DIVINA SIMPLICIDADE – A Lei foi entregue à consciência de cada filho de Deus, e somente a Justiça Divina o julgará, em secreto, em tempo certo. O Verbo Modelo deixou o exemplo de tudo que deriva de Deus, seja Espírito ou Matéria, e a Deus um dia retornará, como Espírito e Verdade, e ninguém com Ele poderá jamais discutir, porque Seu advogado chama-se Justiça Divina. Capítulo I DO GÊNESE AO APOCALIPSE

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

UM ATEU ALÉM DO TÚMULO - EM CONTATO COM MEU PAI


EM CONTATO COM MEU PAI
Em fração de minuto estava de novo ao lado de Mariana, na companhia de minha mãe e Mauro. A alegria que sentia, por tão grato acontecimento, ia para além do que me parecia fácil suportar. Neste país de morte, coisas dão-se, muitas vezes, inesperadamente, pujantemente, como que nos forçando a desdobramentos íntimos fantásticos. Creio que tudo isto já esteja no plano dos dirigentes, por ser da Suprema Vontade. Deve ser para o despertar histórico, para que o espírito se vá compenetrando de si mesmo, a contar das profundezas de seus dias. Cada um de nós tem já o seu passado e, sem o seu concurso, quem poderia bem marchar para a frente? Afinal, o certo é um movimentado eterno presente; mas, sem trocar tal eterno presente por miúdo, por fração, por relativismo, quem agiria? Não somos já relatividade, por injunção do Absoluto?
É por isso que, tendo encontrado estranheza no mundo espiritual, em seus dédalos relativistas, nem por isso deixei de imaginar, que ele assim seria, sem o meu nulo beneplácito. Sim, amigos; ao deixar o espírito o seu corpo físico, e o seu habitat dito material, onde os graus diferenciais penetram tudo, ingressa ele em um mundo, onde os mesmos graus diferenciais se multiplicam ao infinito!
Existem na crosta continentes, países, regiões, mares, rios; cidades, vilas, casas, casebres; noite e dia; gente sã, gente doente, gente feliz, gente infeliz; altos e baixos, em todos os sentidos, para todos os efeitos, tudo coordenado em torno a um Supremo Eu, para fim de Justiça, Movimento e Evolução? Pois se é assim por essas bandas da vida, se tudo se move progressivamente, paulatinamente, rumo à perfectibilidade predestinada, ninguém crie em si complicados raciocínios, falsas concepções, quimeras, a respeito deste lado da vida, porque o relativismo em tudo está, aí como aqui, para a todos facilitar meios e compreensões necessários.
Em dado momento, minha mãe disse a Mariana:
Marcharão dentro de dias para a reencarnação, dois de nossos bons trabalhadores; quero que meu filho tome o lugar de um deles, sendo que Simão será o substituto do outro. Há determinismo nesse sentido, havendo necessidade de executarmos o mandato, o quanto antes. Por isso, julgo melhor irmos já em busca de meu esposo.
De novo, um mundo de idéias, invadiram- me a mente, precipitadamente. Simão, o amigo que havia ficado esperançoso no posto de socorro, ia mesmo ser chamado. Que sorte de liames nos prenderia? Que fios materialmente invisíveis nos uniria? Que sorte de poder moral nos atava a todos? De onde vínhamos nós? Contudo, já me sentia capaz de confiar em tudo e em todos, sabendo que em poderosas forças assentam-se todos os destinos. Por tal razão, nada disse, aguardando que tudo se encaminhasse, segundo aqueles grandes corações julgassem mais acertado.
De fato, em pouco estávamos em viagem. Como ninguém quis dizer onde estivesse meu pai, de mim, também, nada indaguei. O que sei é que tomávamos o caminho dos abismos. Primeiro, em volição; depois, cuidadosamente, a pé, todos de braços ou de mãos dadas, para em caso de assalto das falanges rebeldes, apelar para o poder do pensamento e da vontade, e pôr-nos a salvo. E descíamos por caminhos de mim desconhecidos, mas que deveriam ser conhecidos de outros presentes. Um novo irmão havia se juntado a nós, num posto determinado. Parece que ele sabia bem sobre tudo aquilo.
Em certo lugar, estacamos. E ficamos à escuta. Escuridão e lamentos, gritos e apelos, blasfêmias e gargalhadas horríveis, vinham de um dos lados, do lado mais escuro. Um fedor quase insuportável havia ali. Parecia sair do próprio chão. E foi então que, minha mãe, segredando algo ao homem, que eu não pude ouvir, deixou-nos e se foi, descendo, descendo, até sumir na penumbra escura e fedorenta, juncada de uivos, lamentos e blasfêmias.
