Capítulo
X
Antes
de encetar a marcha para dentro, ou para a crosta, pois a crosta está
no meio de coroas astrais ou Céus, Celestino avisou:
– Temos
o tempo contado para chegar na hora dos encarnados realizarem a
sessão. Esse tempo compreende uma regular observação das faixas
constituintes dos umbrais, para que vão aprendendo como são as
trevas exteriores. Sugiro que se liguem, mentalmente, a mim e aos
demais servidores, para que possamos transitar por uma escama
vibratória que nos permita observar, sem sermos obrigados a
participar do meio-ambiente mal-cheiroso e trevoso, cheio de
lancinantes gritos e blasfêmias, rogos de perdão e outras
manifestações características desses lugares.
E a
marcha para dentro começou, mas em diagonal, segundo o que teríamos
que observar e no rumo do local da reunião dos encarnados. E fomos
vendo, depois de atravessar as primeiras zonas de socorro, que são
ensombradas, porém vigorosamente guardadas, as centenas de faixas
trevosas, onde bilhões de espíritos penam as contravenções
levadas a termo.
– Que
horror!... – exclamava alguém de quando em quando.
– Ninguém
jamais passará por cima da Lei!– repetia Celestino.
E,
para resumir, vamos dizer que a Luz e as trevas variam em seus
matizes de modo dificilmente contável por nós, para que cada um
tenha, como recompensa das obras praticadas, justamente o que faça
por merecer. Há de chegar o dia, na história de um espírito, em
que ele, por evolução, compreenda que o Senhor, seu Pai Divino, o
quer juiz em causa própria. O Deus de favores e de libertações por
graças e precedentes, o Deus das idolatrias e dos rituais
formalistas, o Deus que as súcias clericais exploram, a fim de
poderem explorar os incautos e viver vida gorda e babujada, ou de
falsa autoridade espiritual e nababescas opulências, esse Deus terá
que ser permutado pelo Deus de Verdade, Amor e Virtude, que pelos
termos de Verdade, Amor e Virtude, vividos pelos Seus filhos, assim
os fará receber ou ter. E aquilo que foi visto, nas camadas
umbrosas, pelos membros da comitiva é aquilo mesmo que poderá ser
visto, nas camadas umbrosas de qualquer mundo em processo evolutivo.
Cumpre
lembrar que uma Lei Fundamental rege o Infinito Emanado, tanto na
parte Cósmica ou Material, como na parte Anímica ou Espiritual. E
que o espírito é uma partícula de Deus em processo de expansão,
de autocristificação, disso ninguém tenha dúvida. É caso de
dilatação consciencional, até atingir as alturas de verdadeira
Potência Espiritual, e não alguém que tenha de ser salvo, por meio
de ginásticas corporais, formulismos idólatras ou de discursozinhos
histéricos, com os quais as mentes medíocres e os caracteres de
baixa moral vivem a sonhar. Deus não é fábrica de molambos e Seus
filhos não devem cultivar molambismos.
E
foi por isso que, atravessado o umbral, ao atingir a atmosfera da
Terra, Celestino avisou:
– Lembrem-se
bem, irmãos, de que os praticantes de boas obras não estão nesses
lugares; aí estão os contraventores da Lei de Deus, principalmente
os fazedores de ginásticas religiosistas, proprietários de
comércios idólatras e compradores de tais ignorâncias.
Um
velho clérigo, que trazia ainda o corpo perispirital marcado pela
doença e por uma deformidade das pernas, com amargura comentou:
– O
problema do Céu não pode ser resolvido, então, segundo os recursos
aplicados pelas grandes religiões!... Cumpre haver uma grande
renovação de conhecimentos e de práticas!...
– Para
todos os efeitos – interveio Celestino – cumpre viver conforme a
Lei de Deus, a Divina Modelagem do Cristo Externo e os ensinos da
Revelação que adverte, ilustra e consola. É uma questão de vida
social decente e não de formar num clube de fantasiados
religiosistas.
– Ainda
bem que existem os bem-intencionados! – comentou alguém.
