GRAÇAS A DEUS
Graças a Deus é uma expressão de
consciência? É uma força de expressão? Desejo, para mim,
constitua uma expressão de razão; apenas isso. Como expressão de
razão, obedecerá à ordem lógica das contingências naturais.
Digo, pois, o meu graças a Deus, querendo dizer e afirmando que tudo
é por derivativo. O sentido de afeição mística, reverentemente
chã, piegas, adulante, não é o que me convém; o sentido que me
agrada é o de respeito por respeito, sendo conclusão lógica. Ao
invés de um “graças a Deus” filho do temor, prefiro um “graças
a Deus” produto da compenetração real. Aquele adula ou teme; este
sabe e vive; aquele quer significar o favor de Deus; este afirma que
Deus não é cabotino. Aquele afirma o milagre, o mistério e o
conchavismo; este se compenetra da Soberana Justiça. Quando aquele
se verga rastejante por incompreensão, este se levanta respeitoso
por compenetração. Aquele “graças a Deus” quer dizer favor de
Deus; estoutro afirma que é em virtude de Deus, sem a morbidez
cabalística nem o terror da ira.
E para a concepção monística, tudo
é em virtude de Deus, não porém pelos favores de Deus. Como a
simples decência humana não admite a bajulação, a lambição
rançosa, muito mais não o prezaria Deus, súmula das virtudes que
é.
Para mim, graças a Deus quer dizer
em virtude de Deus, e não porque Deus faça favores a quem quer que
seja. O mais, poder vencer ou fracassar, isso é em função da
própria vida e das leis relacionadas, que movidas são pela de Causa
e Efeito. Respeito a Deus como Deus na infinidade de Sua Justiça,
bem assim como me compenetro de que, por essa mesma Justiça, legou
ao homem, por natureza, qualidades para as vitórias. Se o homem por
ignorância ou falsa educação espiritual, ao invés de lutar e
vencer à custa de tais fundamentais e divinos bens, acha mais
prudente bajular, ou engodar, isso não vem de Deus, por isso Deus
não responderá.
Já foi dito que o homem prefere, em
matéria de religião, seguir caminho menos recomendável, adulando a
Deus e traindo aos deveres sociais; mas, repetimos, é um grave erro
de cálculo. Que se dê a bom emprego, por compenetrar-se de que tudo
o que é, o é em virtude de Deus, porque aí estão a lei básica e
o processo que redime.
Mas, qual a razão deste meu graças
a Deus?
Simplesmente isto — fui abordado
por Mesquita, que me confiou:
— Sabe que seu mano já mudou e
está freqüentando uma sessão espírita? Sabe que sua cunhada se
acha bem avançada em desenvolvimento mediúnico?
Para quem não sabe qual o montante
de anseios pró-Verdade que assaltam o ser consciente após a
desencarnação, a bem do esclarecimento daqueles que ficaram na
penumbra da carne, ou da vida restritíssima das zonas densas do
mundo mais corpóreo, difícil será compreender o prazer que nos
causa, a alegria, que nos toma de assalto, ante uma tal disposição
de coisas. Saber que aqueles que nos são mais de perto afetos, mais
caros pelas circunstâncias que só o coração sabe bem explicar, em
deixando o burgo frio das coisas que apenas passam por espirituais,
porque apenas são formais e idólatras, vão-se aos poucos
transladando para outros e mais acariciantes climas, para esferas de
pensamento e práticas que correspondem a conquistas imortais a bem
da alma! Quer maior maravilha que atinar com o caminho por
excelência? Nenhuma maravilha poderá ser mais estuante que essa,
remir faltas depois de se conceber o maior erro, o mais feliz
acidente, aquele que é o emprego ruim da razão, aquele que
constitui a má diretriz dada às virtudes fundamentais já
despertadas.
Diz o refrão que errar é humano;
mas, em verdade, humano é quando se erra em franca espontaneidade,
sem resquício de turras sectárias, alheio aos ímpetos da mais
rameira tradição. E os erros espirituais da Humanidade são
justamente dessa ordem — pensam os filhos, os netos e todos os
mais, assim como quiseram pensar, passivamente, e a gosto dos
exploradores da fé, todos os seus avós, todo ignorantismo que
séculos e séculos de clerezias estúpidas forjaram, contrariando
propositalmente aos ensinos básicos, à transmissão operada pelos
verdadeiros enviados da Diretoria Planetária. Isso o podemos afirmar
— que nenhum farsante, que nenhum explorador da fé, que nenhum
idólatra, que espécie alguma de negação da realidade universal,
pode falar em nome da Diretoria Planetária. De tal plano de
orientação não veio jamais fraudes! A fraude, a traficância, a
teologia de grupos, a verdade postiça, a religião do conchavo, as
clerezias profissionais base de cultos formais, sem Revelação, não
vieram dos Vedas, dos Budas e nem dos Cristos, vieram, sim,
posteriormente, por corrupção, por falta de escrúpulos da parte de
muitos homens.