Pouco tempo passou-se e estava de volta, trazendo consigo um vulto qualquer, todo enrolado, como se fosse uma grande bola de panos velhos. Como sabia que devia ser meu pai, fiz por auxiliá-la; mas fui observado, baixinho, para que sustentasse um bom pensamento e conduta serena.
Não pretenda ensinar à Justiça Divina o que seja Justiça, meu filho.
Depois de um convite a uma oração, fomos subindo, devagarinho, auscultando, ora aqui, ora acolá, até sairmos do pior lugar. E pude ver, de relance, os traços da fisionomia de meu pai, perdidos num misto de barbas e lama. Seu corpo mal estava coberto por trapos fedorentos. E não deu para mais, porque a caravana se pôs em marcha.
Atingimos um posto, aquele mesmo onde apanhamos o tal irmão de que já falei; e foi ali que pude ver melhor a meu pai. Francamente, nunca pensei que em tais borrascas se metesse. Como viveu ele bem mais do que eu, não sabia de seus feitos, para tal merecer. Agora sei; negar Deus foi um mal, ensinar a negar foi pior, e praticar certos outros atos de deslealdade para com minha mãe amigos, tudo concorreu para um tal fim. Todo caso, ninguém é alheio à Justiça Divina. Ela põe e tira, sem rodeios e nem senões, absolutamente infensa às injunções do convencionalismo humano. O reino do céu é um princípio de essência e não um jogo de rótulos. Todo o verniz humano, todo o exteriorismo social, que poderiam contra um tal transcendente princípio de lei?
Seja como for, porém, meu pai ali estava e, para mim, seu modo de estar torturava-me profundamente. Tinha sido um bom pai, pelo menos até onde eu sabia e pensava. Tinha, pois, vontade de fazer por ele qualquer coisa; mas de que forma, com que elementos, se outros que ali estavam, bem mais evolvidos, mantinham uma calma superior, ostentando rostos alegres? Talvez por pensar, por sentir, ou por qualquer outra razão, minha mãe a mim dirigindo-se, disse confortante:
Optar pelo menor mal já é ser prudente; este quadro poderá não ser agradável de ser visto neste momento, mas, sem ele, como o teríamos maravilhoso dentro de alguns meses? Como teríamos as vantagens dos bens profundos, sem as elaborações precisas? Há alguma coisa de visível, que ostente valor apreciativo, seja no sentido que for, que não tenha custado mil problemas por resolver?
Minha mãe, compreendo o que quer dizer; acima de tudo, sinto que Deus é Perfeito em todos os sentidos, e, não teria sido para com meu pai o Seu primeiro engano. Como ignoro as causas, abstenho-me de comentar os efeitos.
Minha mãe sorriu satisfeita, olhou-me com ternura e emendou:
De minha parte, que sei um pouco das causas, afirmo que os efeitos são de todo judiciosos; quem nos arrebatará o inferno construído internamente, com tanto afinco e ardor? Que mais bela prova nos daria o Amor de Deus, do que nos ofertando o direito de possuir o construído?
Enquanto minha mãe falava-me, outros impunham sobre meu pai suas mãos, mantendo um pensamento concentrado. Era uma operação energética em boa escala. E meu pai iniciava momentos faciais indeléveis. Em pouco, distendia as pernas, esforçava-se por movimentar os braços, contorcia-se todo, como quem despertasse de longo e profundo sono. Os irmãos, por sua vez, prosseguiam firmes em seus propósitos benfazejos. E quando pôde meu pai abrir os olhos, vi que estavam congestionados, vermelhos, comportando em seu vago poder expressivo, evidência de dores lancinantes recalcadas. Era como alguém que já náufrago perdido se julgasse, levando estampada na face, a imagem dolorosa que no cadáver se revelaria inconfundível. Tive, de novo, vontade de atirar-me sobre ele, chamá-lo, fazê-lo sentir o mais depressa que ali estávamos, que dias melhores o aguardavam, que a sua esposa estava por ele fazendo o possível e melhor. Mas, minha mãe me deteve, dizendo-me:
Filho, procure saber comportar-se. Dentro em breve estará agindo em prol de encarnados sofríveis, sendo necessário apelar para toda a possibilidade de segurança. Sem calma, sem nervos controláveis, como poderia oferecer tais serviços? A serenidade é uma conquista do espírito, é um capital capaz de ser posto a prova, em múltiplos empregos, sem nunca desdourar nem falir em seus intentos.
