REPONDO AS COISAS NO LUGAR
“Chegaria o tempo, portanto, de
darem os emissários do Plano Regente, início aos trabalhos
restauradores do batismo de Espírito, promessa do céu às brumas da
carne, segundo a alegoria de um trabalhador de nós muito conhecido.
Aquela realidade do Pentecostes, na sua função informativa,
volveria ao convívio dos homens. O plano astral teria, em modernos
Apóstolos, o meio de falar e incutir nas retentivas, os chamamentos
do Senhor. Aquele processo de reunião, tão bem indicado e cultivado
pelos Apóstolos fiéis, seria de novo culto dos cristãos de
verdade.”
“Roma teria de certificar-se, por
querer ou não, de sua insensatez, do seu adultério, do erro de suas
práticas. Depois de sujeitar, por séculos a fio, reis e povos ao
seu guante corruptor, como diz o Apocalipse, no seu capítulo treze,
iria deparar-se com o Batismo do Espírito, a Revelação, a
lembrar-lhe o montante de erros perpetrados, como forjadora de
premissas sanguinolentas, como cultora de perseguições à Verdade,
como fábrica de ignorantismo em geral, acima de tudo como propulsora
de incredulidades.”
“E como perdão não existe, mas
sim conferem os Poderes Superiores oportunidades de ressarcimento,
eis que se aproxima ao espírito de Judas, que tantos esforços havia
despendido em atos de regeneração nos primeiros séculos do
“Caminho do Senhor”, por sincero arrependimento, a oportunidade
de romper de vez os últimos elos que o prendiam ao estigma da
tremenda falta cometida, traindo o Mestre por entregar-se às
maquinações políticas, que então visavam libertar a Palestina do
jugo romano.”
“A ordem foi que volvesse ao plano
da carne, ao cadinho purgador que lhe caberia por turno, em virtude
de circunstâncias em que exercitara o delito. Veio e animou o corpo
de Joana D’Arc. Os colegas de outros tempos, pelas suas faculdades,
faziam-se ver e ouvir, segundo a forma das imagens dela conhecidas.
Um grande acontecimento temporal, portanto, preparou campo para uma
imensa evidência do plano astral, dos fenômenos mediúnicos e de
uma grande precisão de ressarcimento. O faltoso reequilibrou-se para
com a lei de Harmonia Universal; e o Plano Dirigente, tendo à testa
os indicados pelo Divino Mestre, compreendeu a inutilidade do choque
mediúnico, frente à monstruosidade do dogmatismo romano. A verdade
venceria, é certo, mas teria de avançar por escala. Todavia, com o
saldo deixado pelo serviço de Joana, outros louros seriam colhidos.
Nenhum sacrifício a bem da Verdade será inútil; no tempo e no
espaço, algum dia frutificará.”
“A volta do companheiro faltoso,
enobrecido por tão elevado testemunho dado agora, causou muita
alegria nos Planos Superiores da vida. O reconhecimento de Joana, do
processo usado e da reconquista de sua história, ou de suas vidas,
motivou lágrimas de grande contentamento, visões sublimes, bafejos
gloriosos, palavras amigas de Jesus. A soberania da lei de causa e
efeito, mais uma vez estava acima de todas as cogitações. O perdão
deve partir de uns irmãos para com outros, para que casos não sejam
apresentados ao Poder Equilibrador do Universo; porque, depois dos
casos terem-se dado, ninguém será eximido de culpa, liberto de
responsabilidade, a menos que passe pelo cadinho das provas e das
expiações. Na vida de Joana intervieram os três porquês, as três
razões por que um espírito volve à carne — missão, prova ou
expiação.”
“Missão, porque alguém tinha de
vir iniciar os trabalhos de restauração do Cristianismo; prova,
porque escolheu o programa e a ele sujeitou-se, correndo o risco de
falhar, em virtude da prevalecença do direito de livre-arbítrio; e
expiação, porque a lei cármica, ou de causa e efeito, não
passaria jamais, para que a falta fosse redimida, sem ser por ação
equivalente, ou mais certo, por reação proporcional.”