– Ainda
assim – volveu Celestino – a Justiça Divina dá a recompensa
segundo as obras praticadas e não apenas por causa das boas
intenções. E a prova disso tendes, que dos membros de uma mesma
instituição dita religiosa, uns vão parar nos lugares de Luz e
Glória, enquanto outros ficam nos lugares intermediários, e outros
descem até a subcrosta, onde vão penar dezenas e centenas de anos,
antes de serem recolhidos e encaminhados, através das vidas, no rumo
da Pureza e da Sabedoria. Compreendam que ser uma boa pessoa é uma
coisa e ser um bom clérigo ou religiosista é outra coisa. A boa
pessoa é que importa, porque a Justiça Divina é acima de
rotulagens ou figuras-de-fachada. Enfim, irmãos, o que importa é
ter um cérebro lúcido e um coração amoroso.
E
com isso, dávamos entrada em uma sala familiar, onde quatorze
pessoas estavam reunidas, conversando alegremente, aguardando a hora
de iniciar os trabalhos mediúnicos da noite. De fato, um pouco
depois, o presidente lembrou estarem em cima da hora, tendo todos
feito silêncio. Comandou as orações, que foram feitas em silêncio,
fazendo estremecer o campo psíquico, até impô-lo totalmente,
desaparecendo a limitação do ambiente material, tudo ficando
plenamente aberto, um maravilhoso cenário de alta espiritualidade,
com a presença de elementos de altas esferas, prontos ao trabalho.
Dentre
os presentes havia clarividentes de alto nível, psicômetras e
desdobrantes de alto gabarito. Tudo foi visto e contado por eles de
modo maravilhoso, e o ambiente espiritual timbrava por uma elevação
tremenda, porque assim atraíam os encarnados presentes que, como
avisou Celestino, eram espíritos velhos missionários, de novo
encarnados e de novo reunidos pela Vontade de Deus.
Depois
de tudo visto e falado, o presidente lembrou um bom número de
consultas médicas a serem tiradas, com casos outros de permeio, como
sejam as opressões de espíritos ignorantes, rebeldes, vingativos,
etc. Todos se dispuseram com muita e vigorosa disciplina, espalmando
as mãos sobre a mesa, para que, como disse o presidente, cada dedo
fornecesse a sua contribuição, pelos jatos de energias e de luzes.
Tudo
era superior ali, tudo vibrava alto, e Celestino avisou:
– Observem,
agora que os ajudaremos, como funcionam essas mentes encarnadas.
De
fato, vieram até Celestino cinco mulheres, que saíram de uma
falange esplêndida comandada por Maria, que do Alto dirigia o
trabalho todo, e com elas formando atrás de nós, da comitiva,
tivemos as vistas espirituais abertas, podendo ver perfeitamente o
grande nível atingido por aqueles encarnados. E por isso, suas
mentes irradiavam potentes luminosidades, de seus dedos partiam
torrentes de energias coloridas, emprestando ao ambiente em geral um
cunho de celestialidade. E foi interessante ver como chegaram até
eles quatro médicos, sendo que um envolveu o médium receitista,
para fazerem, em conjunto, o receituário.
E
vimos um trabalho árduo e maravilhoso, pois enquanto os médicos
disparavam na direção das pessoas e das residências, outras
falanges de trabalhadores seguiam ou davam curso aos complementos,
lavando as casas, limpando as paredes, livrando as pessoas, etc. Foi,
é e será um trabalho assim organizado, um verdadeiro mecanismo
socorrista, com os elementos espirituais funcionando de modo
maravilhoso, porque de cima para baixo, e de baixo para cima, toda a
gama constituída de trabalhadores funciona, e com rigorosa e
eficiente atuação, porque a vontade de servir e a disciplina
reinante assim facilitam.
Inclusive
os clarividentes e médiuns desdobrantes atuavam, dentro e fora dos
respectivos corpos, pela tremenda facilidade como entravam e saíam
deles, em virtude da celestial ajuda com que contavam, e com a qual
poderão contar aqueles que quiserem, de fato, entregar-se ao serviço
do verdadeiro bem-fazer. Todo o tempo gasto em tirar umas dezenas de
consultas espirituais foi um excelente programa de aprendizados,
porque vimos as doenças de fora para dentro e de dentro para fora.