Mas ele é meu pai... – respondi, querendo justificar minha atitude mental, apenas mental.
E minha boa, minha santa mãe, terminou com minhas razões, dizendo com toda a serenidade imaginável:
E aqueles que foram por ele feridos, acaso não eram pais, filhos, esposas, irmãs etc.? Então, filho, havemos de querer justiça só para nós?
Tendes razão... – tornei, arrependido, curvando a cabeça sobre o peito.
Levanta a cabeça, filho, que todos os problemas o são da vida. Sendo, pois, ela, a razão-de-ser de tudo, como e por que deverá curvar-se ao mínimo? Ou iremos proceder como os hipernervosos que, em suas angústias íntimas pretendem ser o fim do mundo no mais comezinho acontecimento?
Ao cabo de minutos mais, meu pai pronunciava uns monossílabos. Quisemos verificar a inteligência dos mesmos. E notamos que estava em seu juízo; mas, completamente afastado da realidade. Referia-se a coisas do mundo material. Foi então que minha mãe falou, chamando-o pelo nome, várias vezes. Isso bastou para que uma nova força nele despertasse. Como enxergava pouquíssimo, girava a cabeça de modo a que o som emitido por minha mãe, lhe apanhasse o tímpano em cheio, facilitando-lhe melhor observação intelectual. Assim que se apercebeu da voz que tão cara lhe devera ser, lançou os braços na direção de onde sabia vir, chamando com sofreguidão:
Angélica!... Angélica!... És tu? Meu Deus!... Onde estás?!...
Minha mãe lhe dera as mãos. De seus olhos rolavam lágrimas em quantidade. E os dois esposos por alguns instantes permaneceram em palestra elucidativa. Minha mãe lhe disse, tudo aquilo que em tão curto lapso de tempo lhe fora possível dizer. Depois, disse-lhe de minha presença ali. E meu pai, que me vira no mundo como um cadáver, pois desencarnara eu muito antes dele, estremeceu ao ouvir dizer que eu ali estava. Por fim, disse, indagando de minha mãe:
E Deus não quer que ele fale comigo?...
Suas palavras pareceram conter um profundo e cortante pesar, razão pela qual sobre ele me atirei, abraçando-o, beijando-o, dizendo-lhe tudo o que me ia na alma consternada e agradecida. Apesar de me ter ensinado a negar a Deus, para mim fora um excelente pai; e se a cada um cumpre ter segundo as obras, segundo como se auto-aplique moral e intelectualmente, porque não procurei eu mesmo, por mim, sondar um tal problema? Não negaria de modo algum a influência estranha sobre a organização do caráter humano; mas o que for possível de relatividade, tanto poderá ser contado pró como contra, quer ao que influi, quer ao que é influenciado. A obrigação é cada qual pensar com o seu próprio cérebro! O dever é ninguém ser a negação do valor inteligente da espécie! E o pai que eu tinha ali, era o homem que havia falado contra a existência de Deus, mas, como todos os outros negadores do universo – sem nunca provar nada! E por que deveria eu crer em tanta falta de provas? Em favor de um Princípio do Todo, temos a prova da Criação, prova inconcussa, eloqüente ao infinito; mas, em favor da negação, do ateísmo, do nada, que temos?
Por tais e tão simples elucubrações, eu mesmo devera descobrir que meu pai, nem por si mesmo poderia provar o que me afirmava, quanto mais fazê-lo por mim. Logo, o que fiz foi adorar um diabo por mim mesmo inventado. Como poderia contra um tal inimigo? E por que atirar sobre meu pai a minha culpa? E assim, creio, terão de vir a pensar um dia, todos aqueles que quiserem, de um modo geral, imputar a segundos e terceiros o peso de suas culpas. Naturalmente, respiramos todos do mesmo ar; mas, não é certo que cada qual respira por si? Assim mesmo, portanto, somos diretamente responsáveis pelo modo como encaramos os problemas fundamentais da vida, como vemos e ouvimos, aceitamos ou negamos.
