sexta-feira, 14 de junho de 2019

A CAMINHO DO CÉU - Palestrando Com Fábio




PALESTRANDO COM FÁBIO


Estava palestrando com Fábio, dias depois, sobre o acontecido na noite em que Mesquita e ele foram ao tal Centro, onde se realizavam as operações espirituais, de maneira assaz inferior. Dizia-me ele, então, das dúvidas que alimentava sobre a adoção, por parte dos guias, das emendas transmitidas por Mesquita.

— Não aceitarão, tenho certeza, sendo essa mesma opinião de Mesquita. Aqueles guias estão longe do melhor entendimento, por involução. Dois espíritos médicos que lá atuam, em que pese os sãos desejos que os animam, também são psiquicamente inferiores, estando presos a círculos inferiores do astral.

— Então, falaram somente aos guias?

— Por enquanto, sim. Caso algum guia queira, dentro em breve falaremos aos encarnados, em sessão adequada. Por ora, pelo menos, ficou por haver resposta da parte dos guias. Quando Mesquita lá for, um dia destes, saberemos se aceitaram ou não a idéia de reforma.

— Eu pensava que tivessem logrado mais vantagens.

— Não, pois fomos por ordem. São inferiores, ou são como são, como diz Mesquita, mas são bem-intencionados. A tradição achata o homem, mesmo por aqui.

— Se de fato são bem-intencionados!... — atalhei, julgando ao fator boa intenção a meu modo, que é avançar no bem, sempre que possível, sem prevenções e com todas as forças ponderáveis.

— Nossas boas intenções, sobre os céus superiores, ou zonas mais eterizadas, plantar-nos-iam nelas, de momento? Boa intenção é ótima premissa, não há dúvida, para epílogos próximos ou remotos. Contudo, quando se é escravo de vício mental, ambiente formado, principalmente quando se saturou as células cerebrais de convencionalismos, de recalques mecânicos, como se vai abandonar um modo de agir ou crer, pensar e querer? Esses irmãos, por certo, estão como os viciados em certos sentidos de aplicação sectária — não conseguem sacudir de si mesmos o jugo coercível do passadismo lastroso. A embalagem mecânica poderá mais do que a idéia superior, assim mesmo como a prática inferior costuma poder mais do que a teoria sublimada. Admitir o melhor é fácil; vivê-lo é quase impossível.

— O homem será sempre o homem, na Terra ou aqui...

Nessa hora, Mesquita vinha a nós, acompanhado de Alva; deviam trazer recado prazeroso, pelas feições dos semblantes. Levantamo-nos e fomos ao encontro dos dois.

— Começo de função de ambos! — anunciou Mesquita, abraçando-nos.

— Graças a Deus! — exclamou Fábio, baixando a cabeça e ensimesmando-se.

— Andemos? — convidou-nos Alva, apanhando-me pelo braço.

Durante o pequeno trajeto, que mediava, entre o parque e a residência de Mesquita, falamos da função por exercitar. Iríamos residir com Mesquita, até novas ordens, sendo que trabalharíamos para uma organização socorrista do local, de que Mesquita era membro diretor. Tudo era de nossos desejos.

— Amanhã iremos ao encontro do primeiro a ser atendido por você, Adroaldo — disse-me ele.

— Mas ainda sou fraco em aplicações de elementos energéticos. Pelo que me tem sido dado ver, há qualquer coisa de nós mesmos que devemos utilizar, para o encaminhamento dos outros. Não tenho prática desses exercícios...

Sorriu Mesquita e emendou:

— Depende de quem vai atender... Você, por exemplo, terá de entender-se com um evangelista recém-desencarnado. Vagueia ele, sem saber como e nem por que, num campo de paz. Para ali o levaram, durante a turbação inicial, para um sono reparador. Uma vez acordado, passeia pela campina, bebe dos regatos, penetra nos bosques, ajoelha e ora. É preciso que se o avise da morte... Compreende?

— Compreendo que devo esclarecê-lo; mas não sei bem como principiaria por lhe falar. É preciso técnica para tudo, pois boa intenção, como dizia-me há pouco Fábio, é qualquer coisa, mas não é tudo.

— Pois saiba que, sabendo ou não, terá de fazer isso. Fale com sentimento e inteligência. Para o sentimento, lembre que um dia foi recolhido; e para a inteligência, apele para o realismo da vida. Não discuta, afirme. Não comente, exponha. Não prometa, faça.

— Para afirmar, expor e fazer, precisamos saber e poder. E me sinto frágil em tudo, em quase tudo.

— Pois use o pouco de quase o que já começou a sobrar... — saiu dizendo Mesquita, deixando-nos a sós, Fábio, Alva e a mim.

Alva, meiga e amiga, inseriu num sorriso:

— Não tenha receio de nada. As coisas devem andar nos ares sempre, a respeito de quem de fato procura ser útil aos irmãos em natureza e destino. Vá ao seu irmão por orientar, sem receio e nem prevenções, que por fim tudo sairá bem. E se de início não sair bem a contento, compenetre-se de que todos pagamos tributos ao conhecimento, e à técnica de aplicá-lo. Ninguém é obrigado a começar perfeito, nem tampouco é condenável por não o ser.

— Farei o possível — foi o meu remate.










ÍNICIO - CAPA





































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