o Pai, e é constituído de Espírito e Matéria. Mas, quantas serão as hierarquias espirituais? Quantos os elementos simples que compõem tudo o que é Matéria, aí pelo Infinito em fora? Serão, porventura, sempre os mesmos noventa e dois elementos que a humanidade conhece até agora? Em que condições se manifestará ela por essa imensa casa de Deus? No entretanto, quem sabe que a Deus nada é impossível, onde houver alguma manifestação de vida, na hierarquia que for, seja Espírito ou Matéria, saberá que é o Verbo...
Quem conhecerá todas as condições de vida dos espíritos, desde os elementares até ao mais evoluído? E quem conhecerá toda a manifestação da Lei ou Poder Equilibrador? No entretanto, onde houver carência de reparos, ele ou ela aí estará, produzindo nivelamento, moral, material e espiritualmente, sempre de acordo com o ambiente hierárquico!
Quem conheceu já toda a sublimidade em que se pode manifestar o Espírito de unidade, que atrai os elementos qualificados pela Lei, gênero por gênero, espécie por espécie, família por família, desde a mínima até à máxima de suas manifestações? Ninguém! No entretanto, ligados estamos ao próximo e ao Pai, pelo mais santo dos elos, que se chama Espírito Santo e, no plano mais evoluído – o humano – se manifesta como dom espiritual, ou janela que abre para o homem os panoramas da Vida. É a mais dadivosa graça de Deus, depois do conhecimento da personalidade! E é o Cristo quem lhe canta a sublimidade:
“O Espírito de verdade, a quem o mundo não pode receber, porque o não vê, nem o conhece: mas vós o conhecereis porque ele ficará convosco, estará em vós.” (João, XIV, 17).
“Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo-á de anunciar.” (João, XVI, 14).
O primeiro Evangelho biográfico ou escrito, letras que informam ao homem de bem a respeito do batismo do Cristo, único que é do céu, foi apresentado uns trinta anos depois da sua crucificação. Os Apóstolos fundavam a sua pregação nos sinais vivos do Espírito vivificante, no Espírito de profecia que é e sempre será o testemunho do Cristo!
E se os depravados politiqueiros não houvessem tripudiado sobre esse elemento divino, para impor suas infames blasfêmias, onde estaria, em matéria de pureza e conhecimentos, a humanidade?
E podemos dizer, depois da restauração, que de novo não surjam impostores pretendendo, outra vez, tudo enlamear?...
A chave é o culto do elemento mediúnico; banido o culto deste, a mentira grassará. Conservando-o, porém, ainda que um espírito queira impor erros, outro aparecerá, fazendo a devida observação. Não foi pela vontade de divertir-se, que o Cristo o veio revelar ao homem; não foi pela vontade de fazer discursos, que Ele banhou a cruz com o seu sangue, simbolizando, assim, que sem sacrifício próprio, ninguém se faz arauto da Verdade!
Portanto, se o Espírito mediúnico facilita ao homem as mesmas práticas do Cristo, cultive-o ele!
Ser cristão não é só falar no Cristo, é imitá-Lo no âmbito de nossas possibilidades. Ele, pelo Espírito de sinais e prodígios, obrou fenômenos extraordinários, que O testemunharam; e os Apóstolos seguiram-lhe as pegadas, pregando, não sobre a letra informativa, mas sobre o Espírito que produz os sinais ou milagres, como se diz vulgarmente.
Amor e Revelação, eis a madeirame com que foi construída a escada de Jacob, aquela escada no topo da qual estava o Senhor. De fato, ele já veio até nós; tenhamos bom senso e, assim, tratemos de subir por ela, até que O atinjamos.
Cada conhecimento adquirido é uma nova responsabilidade. E podemos indagar:
Que fizeste do batismo de Espírito Santo?
Como o tens cultivado?
Escondeste isso a alguém?
Como e por que o fizeste?
Já mediste a tua responsabilidade?
Que pretendes fazer para o futuro?
Eis o que podemos dizer a mais, sobre o que foi dito na primeira edição deste trabalho. Nada existe fora do Criador, da Criação, do Poder que equilibra e da Virtude que une, Deus é a base; o demais é produto de sua vontade. Nada de fazer a coisa prolixa!... – como convém a muitos – nem, de maneira alguma, cobrar pelo que nos foi dado de graça.
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– Como devemos encarar o Evangelho escrito?
– Como ponto de informação. Ele ensina o que fizeram os verdadeiros crentes, para que os porvindouros pudessem, igualmente, seguir a mesma trilha. O crente é o que busca pela teoria alcançar a prática; ficar na teoria apenas é esperar que chegue o tempo de errar para fazê-lo, pois, jamais alguém saciou a fome lendo um tratado de culinária... É por isso que Jesus observou:
“E estes sinais seguirão aos que crerem: Expulsarão os demônios em meu nome: falarão novas línguas:
Manusearão as serpentes: e se beberem alguma potagem mortífera, não lhes fará mal: porão as mãos sobre os enfermos e os sararão.”
Cada qual, de acordo com a faculdade em que nele se manifesta o Espírito Santo, poderá obrar os sinais de que foi o maior autor o Cristo; é por isso que acima dissemos, que cumpre notar o que praticou o Cristo, e se o Espiritismo facilita a reedição dos fenômenos, respeite-o o homem!
Nada conseguirá aquele que dormir na letra, por mais verdadeira que esta seja; nada conseguirá aquele que praticar o culto dos dons, se o não fizer com amor e lealdade. Eis a dura realidade!
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– Como é encarado o Evangelho escrito, na erraticidade?
– É estudado com muito maior amor do que na Terra; no entretanto, como os espíritos pertencem a variados graus hierárquicos, as interpretações errôneas também medram nessas paragens. Mas o erro é aí acompanhado do Amor, e, portanto, quando chega o tempo de se substituir uma verdade menos proveitosa por outra melhor, ninguém a isso se opõe! Os interesses do orgulho, do bolso e do estômago, não atrofiam o interesse da Verdade!
– Por que há dificuldade na interpretação?
– Por duas razões:
(a) – Porque Jesus, de si mesmo, por ser um espírito puro, refletia conhecimentos, que no planeta, dentro ou fora da carne, ninguém conhecia como Ele. Vide João, III, 34.