Sem dúvida, sei ter sofrido a culpa de ter ensinado o ateísmo. Sem dúvida, sei ter sofrido a culpa de ter sido deísta pelo prisma fanático de um moisaísta arrebatado, perseguidor e assassino. Sem dúvida, a felicidade está no equilíbrio, na ponderação, no meio termo, pois nem o negador eliminaria a Deus, nem o crente poderia modificar-lhe a essência. Para mim, mais vale saber um pouco do que crer muito! E saber um pouco é fácil, porque toda obra testemunha um autor, seja lá ele como for, esteja onde estiver, tenha feito como tenha entendido ou podido a sua obra! Tal é, agora, a minha concepção.
E como a chamada Criação cresceu de monta com a desencarnação e o esclarecimento no devido tempo, faço do saber o altar e do agir bem a oferenda. Eis minha religião, no presente. De futuro, espero aumentar-me em tais oblatas.
Depois daquele dia, em que me encontrei pela primeira vez com meu pai, quando fora recolhido do seu exílio ressarcitivo, muitas coisas mais se deram, pois que dois anos faz. Dois anos, sim, com seus dias, suas noites, e todos os atributos concernentes, uma vez que a ordem cósmica impera por estas bandas da vida, pelo menos até onde conheço.
Meu pai fora recolhido a uma das muitas casas de reparação. Disso não passam e nem é preciso que passem, uma vez que só e nada mais, reparam espiritualmente, moralmente, mentalmente, intelectualmente, e, materialmente em sua natureza essencial. E não se diga que começa do mais material para mais espiritual; em tudo há interpenetração de valores, embora a variação à base de porcentagem, seja um fato indiscutível. É processo reparador, em geral e relativo, aquilo a que é submisso o espírito, quando atirado aos antros abismais, sejam eles de que condições forem. Condições, sim, porque as formas de purgação variam ao infinito e para todos os efeitos. A complexidade da vida aqui aumenta de muito, sendo que o mecanismo da Suprema Justiça, ganha foros indescritíveis, penetrando as gamas mais íntimas do ser, pela cronologia dos feitos, desde os mais remotos dias de sua história consciencional.
Digo consciencional, porque nada sei de quem tenha tido de enfrentar, a menor ação praticada como inconsciente, como animal inferior; do mesmo modo, já reconheci casos tremendos e positivos, em que o espírito encarnou, levando no seu pré-traçado programa, o ressarcir faltas cometidas a mais de quinze mil anos antes da encarnação do Cristo Planetário. E eu estive presente a isso, por deferência de amigos de minha mãe, espíritos de alto coturno evolutivo, que como despenseiros dos bens divinos, controlam o movimento dos que lhe são afetos.
Eu vi, a um tal espírito, ser colocado frente a uma câmara de visão retrospectiva, uma máquina fenomenal, e ser a sua história revivida, até alcançar aquela encarnação. Foi ela, depois, focalizada em suas minúcias, para efeito de elaboração de programa, gradativo em suas contínuas e espaçadas contingências, tal como acontecem acidentes na vida de todos, servindo de provas uns, de expiações outros etc. E não pensem que foi um espiritozinho qualquer, um alguém que ainda medre pelo plano do homem médio, do tipo padrão. Foi um dos grandes vultos da história religiosa do Planeta, um dos mais conhecidos mestres de todos os tempos e lugares, um vulto que jamais será banido da história terrícola.
E um dos grandes vultos presentes, verdadeiro filtro do Supremo Chefe Planetário, considerou com simplicidade. Digo com simplicidade, porque aquilo que faria arder os miolos de um cidadão encarnado, sem chegar a fim seguro algum, é por eles tratado, como se fosse a coisa mais comezinha da vida. Elaboração de programa, feliz ou desgraçado, para prêmio de boas ou más ações, para um indivíduo ou para toda a humanidade que seja, qualquer coisa será estudada e aplicada, sem a menor discrepância de qualquer ordem. E ele disse, frente ao mapa de responsabilidades do grande irmão focalizado:
Assim como se portar o ser para com os seus irmãos, assim se portará para com ele a Justiça Divina. Nem um só ceitil da Lei deixará de se cumprir, tal é a disposição intrínseca da própria Lei. No espírito grava- se a história de suas ações, o peso moral de suas obras, aquilo que, mais tarde ou mais cedo, terá de ser revisado, integralmente.
E um outro, que bem se sabia sentir, era-lhe menor em tamanho hierárquico, emendou em seguida, lastimoso, assim como quem considera seus próprios erros:
E os comercialistas clericais, que prossigam forjando truques e prerrogativas absolventes.