Vimos as causas e os efeitos, os motivos e as chagas. Vimos alguns
casos de feitiçaria serem desfeitos, de modo limpo e tremendamente
eficiente, sem recorrer aos mesmos expedientes, como acontece em
certos meios ditos espíritas, em que os que se dizem trabalhadores
do Bem, lançam mãos de recursos mais horripilantes do que aqueles
usados pelos trabalhadores do Mal. Infelizmente, esta é a verdade, e
uma verdade que bom seria, fosse reparada pelos que assim agem, pois
embora se acreditem melhores, e fortes, ou valentes, na realidade são
apenas manejados por espíritos de muito baixo nível, sendo que, em
muitos casos, como temos visto, são meros capachos de espíritos
mal-propositados, fingidos de todo, escravos de situações por eles
mesmos criadas, das quais sairão, algum dia, depois de sofrer nos
piores lugares da subcrosta e as mais dolorosas encarnações.
A
segunda parte dos trabalhos, ou para depois do trabalho imenso feito
através do receituário, ou que este facilitou, tivemos um
acontecimento deslumbrante, porque os encarnados desdobrantes vieram
fazer companhia, e muito consciente, às legiões de Maria, e foram
feitas descidas à subcrosta e subidas aos umbrais, para desses
lugares serem retirados espíritos já disso merecedores. E nós, da
comitiva, religiosistas formais e fracos por dentro e por fora,
ficamos encantados com o que oferece o Pai Divino. Se não fosse
visto e vivido, seria até inacreditável ou duvidoso. Mas a
realidade era, é e será a mesma, para quem fizer por assim merecer.
O difícil, realmente, é merecer, é crescer de dentro para fora,
pois as grandezas exteriores só produzem as misérias do espírito.
No
final de tudo, como complemento instrutivo, a Grande Mãe convidou a
todos para uma subida aos mais altos planos. Disse, com doçura
imensa e gravidade vibrante ou de fazer estremecer o íntimo, que as
graças nunca serão mais do que as oportunidades de conhecimento,
oportunidades de trabalho, melhoras até certo ponto e contatos com
elementos e planos elevados. E que, de tudo quanto for dado saber ou
receber de variantes modos, contas serão pedidas, mas não em forma
de adoração e exaltação, como pensam os mal informados do mundo e
dos planos inferiores da espiritualidade, mas sim em obras de
fraternidade entre irmãos.
Embora
nem todos tenham subido aos mais altos planos, porque muitíssimos
foram ficando em lugares proporcionais aos seus respectivos níveis e
um pouco mais, a verdade é que muitos foram às mais luminosas e
gloriosas regiões. Há uma aplicação da Justiça Divina, por aqui,
que os encarnados somente reconhecerão bem quando para cá vierem e
a enfrentarem na prática. Menos, é claro, para os altamente
versados nestas coisas, os que possuem qualidades e faculdades que
lhes permitem por aqui transitar, trabalhar e com elevados méritos e
amplas extensões influentes. Há criaturas, na carne, que valem por
verdadeiros pedaços do Céu aí lançados, para certos efeitos que,
em verdade, bem o sabem o Cristo e o Pai Divino. É muito arriscado
comentar sobre os ungidos, suas atuações, seu raio de ação...
De
uma coisa podem, porém, estar certos os indivíduos de boa vontade:
esses elementos não são encontrados entre os petulantes, os que se
julgam donos de casas, instituições, estatutos, etc. Eles são
encontrados, de preferência, entre os trabalhadores anônimos, os
que vivem procurando enxugar as lágrimas, pensar feridas, consolar
aflitos, cobrir os nus... Enfim, os que fazem o Bem, pelo gosto de
fazê-lo e não porque tenham se agarrado a títulos e postos de
mando... E para não dizer mais a tais respeitos, lembramos o
Impassável Divino Molde, quando ordenou tomar cuidado com o fermento
dos fariseus...
Até
onde subiram alguns? Alguns subiram até o Plano Crístico, aquele
que é acima de injunções planetárias, que está fora de mundos,
formas e transições. É muito difícil dizer daquelas Alturas
Divinas, mas o fato é que, mais tarde ou mais cedo, todos lá
chegaremos, porque ninguém é especial perante as Leis Divinas que
regem a chamada Criação Divina. Que dizer dos planos intermundos e
da vida nesses planos? Que dizer das extensões no campo da Divina
Ubiqüidade, onde vivem os espíritos desses planos? Dizer o que, do
poder de aplicação da vontade, desses irmãos divinizados? Como
entenderem, já, os encarnados, da influência deles sobre os mundos
e as humanidades, fazendo que tenham cumprimento as leis regentes dos
mundos e das humanidades em processo evolutivo?