(b) – Porque, vindo para viver a missão de Cristo, estava empossado da mais vasta manifestação do dom intuitivo, que é a expressão máxima da exteriorização de Amor e Inteligência. Ele podia dizer sobre o “já ter renascido do Espírito Santo ou Unidade de Deus”. É difícil poder-se discorrer sobre o que querem dizer essas coisas... Deus permita, que bem cedo possam os homens ser arrebatados em espírito, para verem o que é um plano azulino ao menos, se não lhes for dado ainda ingressar no carmesim vivo, onde tudo é Unidade, Amor e Inteligência. Enfim, o dom está no íntimo de cada ser; suba por essa escada quem tiver vontade.
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– Que significa, no mais simples sentido, a expressão “batismo”?
– O dom ou Virtude que tudo une, que está onde sempre esteve e onde sempre estará. O que se convencionou chamar “batismo de Espírito Santo”, foi a manifestação do mesmo, pela revelação, no dia aprazado, e isto, porque é necessário que haja fenômenos marcadores de tempo.
Cada vez, portanto, que haja a manifestação do Espírito de dons em algum ser, pode-se, com respeito ao simbolismo dizer, que alguém foi batizado no Espírito. Que quereis? Jesus se sujeitou ao batismo. Ele sabia que no mundo das formas, elas precisam ser, até certo ponto, respeitadas. Se elas existem é porque Deus as fez, logo...
– Por que a manifestação exterior do Espírito, como por exemplo se deu no batismo de Jesus e no Pentecostes?
– Pela mesma razão por que nenhuma verdade ainda foi revelada integralmente ao homem-terreno: pela incapacidade de assimilação por parte do mesmo homem. Para o bom entendedor, meia palavra basta, lá diz um provérbio... mas, infelizmente, na Terra, ainda por muito tempo serão precisas milhares de palavras e de manifestações materializadas, de símbolos, etc!
Ademais, nada há sem a devida seqüência, nem sem boa tradição. Tudo o que parece erro, quando praticado com pureza, erro não é, mas apenas uma interpretação elementar, carecendo apenas de evolvimento, de progresso. Ninguém subirá a escada de Jacob, de um salto apenas... E Jesus sabia disso melhor do que este pobre ignorante que tão mal expõe boas verdades.
Viram-No herdar o Espírito; e Ele, no Pentecostes, mostrou que ninguém jamais seria por Ele esquecido, pois fez que vissem a promessa cumprida e os frutos a tempo de serem colhidos. Uma vez que estamos no tempo da Restauração, façamos de conta que de novo vem o Mestre nos batizando; lembremos do nascimento. Existem dois dias de Natal: o de Jesus Cristo e o de sua Igreja.
Possuir a síntese, é possuir a chave de todos os conhecimentos; saber cultivar a mediunidade é possuir a síntese.
Tende Deus por Pai,
O Cristo por Objetivo,
O Evangelho por Estrada.
E por sacramentos, a Pureza, a Coragem, a Paz, a Caridade, a Verdade, a Esperança, a Fé!
Todas essas coisas não devem ser buscadas em outrem, mas cada qual arrancá-las-á de si mesmo. O Espiritismo quer que o Filho encare o Pai face a face, sem a interferência de “donos da Religião”!...
Deus é Espírito, e assim nos deseja ver. E é doloroso dizer-se, que muitos homens foram mortos na Terra, pelo simples fato de avisarem aos seus semelhantes, que eles espíritos são, e que, como tais devem viver.
Os restritores, pelas restrições perseguiram o Cristo, cuspiram-No, esbofetearam-No e crucificaram-No! Até quando isso continuará assim? O Cristo é, de novo, sujeito a todas essas misérias; ninguém se lembra do respeito que LHE deve; o sangue humano corre, a rapina é lei, a fraude é lógica, o orgulho é nobreza, o egoísmo é norma, o ciúme é virtude, a maledicência é divertimento, a inveja medra e o ódio é decantado em poemas!
Triste daquele, que um dia quiser atirar a sua responsabilidade nos ombros de outrem; triste daquele, que quiser apresentar os simulacros que comprou dos falcatrueiros, em desconto de suas maldades!
Entre o homem e Deus, está o rigor da Lei, o que importa dizer, que o homem se acha só, diante do seu dever.
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– Que devemos pensar do Juízo Eterno?
– Que nada tem a ver com o suplício eterno! Juízo Eterno, Fogo Eterno, Tribunal Eterno, tudo isso quer dizer que a Lei tem dado, dá e para sempre dará a cada um segundo as suas obras. O erro está na tradução – pena eterna. Um tribunal, por mais velho e rigoroso que seja, não comina pena eterna, porém o faz pelo tempo que achar justo. Quanto mais no que diz respeito à Justiça de Deus, que só faz pagar até o último ceitil!
– Que pensar do que chamavam – ira de Deus?
– O que hoje se chama – rigor da Lei. “A cada um segundo as suas obras”, é equivalente a “olho por olho, dente por dente”; apenas a Deus cumpre justiçar e não ao homem.
Os despeitados é que tiraram muitas coisas do terreno justo em que se achavam; puseram na boca do Cristo o que Ele não disse e Lhe tiraram o que convinha não tivessem tirado!
O Consolador é a voz do Cristo, e como Ele é a voz de Deus, pelo Consolador tudo será aplanado. Praza Deus jamais se torne o Espiritismo um meio de vida para quem quer que seja, nem se ponha o homem a cultivá-lo por intermédio de gestos, vestes fingidas, ou quaisquer outros formalismos materiais. Somente a sã moralidade lhe poderá servir de sacramento; e por moralidade se entende o que segue:
“Clama, não cesses, levanta como trombeta a tua voz, e anuncia ao meu povo as suas maldades, e à casa de Jacob os seus pecados.
Porque eles cada dia me buscam, e querem saber os meus caminhos, como se fora gente que tivesse praticado a justiça, o não houvesse abandonado a lei do seu Deus: eles me fazem suas perguntas sobre o juízo de minha justiça: querem chegar-se a Deus.