A nota interessante, para os nossos
ouvidos atentos e às nossas vidas deslumbrantes, foi a chegada, por
essa altura da perlenga, de maravilhoso vulto de jovem, envolta em
luzes verde-azulinas, radiantes, suavizadoras. O ambiente estremeceu
de júbilo, solidarizado com o espírito redimido... Não é possível
descrever cenas destas, com inteireza de narração. Coisas se passam
que transgridem a lei do convencionalismo, na qual nos achamos ainda
mergulhados, leis inibidoras, restritivas. Todavia, fica dito que os
pensamentos do pregador, que logo se tornavam dos assistentes em
geral, atraíam, de contínuo, vultos e maravilhosas visões. De onde
teria vindo aquele maravilhoso pregador? E o jovem avançava, depondo
sobre acontecimentos interessantes:
“Com a experiência de Joana, ficou
reconhecido que o fenômeno em si, sem a preparação do ambiente
intelecto-moral, nada poderia lavrar de sólido. E nos céus mais
elevados da Terra, nas zonas governantes, programas foram traçados.
Por isso é que o mundo chegou a conhecer, mais tarde, nos recessos
do dogmatismo truculento, perseguidor e assassino, as personalidades
de Wicliff e João Huss. Eram agora, os novos emissários, grandes
funcionários reformistas. Começavam pela reeducação doutrinária,
como convém a todo renovo cíclico de ordem qualquer.”
“Deveis ter lido sobre Wicliff e
João Huss, para que me seja dispensado deter-me sobre seus efeitos.
Demais, outras ocasiões tivemos, em que sobre tais reformadores
falamos. Semearam esses vultos, como é sabido, em terra hostil;
tremendas reações do clericalismo tiveram de suportar, tendo sido
Huss queimado numa fogueira, no século quinze.”
“E a campanha da Verdade contra os
erros prosseguiu; coube a Lutero, no século dezesseis, lançar mais
forças contra o maciço da corrupção vaticanícia. E não poderia
deixar de vencer, pois as bênçãos da Verdade, expressas na atuação
do Divino Mestre e seus imediatos, com ele estavam. Era mais um passo
rumo à eclosão mediúnica, que assim como o fenômeno do
Pentecostes, tinha de coroar a obra educativa lavrada em bases
mentais, em fundo preparatório. Tudo estava em preparo.”
“Em seguida a Lutero tivemos outro
grande reformador que foi Giordano Bruno. No seio do vaticanismo é
que agiu, até ser obrigado à fuga. Mais tarde, volvendo à terra de
nascimento, pagou com a vida o feito de ficar com o Evangelho. A
inquisição atirou-o às labaredas crepitantes de uma fogueira. Mas
a Verdade avançava.”
“Sobre essas preparações é que,
no início do século dezenove, volveu Huss à carne, arrastando
consigo a mais empolgante eclosão mediúnica da história. Era mais
um homem-símbolo a caracterizar um tempo de transição. O que fez
Huss reencarnando, vivendo a personalidade de Kardec, todos sabem. Em
todo caso, cumpria-se a palavra de Jesus, profetizando sobre a
restauração do Cristianismo. E faço notório que, tendo firmado
atenção nos vultos sínteses, nas figuras centrais, lembrados estão
todos os que formaram a coroa de auxiliares indispensáveis. Cada um
desses vultos foi acompanhado e seguido de milhares de servidores da
Causa da Verdade. E que mais teria a vos dizer? Muito, pois os
serviços estão em andamento. Com o Consolador radicado no seio
humano, lançando os germes da unificação do conhecimento da
Verdade, milhões de seres preparam-se para novas lutas contra o
reinado das trevas, enquanto outros milhões semeiam, espargem pela
carne toda os avisos edificantes do Batismo de Espírito, da promessa
do Senhor, pela qual banhou de sangue um lenho infamante; e à qual
homens infiéis um dia levantaram traição, corrupção, colocando
em seu posto, idolatrias e formalidades pagãs.”
“De Kardec para cá, de ordem da
manifestação do plano astral, muitas coisas hão sido ditas, muito
progresso doutrinário houve. Trabalhadores competentes nos variados
ângulos da Verdade Consoladora têm vindo à banca do mundo, prestar
seu concurso aos desígnios amoráveis e sábios do Senhor. E em que
pese nuvens negras levantarem-se nos horizontes do mundo temporal,
das políticas e seus choques, o Consolador fará o seu serviço de
indicar rumos eternos. Perdem-se aqueles que querem perder-se, depois
de a lâmpada ter sido manifestada e suas luzes dadivosamente
ofertadas.”