E eu imaginei em meus dias de antanho, quando no tempo da passagem de Jesus pelas vielas da carne; senti um calafrio perpassar todo o meu corpo, substancial relativamente a outros graus dimensórios, mas rijo para mim. Revi mentalmente minhas ações nefandas, beleguim de um fanatismo cruel, que era exercitado em nome de Deus! Revi-me ofertando carnes e sangues, tendo tudo isso de crimes em conta de oblatas à custa das quais, viria a merecer o direito e o poder para eliminar do cenário humano Aquele Excelso Filho, que por suas provas evolutivas, elaboradas no turbilhão das duras e normais provas, pelos mundos siderais, ali estava, manso e humilde, piedoso e sofrido, aguardando da consciência poluída dos irmãos menores... a cruel recompensa.
Eu tinha visto, no mapa histórico do tal mestre, a personagem por ele vivida, de estipulador de tais falsas oblatas. Se nem tudo o que hoje os homens manuseiam é do punho do autor atribuído, nem por isso deixou ele de ser o responsável direto pelo espírito do erro. E ele, volveria à carne, por aqueles próximos dias, para em servindo à Causa do Cristo, nos serviços de restauração do Consolador, de permeio, reparar faltas mui anteriormente contraídas, nos tempos da civilização atlante.
Que meditem os meus amigos no que digo, com simplicidade, para que de suas ações não surjam dores para o próximo. Principalmente, se esse tal próximo for do estofo de um verdadeiro Mestre, porque, então, o peso do crime atingirá cumes fantásticos. Pecar contra a Virtude é doloroso feito! E como saberá o homem, ao certo, onde estará ou não escondido o virtuoso ou o vicioso, depois de ambos se acharem mergulhados num corpo denso? Por isso, sem desprezar o dever de análise comparativa, para efeito de classificação de méritos e valores, digo que o melhor é cultivar aquele amor, aquela tolerância, aquela resignação, tudo aquilo de virtudes de que deu cabal exemplo o próprio Cristo.
Eu disse, atrás, que o Cristo não veio para inverter valores, exigindo primeiramente o acerto total e, secundariamente, o culto do Consolador, da Revelação interplanos; afirmo o que disse antes, que ao Consolador cumprirá enveredar o homem, teórica e praticamente, rumo aos seus mais precisos conhecimentos. Pretender que se encare a Jesus como um exemplificador moral, apenas, é tirar-lhe o mérito da função vivida, por Deus outorgada, de revelador da Revelação tornada pública, do batismo de Espírito Santo. Tornar o homem conhecedor, tal e simplesmente é o dever do Consolador. As realizações de ordem moral, isso é lá com o próprio homem, sendo de seu direito inato, ser absoluto responsável, segundo como vir a saber e praticar.
Por isso mesmo, tendo sido o Consolador barrado pelo romanismo, no quarto século da era Cristã, ao tempo do imperador Constantino, com isso barrou-se ao homem o direito de inteirar-se de sublimes conhecimentos. Tudo isso tendo sido por Jesus profetizado, aconteceu, assim como do século quatorze para cá, está sendo trabalhada a restauração do Consolador.
O segundo capítulo do Livro dos Atos dos Apóstolos; os capítulos doze e quatorze da primeira carta de Paulo aos Corintos; e, A Doutrina Espírita, bem testemunham um só programa elucidativo, tendo por centro de gravidade, o intercâmbio entre os planos da carne e do aquém da carne. E como o programa restaurador objetiva um tal relativo informe, que abrangerá ainda um século, a contar do meado do século vinte, eis que cumprirá a todos os homens de boa vontade, estudar com serenidade, com simplicidade, colocando o bom senso acima dos interesses subalternos, desses que tudo fazem por cristalizar princípios, desses que da rotina fazem meio de vida, campo vasto para as explorações mais vis. O Espiritismo jamais deverá servir de meio de vida a quem quer, seja a pretexto do que for, tal é o que afirmo, em sã razão. Isso, materialmente falando.
Moralmente falando, o Espiritismo abarca todos os quadrantes de moral já conhecidos, relativamente expostos no curso de todos os tempos. Mental e intelectualmente, fornece elementos para todos os graus de intensidade assimilativa. Filosófica e cientificamente, do mesmo modo, pois impõe-se por graus incontáveis, favorecendo a uns e a outros, imensos campos de pesquisa. Não obstante, por causa dos vícios mentais e de certos erros recalcados, ele mesmo que carreia em si os elementos todos de poder unificador dos credos, fará um grande serviço de desunião, de desagregação, de revolução. No entanto, como o escândalo não poderá deixar de se fazer intrometido nos movimentos sociais em geral, aquele que por ser dono de igrejinhas que tais, o provocador, esse mesmo responderá por tudo o que de prejuízos causar à Causa do Senhor, sem que um só ceitil lhe venha a ser esquecido. Disto, se não olvide cidadão algum, diga-se ou pense-se o que bem quiser. As chaves da Suprema Justiça, não andam nas mãos de mercenários quaisquer, por se poderem arrogar estes, títulos que tais.