Por que jejuamos nós, e tu não olhaste para nós: humilhamos as nossas almas, e tu te não deste por achado disso? É porque no dia de vosso jejum se acha a vossa vontade, e porque vós demandais a todos os vossos devedores.
Eis aí está que vós jejuais para prosseguirdes demandas e contendas, e feris com o punho sem piedade. Não jejueis daqui por diante como tendes feito até o dia de hoje, para que seja ouvido no alto o vosso clamor.
Acaso o jejum, que eu escolhi, consiste em afligir um homem a sua alma por um dia? Está por ventura em retorcer a sua cabeça como um círculo, e em fazer cama de saco e de cinza? Porventura chamarás tu a isto jejum, e dia aceitável ao Senhor?
Acaso não é antes este o jejum que eu escolhi? Rompe as ligaduras da impiedade, desata os feixinhos que deprimem, deixa ir livres aqueles que estão quebrantados, e rompe toda a carga:
Parte o teu pão ao que tem fome, e introduza em tua casa os pobres e os peregrinos: quando o vires nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.
Então romperá a tua luz como a aurora, e a tua saúde mais depressa nascerá, e a tua justiça irá diante da tua face, e a glória do Senhor te recolherá.
Então invocarás tu o Senhor, e ele te atenderá: tu clamarás a ele, e ele te dirá: Eis-me aqui: se tirares do meio de ti a cadeia, e deixares de estender o dedo, e de falar o que não aproveita.” (Isaías, LVIII,
– Que pensar do que dizem muitas pessoas, ser a comunicabilidade dos espíritos devida ao magnetismo e fluidos?
– É evidente erro, pois se tal fosse, dispondo toda e qualquer criatura viva, de magnetismo e fluidos, poderia transformar-se em médium completo. O magnetismo e o fluido são fatores que corroboram, mas o germe é o Espírito Santo, que se manifesta como mediunidade ou dom espiritual. É emanação divina, tudo penetra e em tudo está, inclusive no fluido e no magnetismo, pois que estes elementos são matéria. Assim, quem quiser ter o fluido e o magnetismo em conta de elementos-chave do revelacionismo, terá, se quiser ser sensato, de remontar às origens, isto é, compreender, que em tudo está a dita emanação divina, havendo, portanto, na manifestação ou comunicação de um espírito, a fusão de três mediunidades, a saber:
(a) – A do espírito do encarnado e a do desencarnado;
(b) – A do magnetismo;
(c) – A do fluido.
Queiram saber os interessados, que a missão do Espiritismo é fazer o homem conhecer a Verdade, partindo do Espírito Absoluto, que é Deus, origem ou causa de todas as causas. Portanto, onde houver a presença da matéria em estado mais ou menos quintessenciado, ainda assim e sobretudo por ser assim, deve-se recorrer às origens da mesma, para que se possa ter a idéia do que ela possa comportar de superior.
Já dissemos, quando falamos da chave – Pai, Filho, Lei e Espírito Santo, que o Paracleto transforma todas as coisas em médiuns entre si e o Criador, por ser uma virtude emanante d’Ele. O estudioso pode, se quiser, ir mais além nessa questão; e dia chegará que, a certa altura, terá de dizer: SÓ SE DEVE FALAR DESSA GRAÇA DIVINA, DE PÉS DESCALÇOS E CABEÇA DESCOBERTA! Só então é que compreenderá a afirmativa de Jesus: que o maior crime é blasfemar contra a mediunidade!
Ela integrará o homem na Unidade divina...
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– Lê-se, na escritura, que os homens de Estado consultavam a Deus, freqüentemente; por que meios o faziam?
– Já foi dito, na primeira parte, e por havermos transcrito o texto bíblico, que o que nomeamos agora profeta, se chamava então vidente. E quando não se tratava de um vidente, era um auditivo ou qualquer outro médium ou profeta. O que é certo, é que a verdade revelacionista sempre se deu, e que Deus jamais apareceu a ninguém e, ainda, que são os anjos ou espíritos os reveladores aos homens, da vontade sua.
Se senso houvesse por parte das criaturas, tendo Jesus fundado a sua Igreja sobre o culto da comunicabilidade, o véu da ignorância já teria de há muito caído e a moralidade seria a base da civilização. Porém esta coisa triste, irônica mesmo, se deu:
(a) – Antes de Jesus, só muito poucos – os ditos Iniciados – sabiam dessas verdades, e o povo esperava que o Espírito de dons fosse revelado à carne, para que, cada qual, na condição de templo do Espírito de dons, pudesse livremente sondar as grandes verdades;
(b) – Veio Jesus, entrou na carne, precedido de grandes sinais revelacionistas ou mediúnicos; revelou o mediunismo ou Espírito Consolador; fundou o seu culto, a sua Igreja, e, para vergonha da Inteligência e escândalo da Religião, não O aceitaram, nem a graça por Ele trazida;
(c) – Em pleno século da Restauração, o tão decantado Século XX, fala-se ao homem que sinta o valor dessa graça dos céus, e o homem continua negando, continua batendo em torpe retirada! É uma vergonha!
Onde estás, ó Inteligência humana?!
Onde estás, ó Religião humana?!
Quando não tinhas, querias! Quando te trouxeram o prometido, mataste o portador e blasfemaste contra o prometido! Quando tens o direito de posse, tripudias sobre o que de mais útil possuis!... Bem disse Isaías, que olhos terias, mas não verias; que mente terias, mas não entenderias; e de fato: quem viu e entendeu?
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– Que pensar da ida dos reis magos reverenciar o Cristo?
– Serviu para exalçar a superioridade do Cristo sobre tudo quanto até então tinha sido dado ao homem conhecer. Eles eram cultores da graça ou Espírito Santo; mantinham colóquios com o plano desencarnado; sabiam, que mal podiam falar do que conheciam; e, sobretudo, sabiam que o Messias viria e que Ele rasgaria o véu do tempo, ou da carne, manifestando publicamente, pelos poderes empossados, pela coragem, pela resignação, e por tudo quanto de nobre se possa imaginar, o que eles não poderiam fazer!