“Estamos em pleno tempo de ação
vigilante, criteriosa e amorável. Que os doces eflúvios do Divino
Mestre, por sobre todos jorre perenemente, quer aos planos da carne,
quer aos milhões de errantes trabalhadores astrais, que do mundo
maior guiam e orientam nossos passos, na senda que de mais alto o
Mestre indica. Está terminada a palestra de hoje. Oremos,
agradecendo aos Soberanos Poderes da Vida, por mais esta oportunidade
de trabalho, rogando, outrossim, jamais o que fazer nos falte.”
Aquele pedido aos jorros benditos foi
atendido; mais tarde, amigos que me estais lendo, sabereis como são
tais jorros de santificantes eflúvios. Fraquíssima seria minha
exposição. Debilíssima minha palavra, para relatar coisas assim. O
que posso é fazer figuração, alegoria talvez exata demais, dizendo
que o céu como que descia em forma de luzes divinas sobre nós, num
misto de sons e imagens das elevadas regiões, de onde naturalmente
provinham. Os céus abençoaram a fala de um homem.
Eu
não sei até onde aqueles oito seres encarnados poderiam supor, o
que ao seu redor ocorria. Mas sei que todos brilhavam, cada qual a
seu modo, segundo seu grau de evolução, que quer dizer
identificação com o Sagrado Princípio Interno, que é a Causa de
todos os Efeitos. Porque, em verdade, tudo é questão de despertar a
santidade ingênita, intrínseca, aquele céu interno de que Jesus
Cristo tanto fez recomendação. Nós somos destinados a refletir a
Luz Divina que em nós é Base Fundamental. Mas isso não se consegue
com os farandolismos exteriores e nem com as posturas intelectuais
supersticiosas. É à custa de subir na escala do Conhecimento e do
Amor vividos, na vida de relações. Lambetismos religiosistas de
nada valem; o que é preciso é Religião-Pura, cada vez mais
identificação com a Verdade Fundamental, que não vem de fora,
porque está dentro de tudo e todos, porque é Deus, a Essência
Divina do Universo, de quem somos emanação.
A debandada espiritual foi
maravilhosa. Coriscos vivos, a emitir harmoniosos sons e fulgurações
coloridas, invadiam os espaços em todas as direções. E nós
seguimos, também, rumo à nossa região-moradia. Quando chegamos ao
domicílio de Mesquita, ele ali se achava a palestrar com Fábio e
dois outros senhores, de mim não conhecidos. Inquirido sobre o que
ouvira, disse aquilo que minha alma sentia, aquilo que o meu coração
vivia. Eu não seria capaz de supor, de forma alguma, que uma reunião
de encarnados pudesse tanto em repuxos de luz, e acordes superiores.
E tenho por certo que a estada do Cristo, pelos Seus imediatos e em
capacidade de influências, está mesmo com aqueles que para cuidar
das Verdades Eternas se reúnem, assim como prometeu nos dias de Sua
passagem pela carne.
E notava a mim mesmo, que crescia em
poderes, a cada manifestação dessas a que me facilitavam assistir.
Era como um aprendizado vivo, uma como absorção de poderosas forças
celestiais, que brotavam de dentro, menos certo não é que vinham
pela canaleta dos auxílios fraternos, da maestria de superiores
irmãos, quer da carne, quer das esferas celestes. Do fundo de minha
alma enternecida, agradeço ao Senhor dos Mundos, a Jesus e Seus
servos, por tudo quanto tenho herdado. E se minha palavra se apaga em
face da imensidade da gratidão que sinto, peço me sejam dadas
oportunidades de a outros servir, para que aquilo que em obras me
conferiram, em penhores de ação fraterna possa ser distribuído.
Para que assim como senti eu o prazer da Luz Interna, por injunção
do puro fraternismo, assim também possam outros vibrar, à certeza
de que Deus nos quer simples e amorosos.
ÍNICIO - CAPA
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