Bem,
diremos que vimos as comunidades crísticas em profusão, os unos
distintamente expostos, numa variação de luzes e glórias que
jamais as palavras, faladas ou escritas, poderão definir. E vimos e
vivemos, num dado momento, que estávamos envolvidos e penetrados do
Poder Divino, sob a influência de um Divino Senhor ou de um Verbo
Divino, e com a ajuda potentíssima que nos ofertou, penetramos a
Divina Ubiqüidade e achávamo-nos entre os Mundos e as Humanidades,
podendo afirmar que éramos, naquelas condições, participantes do
Pai Infinito, em Tempo e Espaço. E com isto afirmamos que, se os
espíritos todos, de todos os níveis evolutivos, soubessem qual é a
finalidade a ser atingida, todos fariam tudo para se tornarem Puros e
Sábios o mais depressa possível.
De
volta, já no nosso plano de vida e trabalhos, ainda com os olhos
ardentes e o coração espiritual fremendo celestialmente, comentei
com minha mãe e Vicentina:
– Como
falam estultamente os donos de religiões, no mundo! E como são
ridículos aqueles que afirmam não esperar propina de Deus, para
depois da desencarnação! Por que, não entendem que nada disso é
certo, justo e necessário, porque há uma perfeição a atingir, e
terá que ser atingida, custe mais ou custe menos?
– Sim
– disse minha mãe – o certo é que o espírito saiu do Sagrado
Princípio em estado de simplicidade, com todos os valores divinos em
potencial, e deve desabrochá-los por lei e através de trabalhos.
Enfrentará reinos, espécies e famílias, viverá condições e
situações incontáveis, permutará ambientes, na carne e fora dela,
como nunca seria capaz de admitir antes de experimentar, e um dia
ter-se-á acima de todas as limitações, gozando a Unidade Divina,
sendo ou formando na chamada Divina Providência, nos Previdentes e
Providentes da Ordem Divina. E tudo isso, em termos de Verdade, Amor
e Virtude, nos tratos sociais, e jamais pelos ridículos engodos
religiosistas, ou segundo os conceitos de umas multidões de
fanáticos das letras ditas sagradas.
Vicentina
ponderou:
– Bem,
como cada um pensa como pode e não como quer... Isto é, como vai
podendo pensar melhor com a evolução que vai em si mesmo
realizando, devemos dizer que o grande mal está nas dogmatizações
dos donos de credos e de instituições... Creio que é melhor dizer
que o grande mal é derivado daqueles que se fincam nos direitos
criados e adquiridos. Estes é que prendem o progresso, por egoísmos,
orgulhos e certas opulências de bolso e de estômago. Porque se
estes assim procedem, como não deverão proceder de modo egoísta e
anti-social os que só pensam em termos de mundanismos em geral?
Ocorreu-me
a idéia e perguntei:
– Por
que, o progresso da humanidade planetária, no plano geral, depende
das realizações do plano carnal?
Minha
mãe achou a pergunta interessante e comentou:
– Não
estou autorizada a falar com segurança, sobre um assunto que nunca
me ocorreu pensar nem ouvi, por aqui, de alguém, um conceito a esse
respeito. Mas acredito que os mundos físicos e a sua evolução
representem fatores impostos pela Justiça Divina, e, portanto, a
evolução da humanidade que lhe é própria faz parte do esquema
fundamental. Entretanto, vamos ressalvar que, quem se dedica à
Pureza e à Sabedoria, em suas obras, ingressa nos planos superiores,
ao desencarnar, e isso faz reconhecer que a Justiça Divina é pelas
obras de cada um. E por aqui transita um ditado, que fala em nome de
Deus, e ele diz que as testemunhas de Deus são aquelas que o são
pelas obras individuais.