Sabiam, que Ele representaria o Verbo ou TUDO O QUE VIVE, manifestando ao homem, desse modo, o Direito e o Dever de tudo o que Deus criou, cada coisa no seu plano comum, na órbita de suas atividades.
O fato de irem ao seu encontro é muito poético; mas o que isso encerra de Ciência, Filosofia e Religião, entendendo-se essas coisas no seu sentido exato, é muito maior ainda, pois quer dizer, que se a grande maioria O tomou como um extraviado, aquilo que a Terra apresentava de bom ou melhor no tempo, que era o culto secreto, foi-Lhe prestar homenagem, oferecendo-Lhe ouro, incenso e mirra, produtos que se ofertavam a Deus. Os reis magos, ou altamente espiritualistas, sabiam, que Ele era Delegado do Pai! Sabiam, que o seu reino não teria fim e que, um dia, a sua hegemonia sobre o planeta seria um fato!
O Cristo, Delegado de Deus; os magos, mensageiros do Cristo...
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– Que dizer-se do haver Jesus proferido palavras que fazem crer que o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho o direito de fazê-lo?
– Se o estudioso quiser se levantar e encarar a coisa do modo mais inteligente, verá que o Cristo é o símbolo da Criação. E que a Criação se manifesta como Espírito e como Matéria. E sendo assim, quis Ele dizer, que o germe do EQUILÍBRIO, ou a Lei, está em todo o indivíduo, seja esse indivíduo o átomo, seja o maior mundo, seja o maior ou o menor dos espíritos. Tudo o que existe dentro, existe fora; e tudo o que existe fora, existe dentro. Tudo é intrínseco; quando a hora chega, a transição se opera, mansa ou violentamente, de acordo com a tradição e a situação do indivíduo, perante o fenômeno evolutivo.
Muitos acharão isto esquisito; mas estamos falando aos da vanguarda, aos que sabem que as palavras do Cristo são espírito e vida, e que sendo assim, com tempo algum se ofuscarão; pois, os erros de tradução serão manifestos, e a sua palavra não morrerá!
Venha e veja, eis o que diz Ele aos homens.
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Nós estamos na quinta fase de uma operação, que terá por fim tornar o homem da Terra consciente dos seus deveres para com Deus, com o próximo e para consigo mesmo. Depois de milhares de anos de trabalhos exaustos, os mensageiros do Mestre se dão por felizes, porque a medida está entregue, bem calcada e eternamente nova, como a esposa ataviada que desceu do céu, preposta ao seu esposo, o povo crente. Não abuses de novo, tu que és esposo, e a esposa fará teus dias felizes, porque quem a ataviou foi o Cordeiro de Deus. A doutrina, que é a esposa do crente, descansa serena e majestosa, sobre a Lei e a Revelação. Ela foi e é a esposa do Cristo. E quem és tu para a desprezares? Não a desprezes, se quiseres formar à direita e seres do número dos cordeiros, que hão de herdar a Terra.
Ela te dará sempre o merecido, não é entusiasta nem sofre arroubos, estima a Ciência e se inclina diante do Amor. Olha para todos os lados, mora em todos e nivela valores. A sua construção é bela e a sua vontade é, que o Filho possa olhar para o Pai, sem constrangimento.
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Pelo que ficou exposto se compreende muito bem, que o Espiritismo tal como o temos hoje, é o produto de muitos valores acumulados. Não existem três revelações fundamentais, mas sim três manifestações extraordinariamente significativas de uma única Revelação, a verdadeira Religião.
É óbvio, que milagres não se podem fazer; o Cristo, que foi a Luz do mundo, não transformou em anjos do paraíso a quem quer que seja, de dentro ou de fora da carne. Quantas e quantas criaturas, depois de verem a Luz e terem-Lhe ouvido a palavra de exortação, não continuaram nas trevas? Quantos e quantos espíritos, uma vez expelidos e advertidos, não foram se valer da boca profana de alguns fariseus e escribas, para blasfemar contra a Luz, em tudo quanto puderam?
Assim, pois, a medida de trigo é entregue ao homem; porém, cumpre-lhe a elaboração da mesma. Deus manda o necessário, e o homem deve dispor do que Deus manda. A realização prática e moral está na dependência de cada indivíduo. Se alguém quer permanecer na indiferença, se lhe aprouver crucificar a manifestação da Verdade, isso lhe está ao alcance, mas pelo que fizer, responderá.
Foi traçado um plano, há milhares de anos, e esse plano tem se desenvolvido no correr dos séculos; estamos, como vimos, numa fase de reposição das coisas no lugar. O que Jesus, o Cristo, fez, o que Ele ensinou e o que prometeu, tudo isso tem sido demonstrado ao homem. E para que saibamos estar a par das necessidades da época, cumpre que estejamos ao par deste fato comum:
Em fins do século dezoito, quando se completavam os tempos de duração da corrupção, e se avizinhava o tempo de iniciar a RESTAURAÇÃO, Jesus, manifestando-se em um plano, fez compreender que era hora de se trabalhar pela causa da espiritualização da humanidade, quer seja pelo cumprimento dos tempos, quer por estar a Terra ou a humanidade em vias de descambar para tristes princípios materialistas.
E foi, então, que iniciaram, os prepostos do Senhor, trabalhos nesse sentido. Entre os que traziam cabedal científico para produzir o avançamento do planeta, e à testa mesmo deles, veio o mais vasto conjunto de colaboradores do Cristo, com uma missão a cumprir: legar ao homem de bem o traço pelo qual poderá alcançar o mais elevado estado de espiritualidade que se possa imaginar.
O Consolador, que é o Espírito Santo ou o mediunismo, reaparecia na Terra, da mesma forma moral e científica por que o fora no dia de Pentecostes e tal como era cultivado pelos Apóstolos. Uma caravana atuando fora da carne e outra dentro dela, e como intermediário, o elemento mediúnico. Não é preciso salientar, que a de além do véu tem sido mais precisa e, que a de aquém do mesmo, por vezes até muito falha.
No entretanto, não só está o homem de posse da arma invencível, contra a qual não prevalecerá a inferioridade, como ainda se pode dizer, sem receios de erro, que, pouco depois de cem anos do grande conclave, os trabalhos apresentam um coeficiente extremamente compensador.
