DIVINA SIMPLICIDADE – A Lei foi entregue à consciência de cada filho de Deus, e somente a Justiça Divina o julgará, em secreto, em tempo certo. O Verbo Modelo deixou o exemplo de tudo que deriva de Deus, seja Espírito ou Matéria, e a Deus um dia retornará, como Espírito e Verdade, e ninguém com Ele poderá jamais discutir, porque Seu advogado chama-se Justiça Divina. Capítulo I DO GÊNESE AO APOCALIPSE

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sexta-feira, 14 de junho de 2019

A CAMINHO DO CÉU - Saudades da Família




SAUDADES DA FAMÍLIA


Pelas dez horas do dia seguinte, depois de auspicioso passeio matinal, fui encontrar Fábio no lugar onde lhe era de costume sentar-se, debaixo da magnólia. Ao vê-lo de longe, ensimesmado, pareceu-me triste. E foi do que lhe falei, assim lhe estive ao pé.
— De fato — respondeu-me — trago comigo uma tristeza... Mas, deixemos isso para mais tarde... Basta-me estar recolhido a esta região de paz...
— É saudade da família, decerto, o que causa essa tristeza — aventurei.
— Não... É outra coisa; mas é problema por resolver. Não se importe com isso, porque é questão de doutrina.
— Gostaria de poder auxiliá-lo.
— Creio... Creio sinceramente e fico-lhe grato.
E dois novatos de um mundo novo, mundo novo igual ao mundo velho deixado, como sairiam daquele vácuo dialogal, não fosse a chegada de Mesquita?
— Parece que estão tristes! — observou este, assim chegado.
E como Fábio calasse, fiz por expressar o estado de coisas:
— Fábio quererá, por certo, dizer ou perguntar alguma coisa. E como disse ser coisa de doutrina, também muito me conviria ouvir, posto achar-me situado no mare nostrum da questão. Como sabem, sustentei aversão aos princípios espiritistas. Todavia, como as coisas mudaram, creio que preciso mudar, de algum modo.
Embora Fábio não tivesse simpatizado com o meu atrevido gesto, estava executado. E não me senti magoado com o seu retorcer de boca, gesto pelo qual expressou sua desaprovação. Sentia em mim uma incontida vontade de fazer qualquer coisa a bem da verdade em vista, um prazer em ser malcriado. De então para cá, posso dizer, se me fosse dado, revolveria o mundo... Pois sinto que o mundo nada num fétido mar de coisas e idéias desnaturadas. As convenções afogam o homem. E afogam porque não se ornam com as belezas da realidade, porque se dão apenas a cultivar o endosso dos conchavismos menos edificantes. Sendo a realidade uma, parece que se faz questão de invertê-la, só para ficar bem com o camarilhismo podre que explora uma situação e a própria humanidade.
— E quem não está aqui para servir? — redargüiu Mesquita, com aquele seu costumeiro e afável tom de solicitude.
— Desejava deixar que uns dias se passassem sobre a questão. Porque, sem dúvida, não é mais que algum erro meu considerar o fato pelo seu ângulo menos feliz.
— Mas há mesmo infelicidade?!... — inquiriu Mesquita, sorrindo.
Fabio tornou:
— Em um tom... Existem várias formas de infelicidade, não é exato?
— Sim — volveu Mesquita, observando-o bem — mas se é de fundo doutrinário o ato motivo, creio que deve expor o que lhe vai pela alma adentro. Em doutrina, como em tudo, há lei por base. E por lei, amigo, tudo se torna explicável.
Fábio caiu na meditação, vindo a mover a cabeça por algumas vezes. Em todo caso, e com forte torcida nossa, começou por dizer o que sentia, coisa que me pareceu tola no momento, mas que reconheço hoje, ter lá o seu mérito. Ademais, cada qual vê o mundo e os seus fenômenos assim como o seu estado de alma lhe permita e imponha. Só os grandes caracteres é que conseguem suplantar a força de uma injunção psicológica, por antepor-lhe os dardarejos contínuos de uma vontade férrea e inclinada à análise rigorosa. Os menos fortes cedem, mesmo sofrendo o peso da revolta que não toma posição para a defesa natural. E é triste cair em fiasco, conscientemente.
Fábio, enfim, disse suas coisas:
— Como sabe, amigo Mesquita, fui sincero devoto do Espiritismo na minha caminhada na carne. Fiz sessões, várias, para fins úteis. Creio que, se melhor não fiz, se mais puro não me dei a ser, se mais sabedoria não vivi, foi somente em virtude de íntimas insuficiências. Os triunfos do Espiritismo foram os meus triunfos; as mazelas, espontâneas ou propositais, provindas dos cultores menos conscientes da doutrina, constituíam as minhas dores de alma.
E enquanto Mesquita o observava sinceramente, e de minha parte aguardava o desfecho de uma tragédia que não apareceu jamais, continuou ele:
— Assim sendo, portanto, não poderia ter sofrido menos, ao constatar um fato digno de lástima, uma operação espiritual, como se diz por lá, que em si mesma não chegou a ser, embora tivesse tomado o aspecto exterior de sê-lo. Como isso me veio ao conhecimento, horas antes do meu desencarne, trago comigo a tristeza do fato... Sinto-me realmente compungido...
— Conte-me o caso — atalhou-o Mesquita, vivamente interessado.
E Fábio relatou:
— Certo amigo, sofrendo de há muito do estômago, procurou um médico. Este o mandou ao serviço de radiografia, sucedendo a constatação de uma úlcera. Com medo de uma operação material, e sabendo de oitiva das coisas que os espíritos vivem a fazer, nesse ramo de atividades do Espiritismo, procurou um senhor, de mim não conhecido, que faz sessões dessa ordem, submetendo-se a ser ali operado espiritualmente. E o foi, de fato, exteriormente. Mas só exteriormente!...
— Sabe dizer-nos o que ocorreu depois? — reclamou Mesquita.