Ainda
estimulado pelo assunto, perguntei:
– E
por que, a Terra tem coroas trevosas ao redor, ou reinos de pranto e
ranger dos dentes, para fora? Que os tenha para dentro, isso diremos
que seria comum em um mundo infantil; mas tê-los para fora não é
muito mau indício?
Minha
mãe respondeu:
– Convém
não esquecer que a Terra é um mundo instituto correcional, um mundo
de degradados e degredados. O Éden perdido não era a Terra
anterior, como faz entender a corrupção lavrada no Pentateuco, mas
o mundo melhor de onde vieram os adamitas. Assim irão ser, para os
cabritos, aqueles dois mundos inferiores que, já o sabemos, vão
hospedá-los para as devidas expiações e progressos posteriores.
– Assim
sendo – aduzi – as trevas para fora caracterizam os mundos de
expiação?
– Não
estou autorizada a falar dogmaticamente – disse minha mãe – mas
o fato é este: ou caracteriza o mundo inferior, por simples
involução, ou revela o mundo destinado a ser escola correcional,
por isso recebendo legiões de espíritos rebelados, de mundos que se
vão revelando dignos de melhores habitantes. O fato, entretanto, é
altamente significativo, pois ter coroas trevosas, para o exterior, é
muito depreciável.
– Em
conclusão – indaguei – só a evolução do plano carnal fará
desaparecer o umbral, para, um dia, por fim, ir desaparecendo, também
e necessariamente, a subcrosta?
Minha
mãe respondeu-me:
– Bem,
isso é concludente. Mas quando isso ocorrer, pelo que já sabemos,
várias seleções e separações terão sido feitas. A Terra que
terá as marcas da Jerusalém Celestial será a Terra dos que a
merecerem. Mas isso, bem o sabemos, é para muitos e muitos milhares
dos anos porvindouros. O Céu primeiro ensina, depois dá tempo e
depois cobra contas. E se está dito, no Velho Testamento, que o
Senhor Deus nada faz sem antes avisar pelos Profetas, Seus servos,
também está dito, no Novo Testamento, que o testemunho de Jesus é
o Espírito de Profecia. Portanto, é normal que os habitantes do
planeta, encarnados ou não, prestem atenção aos informes
mediúnicos. É por eles que muitos conhecimentos advirão, embora
muita coisa desagradável, e mesmo repugnante, também apareça, por
falta de melhor critério dos seus cultivadores.
– Realmente
– comentei – no campo mediúnico muitos são os que se estendem
pelas áreas menos interessantes, entretendo contatos com os mais
baixos planos da vida espiritual. Agem totalmente fora da Lei de Deus
e do Divino Molde, embora se acreditem certos e convenientes.
Vicentina
aduziu:
– Todos
deveriam lembrar a Lei e o Cristo; porque com as duas testemunhas
fiéis e verdadeiras, logo se sabe que imundície não é
Espiritismo. Basta comparar os ensinos e os fatos, para se ter a
certeza de que o Mal não é o Bem, ainda que apelem, os seus
praticantes, para os mais variados pretextos.
– Em
todos os sentidos de atividade – interveio minha mãe – os
filhos de Deus terão que enfrentar testes. Não é tentação a
palavra certa, mas sim teste. Deles ninguém escapará, porque a
ignorância, a covardia e a hipocrisia não herdarão jamais o Reino
do Céu. Que se acautelem todos, perante os atos da vida, porque a
Justiça Divina é acima de pretextos quaisquer ou de explicações
humanas.
– Existem
partes do mundo – comentei – onde os atos de feitiçaria, sob os
mais variantes pretextos, funcionam imensamente. Por que essa gente,
encarnada e desencarnada, não lê o capítulo final do Apocalipse?
Fazendo
menção de partir, rumo ao trabalho, minha mãe concluiu:
– A
mediocridade não faz a parte da superioridade, sem ser por engano. E
tudo isso é parte integrante das fases evolutivas, do processo de
autocristificação. Quando alguém chega a ser realmente grande, na
espiritualidade, não é por acaso nem de favor, mas sim porque
venceu todos os testes. E se durante a caminhada teve que se curvar
muitas vezes diante de sofrimentos atrozes, também é certo que, com
isso, conseguiu crescer em si mesmo.
E a
boa conversa, naquele glorioso dia, terminou ali.
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