Cada qual julga as coisas segundo elas estão, poucos imaginando em como estariam, se em tempo não se manifestasse o mediunismo. É necessário que cada qual se compenetre desta verdade: o dever de integrar-se em uma das duas caravanas, se a sua situação o permitir; à uma ou à outra. Tudo o que se fizer nesse sentido será um benefício próprio, pois que, é o Cristo que vem sobre as nuvens de espíritos de todas as hierarquias, nesta fase decisiva, para integrar de vez a Terra em uma condição superior de espiritualidade. O reino dos céus não virá mesmo com manifestações exteriores; ou há inteligência e bondade no ser e ele sobe por essas vias, ou fica à margem até que haja de migrar para plano inferior.
A caravana dos desencarnados vive sondando os corações para traí-los ao redil do Senhor, ou pela inteligência, ou pelo coração, ou pela dor; e à caravana dos encarnados cumpre, portanto, atender aos que, tocados de uma ou de outra forma, a procurarem. Quem está a postos? Quem o não está?
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A prece tem sido motivo de discórdias entre muitos adeptos do Espiritismo; uns falam contra, e outros a favor; uns criticam a palavra pronunciada impensadamente, preferindo a vibração espiritual, e outros acham que tudo deve ser feito com harmonia de valores. A considerar a prece como uma nulidade, temos de colocar o Cristo na cabeça do número dos que obraram a insensatez, porque Ele orou e ensinou a fazê-lo, considerando que, quem a Deus se dirige, recebe o que merece e não o que acha ou julga merecer. Levando-se em conta o poder espiritual inerente ao grau de evolvimento de cada um, a prece é a atitude primeira do ser, no sentido de iniciar uma ação bem vista aos olhos do Criador. É, portanto, em parte peditória e em parte imperativa, ou, como se sabe, um tanto serva e um tanto senhora.
Vibrar – eis a prece; e isto, tanto pode ser por palavras como por simples pensamentos bem nutridos de sentimentos divinos. E, se de um lado ela se torna como que, um requerimento, que a pessoa faz, para ter certeza do dever de iniciar uma ação, de outro, porém, torna-se uma força centralizadora, uma capacidade de acumular valores magnéticos, fluídicos e, mesmo e acima de tudo, focalizar os poderes espirituais sobre determinado fim, coisa ou causa. É a prece coisa mais importante do que supomos, jamais se podendo dizer que, delas, a melhor seja a mais longa ou bem feita, em matéria de estilo ou de sintaxe.
Em vista dos insuficientes méritos da mente humana, no que diz respeito ao conhecimento da vontade de Deus, melhor fora que a oração partisse mais do coração, que do cérebro. A sabedoria do homem é estultícia para Deus; todavia, jamais profeta algum, em tempos quaisquer, se lembrou de dizer que os bons sentimentos do homem, tal coisa seja! É, assim, notável o saber-se orar. Como se ora bem? Responde por nós tudo quanto tem partido do âmago de almas simples e humildes, embora sábias ou ignorantes, quando, em momentos de dores ou aflições, lançaram para as alturas divinas uma súplica surda, muda, mas calcada de humanas aspirações. E o prodígio se não faz esperar, porque ninguém há que de parte esteja nos planos da misericórdia e da justiça.
Ou fazer da prece uma ação maquinal, ou dela fazer uma medida exorcista, eis o que em geral se vê. Poucos entendem que ela seja um trabalho espiritual, irradiando ou captando fatores importantes, capazes de transformar elementos cósmicos, capacidades invisíveis e poderes superiores, em sentinelas de nossas necessidades. O direito dos simples é como a pupila dos olhos dos anjos do Senhor; e a prece é como a lágrima pendente desses olhos, quando alguém se lembra de torná-los vítimas de suas mazelas. O homem que sabe orar é como a luz que brilha nas trevas; e é sempre uma atitude solene o orar. A dor nos ensina esse cântico, porque o espírito contrito busca, por inspiração das necessidades, amparo, aconchego, ou qualquer coisa que se nos afigura o seio de Deus, o regaço da Paz. Nenhum homem beletrista jamais conseguiu cantar as belezas da prece, nenhum filósofo lhe imaginou a sabedoria, nenhum matemático lhe mediu o poder numérico, nenhum sarcástico lhe roubou o colorido, porque ela é produto do momento, filha espontânea das calamidades que fazem rogar, semente que germina solitária nas almas capazes de agradecer, elemento que brota humilde e sereno no peito dos que, sem orgulho ou idéias preconcebidas, sabem pedir com bondade e aceitar com reverência.
No livrinho “A VIDA ALÉM DO VÉU”, de Vale Owen, que é o melhor retrato de como vivem os espíritos na erraticidade, lê-se:
“...Deveis saber que há aqui, nomeados para a prece, guardas cujo dever é analisar e escolher as oferecidas pelos habitantes da Terra, separá-las em classes e grupos, e passá-las adiante para serem examinadas por outros e atendidas de acordo com o seu merecimento e força.
Para que isso se faça com perfeição é preciso procedermos a um estudo das vibrações da prece, como os vossos cientistas o fazem sobre as vibrações do som e da luz. Do mesmo modo que esses cientistas se acham habilitados a analisar, separar e classificar os raios de luz, assim somos também capazes de o fazer em relação às vossas preces. E como há raios claros, com os quais, como confessam, não podem lidar, há também preces que se nos apresentam sob um tão profundo aspecto, que ficam fora do alcance dos nossos estudos e conhecimentos. Estas nós as passamos para os de graduação mais elevada, para que as tratem, em vista do seu maior saber...”
E em outra parte, ainda do anjo Astriel, lê-se:
“...Assim mesmo a vossa adoração passa primeiro pelas esferas inferiores e por elas às mais altas; algumas vão mais longe, sobem as esferas mais elevadas, umas que outras, consoante o seu merecimento e o seu fervor.
Algumas vão, na verdade, muito longe. Muito acima de nós está a esfera de Cristo, de gloriosa intensidade de luz e imponente beleza. A vossa prece vai ao Pai por intermédio d’Aquele que veio à Terra e se manifestou aos homens com o nome de Cristo”.