— Piorou, foi internado, radiografado e operado de fato da úlcera, que lá estava inteirinha! Isso, amigo Mesquita, acabrunhou muito minhas últimas horas na carne, bem assim como me amargura agora. Creio que os espíritos não deviam agarrar a quem quer que seja e depois passar um pouco de iodo, para aparentar uma operação de fato. Quem mente em nome da Verdade se torna muito mais criminoso, não acha?
E com aquela expressão de mágoa, esperou por alguma resposta.
Mesquita primeiro encarou-o seriamente, depois deu-se a sorrir bondosamente para com o amigo. E brandamente explicou-lhe:
— Admira-me, que um homem experimentado das coisas do Espiritismo, assim como você é, deixe-se embair pela incompreensão das coisas. Então, Fábio, não sabe você que a muitos complexos a mais, que os acontecimentos de ordem essencialmente material estão sujeitos aos fenômenos de ordem espírita? Há espíritos de toda ordem, em competência e moral.
Há ambientes de todo o naipe fornecendo bom ou mau campo para realizações do plano astral. De qualquer forma, para todos os efeitos, deve-se levar em conta o relativismo do meio. Pois nem tudo podemos nós, nem podem oferecer tudo à vontade os do plano da carne. Além do mais, é notório, em certos casos há mesmo incompetência de ambos os lados. O relativismo hierárquico faz muita gente de nosso lado não saber usar o “sim sim” e “não não”, com a devida oportunidade e realeza.
— Os que não sabem disso dizem outras coisas... Ofendem a Verdade, por culpa de quem dela se diz arauto — ponderou Fábio inconformado, muito triste.
— Onde se deu isso? — quis saber Mesquita, evidenciando certo intento.
— A três quilômetros de minha casa, num bairro muito conhecido.
— Pois nós iremos ver isso. Pelo menos, Fábio, saberemos alguma coisa sobre o sistema que usam para trabalhar, quer os do nosso plano, quer os do plano da carne. Havendo erro, cumpre reparar na medida do possível.
Fábio levantou a cabeça e esboçou um levíssimo sorriso. Em surdina, inquiriu:
— Quando?
Depois de pensar algum tempo, Mesquita respondeu:
— Quando vocês dois estiverem em condições de fazer a viagem... Está bem?
Tornei-me presa de feliz comoção. E como me ia pela alma uma tremenda saudade dos familiares, fiz a minha petição:
— Gostaria, se fosse possível, de visitar os meus. Sinto um peso na alma, uma enorme vontade de os rever. A morte supera apenas o exterior...
— É muito natural. — anuiu Mesquita — E com isso, pense também, de sua parte, no relativismo em que se vive depois da morte. Não estamos nos planos alcandorados; estamos numa zona que é reflexo puro e simples da Terra dos encarnados. Uma duplicata levemente melhorada, mui levemente distinta. Todos os porquês da vida na carne, aqui repercutem de modo ainda forte.
— De certo modo sinto-me feliz, meu bom amigo. — disse-lhe eu — Vir para aqui já é muito mais do que ir para pior. Tendo paz relativa e bons amigos, isso já significa muito. Sou grato ao Supremo Senhor, pelo que me reservou.
E como ao dizer isso fizesse um gesto indicativo, com a cabeça e os olhos, para aquilo que chamamos o céu, eis que recebi dele uma feliz observação:
— Se pensou em Deus, de verdade, não deveria ter olhado para cima, desse modo. Deus não é pessoa e o céu não está lá em cima. Deixemos esses exteriorismos errôneos, essas idolatrias, para os encarnados, que dizem primeiro que Deus é Impessoal, Onipresente, e, depois, nos templos católicos, protestantes, espíritas, etc., ao dirigirem-se a Deus, querem como que furar os forros, os telhados, para verem o espaço infinito, povoado de mundos, com olhares tão piegas o quão simplórios. Deus está no íntimo de tudo e de todos, por ser o Estado Clássico, a Essência Primeira do Universo Geral. A Deus devemos falar, é claro, simples e puramente, sem pieguismos e nem medo, no templo de nossas consciências. Quem olha para longe, pois, perde a referência. Deus não é uma pessoa; Deus é a Vida em Si, com a Sua infinidade em Leis e Virtudes. Cada um de nós, e tudo o mais. Somos-Lhe partícula infinitesimal. A natureza, ou a Criação, é Deus manifesto.
Foi nessa hora, quando mais desejava ouvi-lo falar, que vieram buscá-lo com urgência. Só sei que lhe disseram, então:
— Chamam-no com urgência, na crosta. Dorival quer falar-lhe.
Ele, despedindo-se, partiu. Partiu, sumindo diante de nós. Eu e Fábio ficamos ruminando idéias, triturando conceitos e preconceitos. Uma tremenda vontade de fazer mil perguntas invade ao recém-desencarnado; mas, falta até mesmo o saber como articulá-las. E tudo se resumiu em pensar mais e falar menos.
— Que coisa é a evolução lenta do ser! — disse Fábio, quase num gemido.
— Eu só penso nos meus e nesse negócio de Espiritismo, de operações, de comunicações...
— Você já está vendo alguma coisa? Afinal, que é isto, sem ser um pouco daquilo que ele ensina? Aqui estamos, vivos depois da morte, recolhidos a uma região parecida com a Terra, inferior, mas de paz; e que dizer da continuidade da personalidade humana? Dos problemas humanos? Do plano mental e das realidades de ordem moral?
— O que mais me interessa é o contato com os que lá ficaram — disse-lhe.
— Leis regulam e determinam tudo — tornou ele, convicto.
— Ainda hei de falar aos meus, se Deus quiser.
— Mas não olhe para lado algum... — falou ele, mais bem humorado, lembrando a observação sábia de Mesquita — Ou então olhe para tudo, vendo Deus em manifestação ostensiva.
— Gostaria de avisar minha gente... Gostaria muito...
E nos chamaram para o almoço. Sim, para o almoço. Quem quiser pensar nas coisas deste lado, para fazê-lo bem, faça-o pela lei das duplicatas etéreas. O mais grosso ou denso, inferior e sofrível, desfaz-se em gamas rumo ao sublimado.











