E dessas corrupções sofre
gravemente a Humanidade! Em lugar de crer nas soberanas leis que à
Revelação cumpre expor, desviada do caminho certo, crê a
Humanidade nas bobagens formais exercitadas por homens e grupos de
fingidos mestres.
Quem, portanto, como eu, ao ouvir
dizer que meus parentes ficados no mundo mais denso, se encaminhavam
para uma reunião espírita, alegrou-se em extremo por isso, nada fez
de exagerado. Viu com os olhos de espírito mais livre, pensou com um
cérebro mais lúcido, sentiu com um coração mais afim com a Divina
Essência do Universo, sobre as verdades de fato, e então verdades
salvadoras, de quem esses parentes e irmãos queridos iam se
aproximar. Significa isso meio caminho andado, porque vale mesmo por
meio caminho o saber certo sobre as coisas ditas da vida e da morte,
do além e do aquém-túmulo.
Crêem ditosos seres destas esferas,
que toda a carne poderia e deveria buscar os elementos de fé
consciente, por estas alturas da civilização, no contato puro do
intercâmbio mediúnico, fugindo com isso aos prejuízos que os
formalismos e os discursos falazes produzem, criando nas almas
disposição para as psicoses negativas, antropomórficas, idólatras,
fanáticas, medrosas, viciadas em geral. A Revelação, o intercâmbio
interplanos, feito tudo com elevação de conhecimentos e propósitos,
é o culto religioso de fato. Eis o que desejou Moisés, o grande
vulto que posteriores fraudulentos quiseram e querem tenha proibido a
Revelação:
“Quem
dera que todo o povo profetizasse,
e que o Senhor lhe desse o seu
espírito”
(Números, cap. 11)
À Revelação, pois, cultivada em
bases sadias, deverá o homem a sua máxima ou integral obrigação
de fundo religioso. O mais é idolatria, venha de onde vier, diga-se
o que quiser, passe pelo que queira passar. Porque a finalidade dos
planos encarnados, bem o sabemos agora, por evolução, por
superioridade, é vir a comungar francamente com os planos erráticos.
Se isso se deu com aqueles planetas que são superiores à Terra, e
irá dar-se com os que lhe são iguais ou inferiores, que é a Terra
para ficar à margem das soberanas leis do Senhor? Só porque a Terra
conta com clerezias medonhamente erradas, fanáticas, que querem
viver à custa da fé? Só porque a Terra comporta agrupamentos ditos
espiritualistas, mas que só falam em segredos, em mistérios, em
ocultismos que jamais existiram em Deus, na Sua manifestação, que é
a dita Criação? Não, amigos, por isso não, de vez que todos os
mundos, em sua infância, tiveram de enfrentar tais problemas,
tiveram de eliminar tais absurdidades, tais infelizes aprendizes,
tais falsos mestres.
O Amor e a Ciência são expansíveis
ao infinito! Eis onde deve estribar-se o espírito, para cultivar a
Revelação, a Religião por excelência. Desabrochar os dotes
internos, os bens latentes, as faculdades inatas, sem esforço
próprio, ou à custa de cultivar o culto dos conceitos de mistérios,
de segredos, de ocultismos, de graus ou títulos conferidos por
homens, isso não é Religião! A Terra devolve, bem o vemos, todos
os dias, para cá, elevado número de titulados religiosos, de
criaturas que no mundo se empavonavam com os galardões no mundo
obtidos; mas, qual o desfecho? Os títulos que tanto valiam no mundo,
aqui ficaram sem efeito. O homem vem para aqui, para ser medido e
pesado pela balança da Virtude e do Saber; mas há que ser de fato,
pois que moedas falsas não correm nos planos de luz. Poderão passar
por trunfo, é certo, mas nas zonas inferiores, nas regiões onde
quem tem um olho pode ser rei. Mas, por esferas melhores ou pelas
superiores, não transitará com tais pretensos salvo-condutos...
Existem, de fato, regiões, onde todos os erros do mundo continuam a
ter seguimento; desses planos derivam os espíritos que influenciam o
clero, os macumbismos, os fanatismos em geral, por questões de
credos, crenças, políticas, princípios em geral de aplicação do
pensamento. O discernimento dos espíritos, como disse o Apóstolo
dos Gentios, é uma grande faculdade e um elemento de que ninguém
deve descurar, principalmente o cultor do mediunismo.
ÍNICIO - CAPA
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