Assim, como vemos, pelo respeito ao Cristo e aos sentimentos dos anjos devemos orar, concordando em que fator algum deve ser relegado para plano inferior, de vez que o Cristo nos ensinou a fazer umas coisas sem omitir outras, igualmente boas e dignas de verdadeiros cristãos. Mesmo a escada de Jacob é feita de miríades de elementos virtuosos; negá-los a uns e afirmá-los a outros, constituiria, sem dúvida, separar o que o Criador juntou, para honra sua e consolo nosso.
Noutro livro, “ENSINOS ESPIRITUALISTAS”, de Stainton Moses, encontramos esta outra prece, feita por um espírito em favor de outro espírito encarnado, provando que eles também oram pelos homens, dirigindo-se ao mesmo Foco, aguardando então, como nós, o produto dos rogos; e tece considerações que bem merecem atenção:
“...deveis, tanto quanto pode um mortal, sacudir o jugo da opinião humana e livrar-vos dos obstáculos materiais.
Pai Eterno, em nome de quem trabalhamos e que nos enviastes à Terra para revelar a Verdade, ajuda-nos a transpor e a purificar os corações daqueles a quem falamos, para que eles o possam elevar-se e abrir os seus sentidos espirituais de modo a discernir as coisas que revelamos. Possa a fé crescer neles a fim de aspirarem à Verdade, e, abandonando os interesses terrestres, se apressarem a aprender a revelação espiritual.”
A prece que a seguir lemos, chegou-nos à mão por intermédio de um folheto; como é de intensa vibração e, por isso mesmo, fala-nos à alma, para aqui a transladamos. É dedicada a Jesus, por Ismael, guia do Espiritismo no Brasil.
“Jesus, bom e amado Mestre; sustentai vossos humildes filhos pecadores nas lutas deste mundo.
Anjo bendito do Senhor; abre sobre nós tuas brancas asas, e abriga-nos do mal; levanta nossos espíritos à majestade de teu reino; infunde em todos os nossos sentidos, a luz do teu imenso amor.
Jesus, pela tua sagrada Paixão, pelos teus martírios na Cruz, dai a esses que se acham ligados ao pesado fardo da matéria, orientação segura no caminho da virtude, único pelo qual Te podemos encontrar.
Jesus, paz a eles, misericórdia a nossos inimigos; recebe no teu seio bendito a prece dos últimos de teus servos.
Amiga estrela, farol das imortais falanges, purifica-nos com teus raios divinos, lava-nos de todas as culpas, atraí-nos para junto de teu seio, Santuário bendito de todos os amores.
Se o mundo com seus erros, paixões e ódios alastra o caminho de espinhos, escurecendo nosso horizonte com as trevas do pecado, rebrilha mais com tua misericórdia, para que seguros e apoiados no Santo Evangelho, possamos vencer as escabrosidades do carreiro e chegar às moradas de teu reino. Amiga estrela, farol dos pecadores e dos justos, abre teu seio divino, e recebe nossa súplica... por toda a humanidade.”
Outra, endereçada a Jesus e votada aos sofredores:
“Jesus, vós que baixastes até nós, para exemplo de abnegação e caridade, dignai-vos lançar de vossa bondade infinita, eflúvios de misericórdia sobre os espíritos sofredores.
Dai-lhes a compreensão exata do seu estado, e perdoai, Senhor, as suas faltas.
Dai-lhes a compreensão dos vossos ensinamentos, para que na prática das virtudes possa elevar-se até Deus, nosso Pai, e estar em contacto com os vossos bons mensageiros.”
Na “GRANDE SÍNTESE”, a portentosa mensagem de Jesus aos homens, lê-se esta prece que o nosso Mestre faz. Muito embora esteja ela um tanto longe do alcance mental de muitos, por ser assas transcendental, nós a transcrevemos, e com ela também a bela poesia de Augusto dos Anjos, ditada por intermédio de Francisco Cândido Xavier, um dos melhores médiuns ou profetas do século XX:
SUA VOZ
“Nesta síntese orgânica da Ciência,
Fala Jesus em toda a substância,
Desde a mais abscôndita reentrância
Das leis maravilhosas da existência.
Sua Voz é a divina concordância
Com o Evangelho, em luz, verdade e essência,
Neste instante de amarga decadência
Da civilização de angústia e ânsia.
Alma humana, que dormes na albumina,
Desperta às claridades da doutrina
Deste Evangelho regenerador!...
Fala-te o Mestre, do seu trono de astros.
Ouve-lhe a Voz!... Caminha!... Vem de rastros
E escuta a Grande Síntese do Amor!”
A prece de Jesus a Deus:
“Orai assim:
Adoro-te, recôndito Eu do Universo, alma do todo, meu Pai e Pai de todas as coisas, alento meu e de todas as coisas.
Adoro-te, indestrutível essência, presente sempre, no espaço, no tempo e além, no infinito.
Pai, amo-Te, mesmo quando o teu respiro é dor, porque a Tua dor é amor, ainda quando a Tua Lei é penar, porque o penar que a Tua Lei impõe é o caminho das ascensões humanas.
Pai, engolfo-me no Teu poder, nele repouso e a ele me entrego, pedindo à fonte o alimento que me sustente.
Procuro-te na profundeza onde Te encontras, donde me atrais. Sinto-Te no infinito onde não chego e donde me chamas. Não Te vejo; Tu, entretanto, me cegas com a Tua luz. Não Te ouço; todavia, escuto o som da Tua voz. Não sei onde estás; contudo, a cada passo Te encontro. Esqueço-Te e Te ignoro; ausculto-Te, porém, em todas as minhas palpitações. Não sei individuar-Te, mas em direção a Ti, centro do universo, gravito, como gravitam todas as coisas.
Potência invisível que reges os mundos e as vidas, estás, na Tua essência, acima de toda a minha concepção. Que serás Tu, que eu não sei descrever, nem definir, se o só reflexo das tuas obras me enceguece? Que serás Tu, se me assombra a incomensurável complexidade desta emanação Tua, pequenina centelha espiritual que me anima por inteiro? O homem Te segue na ciência, Te invoca na dor, Te bendiz na alegria. Mas, na grandeza da Tua potência, como na bondade do Teu amor, estás sempre além, muito além de todo pensamento humano, acima das formas e da transformação, um lampejo no infinito.