Ninguém é ministro de Deus, menos que cumpra seu dever. O dever é segundo as leis da própria vida. Não, porém, segundo os conchavismos de qualquer matiz, de religiosismos estes ou aqueles. Portanto, aparecendo no vasto painel espiritista, como não poderia deixar de ser, estas ou aquelas prerrogativas ou afirmações, ninguém deverá julgar segundo convenções apriorísticas, mas, sim, segundo a melhor lógica possível, o maior liberalismo são. Nenhum homem, já ficou dito na mensagem “CONSOLADOR, O UNIFICADOR RELIGIOSO”, precisará de inventar a Verdade! O dever do cidadão do universo é, e nada mais, concertar-se com a Ordem Universal! Eis o programa divino, tal como é traçado ao homem. Fora disso, só a dor terá por recompensa.
E não é porque desmanche algo do que é pela Suprema Vontade; é porque prejudica o bem de segundos e terceiros, de coletividades inteiras! E isso, amigos, vem a custar bem caro, muito caro. Entre o homem e as leis, ninguém está, sem ser o próprio homem. Quem, pois, ficaria responsável, sem ser ele mesmo?
Enquanto homem do mundo, vivendo com minha máscara convencional, tinha o hábito de atribuir minhas dores, minhas decepções, aos outros. Hoje, que sei o que sei, das vidas sucessivas, dos feitos bons e ruins, das imensas responsabilidades assumidas, digo que só de uma coisa me lamento – de ter truncado, com minhas atitudes, com meus ensinos, com meus fetichismos moisaístas e etc. o progresso de milhares e milhares de irmãos! Santo Deus! Como esta rememoração me aterroriza! Dá-me, Senhor, oportunidade de reparar tamanhas faltas!...

















                         

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A SAGRADA E ETERNA SÍNTESE

PRINCÍPIO OU DEUS – Essência Divina Onipresente, Onisciente e Onipotente, que tudo origina, sustenta e destina, e cujo destino é a Reintegração Total. O Espírito e a Matéria, os Mundos e as Humanidades, e as Leis Relativas, retornarão à Unidade Essencial, ou Espírito e Verdade. Se deixasse de Emanar, Manifestar ou Criar, nada haveria sem ser Ele, Princípio Onipresente. Como o Princípio é Integral, não crescendo nem diminuindo, tudo gira em torno de ser Manifestador e Manifestação, tudo Manifestando e tudo Reintegrando. Eis o Divino Monismo.

ESPÍRITO FILHO – As centelhas emanadas, não criadas, contêm TODAS AS VIRTUDES DIVINAS EM POTENCIAL, devendo desabrochá-las no seio dos Mundos, das encarnações e desencarnações, até retornarem ao Seio Divino, como Unas ou Espírito e Verdade. Ninguém será eternamente filho de Deus, tudo voltará a ser Deus em Deus. Esta sabedoria foi ensinada por Hermes, Crisna e Pitágoras. Jesus viveu o Personagem Inconfundível de VERBO EXEMPLAR, de tudo que deriva do UM ESSENCIAL e a Ele retorna como UNO TOTAL. O Túmulo Vazio é mais do que a Manjedoura. (Entendam bem).

CARRO DA ALMA OU PERISPÍRITO – Ele se forma para o espírito filho ter meios de agir no Cosmos, ou Matéria. Com a autodivinização do espírito, ao atingir a União Divina, ou Reintegração, finda a tarefa do perispírito. Lentíssima é a autodivinização, isto é, o desabrochamento das Latentes Virtudes Divinas. Tudo vai aumentando em Luz e Glória, até vir a ser Divindade Total, União Total, isto é, perdendo em RELATIVIDADE, para ganhar em DIVINDADE.

MATÉRIA OU COSMO – A Matéria é Essência Divina, Luz Divina, Energia, Éter, Substância, Gás, Vapor, Líquido, Sólido. Em qualquer nível de apresentação é ferramenta do espírito filho de Deus. (É muito infeliz quem não procura entender isso).

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