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A SAGRADA E ETERNA SÍNTESE

PRINCÍPIO OU DEUS – Essência Divina Onipresente, Onisciente e Onipotente, que tudo origina, sustenta e destina, e cujo destino é a Reintegração Total. O Espírito e a Matéria, os Mundos e as Humanidades, e as Leis Relativas, retornarão à Unidade Essencial, ou Espírito e Verdade. Se deixasse de Emanar, Manifestar ou Criar, nada haveria sem ser Ele, Princípio Onipresente. Como o Princípio é Integral, não crescendo nem diminuindo, tudo gira em torno de ser Manifestador e Manifestação, tudo Manifestando e tudo Reintegrando. Eis o Divino Monismo.

ESPÍRITO FILHO – As centelhas emanadas, não criadas, contêm TODAS AS VIRTUDES DIVINAS EM POTENCIAL, devendo desabrochá-las no seio dos Mundos, das encarnações e desencarnações, até retornarem ao Seio Divino, como Unas ou Espírito e Verdade. Ninguém será eternamente filho de Deus, tudo voltará a ser Deus em Deus. Esta sabedoria foi ensinada por Hermes, Crisna e Pitágoras. Jesus viveu o Personagem Inconfundível de VERBO EXEMPLAR, de tudo que deriva do UM ESSENCIAL e a Ele retorna como UNO TOTAL. O Túmulo Vazio é mais do que a Manjedoura. (Entendam bem).

CARRO DA ALMA OU PERISPÍRITO – Ele se forma para o espírito filho ter meios de agir no Cosmos, ou Matéria. Com a autodivinização do espírito, ao atingir a União Divina, ou Reintegração, finda a tarefa do perispírito. Lentíssima é a autodivinização, isto é, o desabrochamento das Latentes Virtudes Divinas. Tudo vai aumentando em Luz e Glória, até vir a ser Divindade Total, União Total, isto é, perdendo em RELATIVIDADE, para ganhar em DIVINDADE.

MATÉRIA OU COSMO – A Matéria é Essência Divina, Luz Divina, Energia, Éter, Substância, Gás, Vapor, Líquido, Sólido. Em qualquer nível de apresentação é ferramenta do espírito filho de Deus. (É muito infeliz quem não procura entender isso).

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