No ronco da tempestade está Deus, na carícia do humilde Deus está; no evolver do turbilhão atômico, no avanço das formas dinâmicas, no triunfar da vida e do espírito, está Deus. Na alegria e na dor, na vida e na morte, no bem e no mal, Deus está, um Deus sem limites, que tudo abrange, enlaça e domina, até mesmo as aparências dos contrários, aos quais encaminha para suas finalidades supremas.
E o ser ascende, de forma em forma, anelando conhecer-Te, ansioso por uma cada vez mais completa realização do Teu pensamento, tradução, em ato, da Tua essência.
Adoro-te, supremo princípio do todo, na Tua vestidura de matéria, na Tua manifestação de energia; na inexaurível renovação de formas sempre novas e sempre belas, adoro-Te a Ti, conceito sempre novo, bom e belo, inextinguível Lei animadora do universo. Adoro-Te, grande todo, que ultrapassa os limites do meu ser.
Nesta adoração, aniquilo-me e me alimento, humilho-me e subo, fundo-me na grande Unidade e com a grande Lei me coordeno, para que a minha ação seja sempre harmonia, ascensão, prece, amor.”
E nós, quando vemos o Cristo a orar, que devemos fazer senão orar também, com os olhos fitos no Fundador do Infinito, seja para pedir-Lhe alguma coisa, seja para fazê-Lo ciente de nossos agradecimentos, seja para, de dentro de nossos humildes postos de inscientes, louvá-Lo por nos ter feito, a cada um de nós, o centro do Infinito, da Casa onde habitamos e que, jamais, por graça Sua, conseguiremos sondar-Lhe os compartimentos. É de dentro da nossa condição de filhos; de partes integrantes do Verbo ou tudo o que vive; de seres sujeitos à Sua Lei sábia; e de participantes do Espírito Santo ou emanação Sua, é de dentro dessa fortaleza, de cima desse pálio de fé, que devemos encarar o Pai, e não como capataz despótico.
Uma fórmula para abertura dos trabalhos:
“Senhor! Jesus, o Cristo, passou pela Terra expelindo os espíritos rebeldes e confabulando com os anjos ou bons espíritos. No Tabor, a sua ação foi, acima de tudo, ilustrativa, isto é, para elucidar que, fora do culto da Revelação, tudo pode tornar-se improfícuo. Estamos reunidos, Senhor, para cultivar os teus ensinos revelacionistas; e pedimos que nos sejas propício, dispensando-nos o auxílio dos teus mensageiros. Assim, pois, em nome do Pai, do Cristo, dos guias espirituais da casa e de nossos anjos de guarda, damos por aberta a sessão de hoje.”
Para o encerramento dos trabalhos:
“Graças damos-Te, Senhor, por havermos podido realizar um culto de amor e fé, servindo-nos do Espírito Santo ou mediúnico, sobre o culto do qual fundou o Cristo a nossa Igreja. Graças, Senhor, pelo que nos foi dado dar e receber, e por termos podido, mais uma vez, nos dias dolorosos da vida planetária, nos reunir para cultivar os ensinos do Mestre, colhendo segundo os nossos méritos. Em virtude disso, em nome de Deus e do Cristo, e agradecendo a proteção dos guias espirituais e anjos de guarda, damos por encerrada a sessão.”
Costuma-se aplicar passe no intuito de desenvolver faculdades mediúnicas, praxe essa, aliás, bem fundada em velhíssimos ensinos bíblicos, pois que, desde Moisés até ao tempo dos Apóstolos e até nossos dias, é uma prática normal e recomendável, desde que exercida com critério. Como o pensamento e a vontade são coisas ou valores de fato, porque constituem a imposição dos poderes espirituais, damos uma fórmula para o fim. O passista poderá usá-la e medir-lhe o mérito, caso disponha de faculdades:
“Senhor! Jesus disse e os Apóstolos afirmaram, que a graça do Espírito Santo estaria com todos; que para nós era a promessa, assim como para nossos filhos e para quantos fossem chamados. É o nosso propósito, Senhor, que se manifeste a mesma neste irmão (ou irmã), e que dela venha a servir, com e por amor, tal como o exemplificou o Divino Modelo.”
Pode a mesma ser feita coletivamente, isto é, antes do início das sessões de desenvolvimento de médiuns, nestes termos:
“Deus todo poderoso; em memória do batismo de Espírito Santo, que significa desdobramento dos dons espirituais, nós vos rogamos acolhimento para nossos propósitos; desejamos, Senhor e Pai nosso, que esses dons ou graças mediúnicas sejam despertos em os irmãos presentes, e que de tais graças saibam os mesmos fazer uso edificante, tal como no-lo exemplificou o Divino Mestre, que as teve sem medida.”
A imposição de mãos, ou o culto dos passes fluidico-magnéticos, tal como o utilizavam os Profetas, o Cristo e os Apóstolos, implicava em colocar a mão sobre a cabeça do doente e invocar a proteção do guia espiritual, para que manipulasse os fluidos, etc. Pode-se fazer isso e, entrementes, dizer mentalmente:
“Deus meu; permiti que o meu anjo de guarda, servindo-se da faculdade que me concedeste ou dos fluidos curadores, consiga beneficiar este irmão. Tende misericórdia de seus sofrimentos, Senhor, e dai-me forças e oportunidade para que possa cumprir fielmente os meus deveres de irmão.”
Depois de feita essa prece ou invocação, convém permanecer um pouco de tempo com a mão aplicada, segundo se julgue necessário.
Kardec não incluiu a Prece de Cáritas no número das que aparecem no Evangelho Segundo o Espiritismo, porém, ela serve, tal como o Pai Nosso, para qualquer fim deprecante:
“Deus, nosso Pai, que sois todo poder e bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
Pai! Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor! Que vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes.
Piedade, Senhor, para aqueles que Vos não conhecem; esperança para aqueles que sofrem. Que vossa bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.
Deus! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra; deixa-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmarão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, ó Bondade! Ó beleza! Ó Perfeição! E queremos, de alguma sorte, forçar vossa misericórdia.
Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura; dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir a vossa imagem.”
A ÁGUA FLUÍDA
À medida que os tempos forem se avançando, as faculdades mediúnicas ou aquilo que se chamava Espírito Santo irá, cada vez mais, manifestando-se, pois, pelas razões genéricas, torna-se uma conquista natural dos filhos obedientes. E à medida que tal se for dando, tanto mais a água fluida poderá se tornar gradativamente mais medicamentosa.
O seu simples uso é pouco eficaz, porém se o seu conhecedor e cultor for capaz de uma firme disciplina, tomando-a seguida de atos de fé e de nobreza, então ela poderá atingir as alturas do prodígio. Tudo depende do mérito!
Em um centro bem organizado, com sessões práticas criteriosas e com horário rigoroso, por intermédio da água fluída, muito se poderá conseguir em matéria de curas. É preciso aliar tudo, desde a atitude do paciente, ao trabalho dos guias; assim como, durante as sessões, haver um momento de recolhimento, propositalmente feito em prol dos que se acharem tomando-a como medicamento. Ela serve, também, para preparar os indivíduos que desejam desenvolver suas faculdades mediúnicas, pois o espírito transforma a água em depósito de fluidos seus, e, assim, torna o iniciante mais acessível ao seu domínio, por encontrar nele, ao se lhe aproximar, elementos fluídicos e magnéticos idênticos. É como se fosse uma escada que lhe facilitasse subir ao teto de uma casa. É também preparadora de bom ânimo, torna dócil quem dela faz uso, pois o bem igualmente anda em bandos...
Não é necessário dizer, que os fluidos podem ser captados, pelos espíritos, quer dos médiuns, quer do cosmo, quer dos vegetais e dos minerais; também, pessoas dotadas de faculdades podem, por si mesmas, fluir água. Em qualquer caso, porém, tudo depende de quem a flui e do mérito de quem a toma. Ao centro cumpre orientar, e ao paciente, se quiser utilizá-la com vantagem, seguir as instruções. Eis uma norma útil; fornece-a o Centro Espírita “VERDADE”, de Itaim, e pode ser utilizada por quem quiser:
A água fluída é a água saturada de elementos fluido-magnetizados; preparam-na os bons espíritos através das boas faculdades ou dons espirituais: I Epístola Coríntios, 12.
Ao seu utilizador cumpre seguir estas normas:
(a) – encher um litro de água limpa, colocá-lo sobre uma mesa e fazer a seguinte prece ou invocação:
“Deus e Pai meu. Permiti, Senhor, em nome de Jesus Cristo, que os teus anjos ou bons espíritos coloquem, nesta água, o que for necessário para curar-me. Contudo, Senhor, seja feita a tua e não minha vontade.”
(b) – tomar a água e ter a certeza da ajuda dos guias;
(c) – evitar o ódio, o ciúme, a inveja, a raiva, a maledicência, o alcoolismo, o jogo, as palavras feias, o egoísmo; temer o orgulho!
(d) – praticar a caridade, a lealdade, a verdade; ser trabalhador e respeitador das leis e das autoridades. Evitar a rixa e tudo quanto possa atrair maus elementos astrais.
(e) – comparecer às reuniões do Centro, pois a comunhão de pensamentos e de sentimentos equilibra valores fluídicos e magnéticos e, por si só, constitui medicina.
(f) – escrever nome e residência no livro de orações ou de corrente mental.
(g) – durante as sessões, à hora indicada pelo presidente, fazer os pedidos que desejar, mentalmente, seja de cura ou de outra realizações da vida. Nada atribuir a milagres ou a mistérios, mas sim à Providência Divina, por intermédio dos guias espirituais ou delegados de Deus.
(h) – convidar o próximo, sempre que puderes, para as boas práticas.
(i) – fazer uma oração às 6, às 12 e às 18 horas; só pensar, então, nos guias do Centro. Quem pensa evoca, e quem evoca realiza.
Ao Centro cumpre:
(a) – segundo o Regimento Interno, fazer em hora determinada a concentração mental. O presidente fará a seguinte prece:
“Aqui estamos, Senhor, reunidos em comunhão de sentimentos. Permiti, Jesus amado, que os guias espirituais da casa e os nossos anjos de guarda nos assistam, para que possamos, cada vez mais trabalhar pelo progresso espiritual.
Rogamos especialmente pelos que têm os seus nomes inscritos no livro de orações deste Centro, quer sejam encarnados, quer desencarnados. E confiamos, Senhor, nesta hora de concentração e fora dela, que os nossos pedidos sejam pelos vossos mensageiros considerados, para que, se dignos de serem atendidos, tenhamos nossos desejos realizados.”
Bastam alguns minutos de silencioso recolhimento.
Desenvolvimento dos trabalhos nos dias de sessão:
(a) – prece de abertura dos trabalhos;
(b) – prece dedicada aos que sofrem, encarnados ou desencarnados;
(c) – concentração mental para os fins supracitados;
(d) – pregação evangélica ou leitura de livro, que edifique a criatura moral e intelectualmente;
(e) – sessão prática (nos moldes indicados pelos Apóstolos, tal qual lemos
(f) – prece de encerramento.
Consoante afirmamos, o texto acima citado é distribuído por um Centro e, sobretudo, visa congregar pensamentos bem sentidos para o alcance de vários e profícuos fins. Quem levar em conta a situação da humanidade do século XX, com as guerras e outras catástrofes que a esperam, e que circundarão o planeta de elementos desencarnados, na maioria fazendo-o por precipitação e vindo a encontrar-se em dores horríveis no plano astral, imaginará o quanto de útil encerra a medida, pois visa armar a criatura de fortaleza, tornando-a capaz de defender-se.
Vêm próximos os dias em que os centros terão que trabalhar muito, amparando seres que, atacados por espíritos doridos, os buscarão. Quanto maior forem a união de pensamentos bem sentidos, tanto melhor. Não basta que conheçamos grandes verdades proféticas; não basta que saibamos como deveríamos atuar, é preciso atuar com precisão. Sem união, onde há força?
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NOTA: – A Bíblia utilizada para a confecção deste trabalho é da tradução Figueiredo.
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